O uso político dos cargos da área de habitação é uma prática comum em todo o país, segundo o cientista político Sérgio de Azevedo, especialista na área habitacional. De acordo com ele, a área de habitação é uma das mais atraentes para políticos interessados em usar a máquina do Estado em interesse próprio.
Para Azevedo, o déficit habitacional brasileiro torna a casa própria um bem extremamente disputado, o que reforça o apetite dos políticos pelos cargos públicos do setor. Com a alta demanda por casas populares, um cargo de gestão numa companhia de habitação é de grande valia para um político e seus aliados.
"É um problema que não se resolve facilmente. O político está em campanha permanente. E ter controle sobre esses recursos críticos é muito importante", comenta Azevedo.
Ele explica que, ao poder definir quais regiões serão beneficiadas com programas de habitação, o gestor reforça suas chances de conseguir mais votos nas próximas eleições. Trata-se também de um bem caro para o cidadão, mas relativamente barato para os governos ou seja, um meio eficaz de agradar o eleitor.
Mão dupla
Azevedo diz que se trata de uma via de mão dupla: os políticos se sentem atraídos pelo controle dessas áreas porque a população vota em candidatos que tragam melhorias concretas para a comunidade. "Os políticos não são marcianos, eles dançam conforme a música", diz.
Além disso, existe o valor simbólico da moradia. "A casa própria tem um significado diferente para os setores mais populares", explica Azevedo. De acordo com ele, ter uma casa traz um sentimento de segurança financeira para a população mais pobre. Trata-se de um bem que pode ser de grande valia em uma situação inesperada a propriedade se torna uma espécie de seguro para o morador.
Outros estados
O problema não é exclusivo do Paraná: em todo o Brasil, afirma Azevedo, as políticas habitacionais estão intimamente ligadas a interesses eleitorais, em todos os níveis. O grau, no entanto, varia conforme a região. Por exemplo: no Rio Grande do Sul, o grau de interferência política de prefeitos e parlamentares nas políticas de habitação do estado é menor do que no Rio de Janeiro, diz ele.
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