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Duas cidades que estão lado a lado revelam as desigualdades presentes na região metropolitana. Araucária, com população estimada em 114.648 e orçamento anual de R$ 354 milhões faz divisa com Fazenda Rio Grande, população estimada em 86.609 e orçamento anual de R$ 34 milhões. Araucária arrecada em um mês quase o mesmo valor que Fazenda Rio Grande tem o ano inteiro para dar conta de todos os serviços públicos.

O prefeito de Araucária é citado com um tom quase de inveja pelos outros prefeitos da grande Curitiba. Todos comparam a situação do município com o de Araucária. "Se algumas cidades, como Araucária, recebem em ICMS para poluir, queremos receber para preservar o meio ambiente", diz o prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha.

Fazenda Rio Grande é quase uma cidade isolada. Cortado pela BR-476 (antiga BR–116) com pista única, município não tem trevo de acesso. Para entrar nas ruas, é preciso atravessar picadas cortadas nas margens da rodovia.

Ele diz que tenta atrair novas empresas para a cidade, para gerar maior recolhimento de Imposto sobre Circulação de Mecadorias e Serviços (ICMS), mas tem dificuldades. "Temos indústrias pequenas. Mas as grandes não vêm porque há dificuldade de infra-estrutura e de acesso à cidade", diz o prefeito Antônio Wandscheer.

Com a falta de empresas, a cidade não consegue oferecer muitas opções de emprego. Perto de 25% dos habitantes saem de Fazenda Rio Grande todos os dias para trabalhar em Curitiba ou Araucária. É o caso do matalúrgico Cícero Augusto da Silva, empregado da Volvo, em Curitiba. "A cidade cresceu, mas aqui ainda não há muitos lugares para trabalhar. As empresas daqui pagam bem menos", diz o metalúrgico que sai de casa todos os dias às 6h50 para o ofício.

Fazenda Rio Grande tem oito postos de saúde com 16 médicos, em uma média de um médico para atender 5.413 habitantes. Escolas municipais são 15, menos que a metade da vizinha, Araucária.

Arrecadação

Araucária tem o orgulho de dizer que produz, sozinha, aproximadamente 20% do total de ICMS arrecadado no estado. A refinaria Getúlio Vargas (Petrobrás), as metalúrgicas Guaíra, CSN e Gerdau são algumas das maiores indústrias da região. A cidade consegue atender com a rede de saúde e educação quase toda a população e um hospital está sendo construído pelo município para dar conta da demanda dos internamentos e consultas especializadas.

Mas nem tudo "são flores", segundo o prefeito de Araucária, Olizandro José Ferreira, que afirma que não tem motivos para ser invejado. "Nosso orçamento cresceu, mas ao mesmo tempo cresceu o custo da máquina. Araucária banca a educação de 5.ª a 8.ª que deveria ser de responsabilidade do estado, temos o maior número de médicos em proporção ao número de habitantes. Como conseqüência, 1% da população é funcionário da saúde. Nas gestões anteriores, a máquina foi crescendo sem planejamento e hoje não tenho sobra de orçamento", afirma o prefeito. O município tem 5 mil funcionários e destes, 1.300 são da área da saúde. Do total arrecadado com ICMS, apenas 5,8% ficam no município e o restante vai para o estado.

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