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Movimentação na sede da PF de Curitiba, que concentra as investigações: maioria dos presos chegou na madrugada de sábado | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Movimentação na sede da PF de Curitiba, que concentra as investigações: maioria dos presos chegou na madrugada de sábado| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Envolvimento de empreiteira aumenta suspeita sobre Roseana

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), é investigada por suspeita de receber propina para que o governo do estado antecipasse o pagamento de um precatório de R$ 120 milhões às construtoras UTC/Constran. A UTC é uma das empreiteiras envolvidas na nova fase da Lava Jato. O acordo teria sido intermediado pelo doleiro Alberto Youssef e foi descoberto durante as invetigações do caso. Pela suspeita de envolvimento da governadora, o caso foi retirado do processo e remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em função de ela ter foro privilegiado como governadora. Na sexta-feira, o governo do Maranhão negou que Roseane conhecesse ou tivesse estado com Youssef.

O doleiro foi preso em março quando estava em São Luís (MA) para supostamente pagar a propina em dinheiro, segundo suspeita da PF. No despacho que autorizou a nova fase da Operação Lava Jato, o juiz da 13.ª Vara Federal do Paraná, Sérgio Moro, escreveu ver com "estranheza que empreiteira utilize os serviços de Alberto Youssef, especialista em lavagem de dinheiro, para negociar precatório com o governo estadual".

  • Roseana: precatório suspeito

Estratégia do Planalto será tentar isolar Dilma do caso. Para isso, quer que partidos e envolvidos assumam suas responsabilidades

Vinte presos na nova fase da Operação Lava Jato foram transferidos para a carceragem da Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) em Curitiba na madrugada do sábado. Como a maioria deles está sob regime de prisão temporária, que tem prazo de duração só até a próxima terça-feira, a PF passará este fim de semana colhendo os depoimentos dos suspeitos. Paralelamente, advogados dos suspeitos tentariam obter a soltura dos clientes por meio de pedidos de habeas corpus ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).

A expectativa da PF era de que a transferência de 16 detidos para a PF de Curitiba ocorresse ainda na noite de sexta-feira. Mas o avião da polícia que trazia os detidos teve problemas técnicos no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e a viagem teve de ser temporariamente adiada. Além disso, outros quatro suspeitos se apresentaram à sede da PF na capital paranaense. Até o fechamento desta edição, ainda havia cinco pessoas envolvidas no caso consideradas foragidas.

A nova fase da Lava Jato atinge principalmente executivos de grandes empreiteiras do país que têm contratos com a Petrobras, além do ex-diretor da estatal Renato Duque, ligado ao PT. A ação investiga um esquema de desvio de recursos para políticos e partidos que apoiam o governo – sobretudo o PT, o PMDB e o PP.

Impacto em Brasília

Temerosos da abrangência da Operação Lava Jato, integrantes do PT e do PMDB avaliam que a situação do governo de Dilma Rousseff fica mais ainda fragilizada diante das turbulências que já enfrenta na economia e na relação com o Legislativo.

O Planalto tentará manter Dilma isolada do caso. Para isso, o governo espera que os seus principais apoiadores assumam, cada um, as responsabilidades por eventuais irregularidades na estatal, sem deixar tudo na conta do Planalto. PT e PMDB, principais aliados do governo, indicaram pelo menos dois alvos da Polícia Federal: Renato Duque, ex-diretor da Petrobras que teria ligações com o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil); e Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na estatal.

Mas as primeiras manifestações foram no sentido contrário. O PMDB negou que Fernando Baiano seja ou tenha sido interlocutor do partido. E a assessoria de José Dirceu negou ontem que o ex-ministro tenha indicado Renato Duque para a Petrobras.

Já a oposição pretende pedir, na CPI Mista da Petrobras, a convocação de Renato Duque e do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto – também suspeito de envolvimento no esquema investigado pela Lava Jato.

Ex-diretor da Petrobras teria contas na Suíça

Da Redação, com agências Reportagem de ontem do jornal O Globo informou que o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras Renato Duque, preso na sexta-feira na nova fase da Operação Lava Jato, é acusado de receber propina por contratos celebrados na companhia e de ter contas na Suíça para guardar o dinheiro desviado. Segundo a reportagem, pelas investigações, um subordinado dele, o ex-gerente Pedro Barusco, recebeu cerca de US$ 100 milhões (R$ 260 milhões). Barusco não foi preso porque está colaborando com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). O valor das contas de Duque ainda não é conhecido.

No relatório enviado pelo MPF à Justiça do Paraná, as acusações contra Duque estão balizadas em depoimentos de dois executivos da Toyo Setal que fizeram acordo de delação premiada. Julio Camargo e Augusto Ribeiro contaram como funcionava o cartel dos fornecedores da Petrobras. O relatório do MPF cita nove obras da Petrobras nas quais houve desvios de recursos. Em sete delas os delatores contaram ter pago propina a Duque e Barusco. Registram ainda que, no caso de Barusco, já há um bloqueio feito na Suíça de mais de US$ 20 milhões (R$ 52 milhões) por autoridades daquele país. Ribeiro contou ter negociado com o próprio Duque o pagamento de mais de R$ 50 milhões em propina.

"Que o declarante negociou o pagamento da propina diretamente com Renato Duque e acertou pagar a quantia de R$ 50 [milhões] a R$ 60 milhões, o que foi feito entre 2008 a 2011", registra trecho do depoimento anexado pelo MPF. Ribeiro disse que havia um cartel de fornecedores, chamado de "Clube", que acertava previamente quem venceria cada licitação e as propinas a serem pagas.

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