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O príncipe Andrew Albert Christian Edward, da família real britânica, irmão do príncipe Charles e Duque de York, desafiou a pontualidade britânica e chegou com pelo menos meia hora de atraso ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (a 91 km de São Paulo), no Vale do Paraíba, onde assistiu à assinatura de um protocolo de intenções entre os governos britânico e brasileiro para cooperação científica. Andrew é representante especial do Reino Unido para comércio e investimentos internacionais.

O acordo foi assinado do lado brasileiro pelo Inpe, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e do lado britânico, pelo Rutherford Appleton Laboratory (RAL), que representa o Science Technology Facilities Council (STFC), equivalente ao MCT brasileiro. A parceria será voltada principalmente ao monitoramento ambiental e previsão metereológica a partir de satélites.

O coordenador de gestão científica e diretor substituto do Inpe, João Braga, explicou que o Reino Unido está interessado nos satélites de porte médio chamados de plataforma multiemissão fabricados pelo Brasil. Os britânicos, que só têm satélites de grande porte, querem instalar suas câmeras em equipamentos menores e mais versáteis, que possuem mais recursos para monitorar o meio ambiente a partir do espaço. Braga admite até a possibilidade de o Brasil vender esses satélites aos ingleses - uma oportunidade de negócio importante para a indústria brasileira. O Brasil também é um importante detentor de tecnologia para acompanhamento de tempo e clima.

A pauta dos britânicos também é colaborar para encontrar soluções contra o aquecimento global e eles admitem interesse especial na Amazônia. O embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Colecott, defendeu a colocação de mais torres de controle na Amazônia para observar e dar mais detalhes dos modelos de clima. Os britânicos querem também acompanhar de perto as mudanças físicas na floresta, retirada de madeira, queimadas e desenvolvimento da agropecuária na região. "A floresta amazônica tem impacto muito grande no clima global", justificou.

Esses assuntos serão tema de um workshop que será realizado por britânicos e brasileiros em novembro deste ano, no Brasil. O diretor de Ciência e Tecnologia Espacial do RAL/STFC, Richard Holdaway, afirmou que o debate sobre a Amazônia certamente fará parte da pauta. Holdaway acrescentou que um dos objetivos da parceria é transferir para o Inpe parte dos 45 anos de experiência acumulados pelo laboratório britânico.

Segundo Braga, Andrew ficou "impressionado e surpreso" com o grau de sofisticação do Inpe. Chamaram atenção do príncipe especialmente as câmeras desenvolvidas pelo Brasil para monitoramento da superfície terrestre. Vestido com jaleco azul que os visitantes são obrigados a usar para entrar os laboratórios, Andrew visitou a área de montagem de satélites e deu uma curta declaração ao final da cerimônia de assinatura do protocolo.

"Reino Unido e Brasil têm cooperação em todas as áreas. Isso é um exemplo. Desejo muito sucesso a essa iniciativa e espero ainda mais no futuro", afirmou. Pouco antes de o príncipe terminar o curto discurso, uma das portas basculantes do laboratório abriu-se repentinamente e logo surgiu um automóvel Mercedes-Benz azul marinho para transportar o hóspede de volta a São Paulo.

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