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Depois de o ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmar, em audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, que a crise aérea é conseqüência de um problema de gestão do controle de tráfego aéreo, e de o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, admitir que realmente há uma crise, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que não vê crise no setor aéreo, já que as empresas esperam crescer cerca de 18% neste ano. Segundo Zuanazzi, o setor viveu uma crise entre 1995 e 2003 e, a partir de 2004, o sistema está se recuperando.

- A crise do transporte aéreo brasileiro está longe de ser uma crise. Neste ano, a indústria vai crescer 18%. As empresas investiram entre o ano passado e agora R$ 3,4 bilhões. Elas estão apostando é no crescimento, e não em paralisações - afirmou.

Durante sua apresentação na audiência pública, o ministro Waldir Pires também reconheceu que é preciso aparelhar melhor o sistema e contratar mais pessoal. Para ele, é preciso encontrar saídas políticas para a crise. Segundo ele, o governo está aberto ao diálogo e busca uma solução negociada com os controladores.

- É através da política que resolvemos os impasses da nossa sociedade. Todas as vezes que nós tentamos resolver fora da política, determinamos retrocessos à vida desse país. Eu os vivi. Também quero transformações, luto por elas - afirmou.

Aeronáutica

Já o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, disse que o sistema brasileiro de controle de tráfego aéreo é confiável e negou que os equipamentos sejam obsoletos. Em nenhum momento de sua apresentação inicial aos deputados, o militar mencionou a palavra crise.

Saito aproveitou para fazer uma apresentação do sistema integrado de defesa e controle do tráfego aéreo e disse que foram investidos R$ 2 bilhões no setor entre 2001 e 2007. O comandante disse que a grande preocupação das autoridades é com pessoal e defendeu um salário digno para os servidores.

Defendendo Lula

Durante sua apresentação, o ministro Waldir Pires defendeu a intervenção de Lula na negociação com os controladores - que haviam decidido cruzar os braços - por meio do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo ele, Lula agiu com a legitimidade de quem é o comandante supremo das Forças Armadas e depois passou as "rédeas" da situação para o comandante da Aeronáutica.

- Quando o presidente da República assume o comando supremo das Forças Armadas, assume com a responsabilidade do mandato oriundo de cada um dos cidadãos do Brasil. E por isso é a mais alta voz. Quando o presidente da República assume posição, ele assume como titular da soberania popular que lhe confere a soberania nacional - disse.

Numa resposta aos críticos a sua gestão, Waldir Pires disse que sabe de suas responsabilidades por ter sido escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da da Silva para comandar o setor, mas observou que sua atuação é pautada pelo respeito às instituições e à Constituição.

- Sei os limites de minha atribuição. Estão na lei - disse.

Pesquisa

Maior dor de cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde as eleições, a crise do setor aéreo parece não ter afetado a avaliação de seu governo neste segundo mandato. Cerca de 25% dos entrevistados da mais nova pesquisa CNT/Sensus, divulgada nessa terça-feira, considerarem que a responsabilidade pelo caos nos aeroportos é do Governo Federal, sim. Mesmo assim, a avaliação do desempenho geral do governo Lula melhorou 5,9 pontos percentuais em relação a agosto de 2006, passando de 43,6% para 49,5%.

Desafios

O novo desafio do governo Lula é a ameaça dos controladores de vôos de pedir baixa coletiva diante dos problemas do setor aéreo. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA), Wellington Rodrigues, um grupo de pelo menos 50 profissionais que atuam no Cindacta-1, em Brasília, já fala em deixar os cargos. A entidade, segundo ele, é contrária a essa decisão.

Além disso, a demora do Supremo Tribunal Federal (STF) em analisar o mandado de segurança da oposição solicitando a instalação da CPI do Apagão na Câmara , onde o governo Lula dispõe de uma maioria confortável, levou as cúpulas do PSDB e do Democratas a cogitar nesta terça-feira a criação de uma outra CPI, só que no Senado, para investigar o mesmo assunto.

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