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André Vargas: acusado de ter intermediado negócios do doleiro Alberto Youssef com o governo federal | Antonio More/ Gazeta do Povo
André Vargas: acusado de ter intermediado negócios do doleiro Alberto Youssef com o governo federal| Foto: Antonio More/ Gazeta do Povo

Cronologia

O processo contra André Vargas tramita há sete meses na Câmara dos Deputados. Confira como ele se desdobrou:

7 de abril – PSDB, PPS e DEM entram com uma representação por quebra de decoro parlamentar contra André Vargas, então vice-presidente da Câmara e filiado ao PT. O processo é desencadeado pelas ligações de Vargas com o doleiro Alberto Youssef, preso em fevereiro na operação Lava Jato.

16 de abril – Vargas renuncia à vice-presidência da Câmara.

22 de abril – 15 dias após a representação chegar ao Conselho de Ética, o relator Júlio Delgado (PSB-MG) apresenta parecer preliminar favorável à continuidade do processo. Os deputados Zé Geraldo (PT-PA) e José Carlos Araújo (PSD-BA) pedem vista e adiam votação.

25 de abril – Vargas se desfilia do PT.

29 de abril – Por unanimidade (13 a 0), o Conselho de Ética aprova a continuidade da representação. Apenas um petista participa da decisão, Fernando Ferro (CE). O PT tem a maior representação no órgão (três titulares e três suplentes).

5 de agosto – Júlio Delgado apresenta parecer final recomendando a perda de mandato de Vargas no Conselho. A votação é adiada por pedido de vista dos deputados Sibá Machado (PT-AC), Zé Geraldo (PT-PA), Izalci Ferreira (PSDB-DF) e Rosane Ferreira (PV-PR).

20 de agosto – O relatório final é aprovado pelo Conselho.

27 de agosto – Vargas recorre à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra decisão do Conselho. Um dia depois, a ação passa a trancar a pauta da CCJ, que não pode apreciar qualquer outra proposta até tomar uma decisão sobre o caso.

1.º de setembro – Relator do recurso, Sérgio Zveiter (PSD-RJ) apresenta voto contra o pedido de Vargas.

8 de outubro – Dois dias após o primeiro turno das eleições, a CCJ realiza a primeira sessão para apreciar o recurso. Nessa e nas duas reuniões seguintes a comissão não consegue o quórum mínimo de 34 parlamentares para dar início à votação. O PT tem a maior representação na comissão (11 titulares e 11 suplentes).

29 de outubro – CCJ reúne quórum, mas a votação é adiada por pedido de vista de José Mentor (PT-SP).

4 de novembro – Mentor apresenta voto em separado que, se aprovado, fará o processo regressar ao Conselho de Ética. A votação é adiada por falta de quórum.

5 de novembro – O presidente da CCJ, Vicente Cândido (PT-SP), aceita pedido da defesa de Vargas e cancela a reunião, que é remarcada para hoje.

A comissão permanente mais importante da Câmara dos Deputados está com a pauta trancada por um recurso contra a cassação do paranaense André Vargas (sem partido) desde o dia 28 de agosto. A apreciação do caso pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi adiada seis vezes consecutivas nos últimos 33 dias. Em quatro oportunidades o atraso foi provocado pela falta de quórum e em outras duas por intervenções de parlamentares petistas.

Enquanto não há deliberação sobre o recurso, outras 171 propostas legislativas aguardam na fila da CCJ. Cinco delas já passaram pelo Senado e têm prioridade – a começar pelo projeto de lei que isenta o aposentado por invalidez de se submeter a exame médico-pericial após completar 60 anos. A CCJ é responsável pela análise constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa dos projetos em tramitação na Câmara. Além disso, avalia a admissibilidade das propostas de emenda à Constituição.

Doleiro

Vargas é acusado de favorecer o doleiro Alberto Youssef em negócios com o governo federal. Youssef é pivô de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e está preso desde março em Curitiba.

A ligação entre Vargas e o petista motivou PSDB, DEM e PPS a ingressar com uma representação por quebra de decoro contra o parlamentar. O processo começou a tramitar em abril. No dia 20 de agosto, o Conselho de Ética aprovou relatório que recomenda a cassação do mandato do deputado, que renunciou à vice-presidência da Câmara e pediu desfiliação do PT no período.

O processo seguiria para o plenário, que teria a palavra final sobre o caso, mas a defesa de Vargas recorreu da decisão à CCJ. O relator do recurso, Sérgio Zveiter (PSD-RJ), apresentou parecer contra o pedido do ex-petista no dia 1.º de setembro. Por causa do período eleitoral, o presidente da comissão, Vicente Cândido (PT-SP), só convocou sessão para votar o parecer em 8 de outubro, dois dias após o primeiro turno.

Nessa sessão e nas duas seguintes (15 e 28 de outubro) não houve quórum mínimo de 34 deputados para votações na CCJ. No mesmo dia 28, contudo, 258 deputados compareceram ao plenário para derrubar o decreto da presidente Dilma Rousseff que estabelecia a criação dos conselhos populares. A votação foi a primeira derrota legislativa de Dilma após a reeleição.

Quando a CCJ conseguiu reunir o número mínimo de membros, no dia 29, a decisão foi adiada novamente devido a um pedido de vista de José Mentor (PT-SP). A votação foi transferida para o dia 4 de novembro, quando novamente não houve quórum. O presidente da comissão, Vicente Cândido (PT-SP), remarcou a sessão para o dia seguinte, mas acabou cancelando a votação a pedido da defesa de Vargas.

O advogado do ex-petista, Michel Saliba, disse que tinha um compromisso inadiável e a sessão acabou novamente remarcada para hoje à tarde. "O que o André [Vargas] quer é apenas o direito de ser ouvido adequadamente e se defender no Conselho de Ética", argumenta Saliba.

Da bancada do Paraná, só uma deputada esteve em todas as sessões da CCJ

A falta de quórum que derrubou quatro sessões da CCJ sobre o recurso de André Vargas foi inflada pela ausência de deputados paranaenses. Nove representantes do estado são membros da CCJ (dois titulares e sete suplentes). Apenas a suplente Rosane Ferreira (PV) compareceu a todas as reuniões frustradas, previstas para os dias 8, 15 e 28 de outubro e 4 de novembro.

Andando

O titular Eduardo Sciarra (PSD) esteve na segunda e na última sessão adiada. O suplente Dilceu Sperafico esteve na terceira. O outro titular da bancada paranaense, Osmar Serraglio (PMDB), não marcou presença em nenhuma. Ele admite que esteve na Câmara durante a maioria das datas em que houve sessões da CCJ, mas que diz não foi à comissão porque esperou pelo quórum mínimo. "Normalmente eu fico andando de um lado por outro entre as comissões e aguardo que a minha assessoria me informe quando dá quórum para aí sim comparecer", justifica o peemedebista. A CCJ tem 66 titulares e 66 suplentes. O quórum mínimo para começar uma sessão é de 34 deputados, indiferentemente de serem titulares ou suplentes. A presença dos suplentes, contudo, não é obrigatória.

Sem explicações

"Não sei explicar que tipo de acordo está acontecendo, mas é muito estranho essa falta de quórum se repetir tantas vezes", diz Rosane. Completam a lista de ausentes do Paraná, todos suplentes da comissão: Dilceu Sperafico (PP), Edmar Arruda (PSC), Fernando Francischini (SD), Sandro Alex (PPS), Odilio Balbinotti (PMDB) e Ratinho Júnior (PSC).

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