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Conheça os detalhes da mansão do traficante colombiano Chupeta

A casa em que morava o traficante Juan Carlos Ramirez-Abadía, o Chupeta, preso pela Polícia Federal na madrugada de terça-feira (7), é confortável e equipada. A mansão, que fica em um condomínio de luxo em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo, é avaliada em mais de R$ 2 milhões, segundo a Polícia Federal.

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Traficante Abadia passou por pelo menos três cirurgias plásticas

Juan Carlos Ramirez-Abadia, um dos traficantes mais procurados do mundo, usava várias identidades no Brasil e, para não ser descoberto, fez pelo menos três cirurgias plásticas no rosto.

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O traficante Juan Carlos Ramirez Abadía deverá ser extraditado para os EUA, mas o processo promete ser complicado e demorado, segundo especialistas consultados. Ele foi preso na terça-feira em um condomínio de luxo na Grande São Paulo. Abadía, um dos traficantes mais procurados pelos Estados Unidos, é apontado como chefe do Cartel Norte Del Valle, o maior cartel colombiano atualmente. O colombiano responde por mais de 300 assassinatos e foi preso em uma ação da PF, a Operação Farrapos, para o controle do tráfico de drogas.

De acordo com a advogado Maurício Silva Leite, do escritório Leite, Tosto e Barros, o acordo entre o Brasil e os Estados Unidos para extradição de presos admite várias interpretações. Para um criminoso ser extraditado para os EUA, de acordo com o criminalista, o acordo prevê que haja prova da culpa dos crimes que pesam sobre ele no exterior. E caso a Justiça brasileira resolva exigir a conclusão de cada crime o processo pode levar anos. Pela lei brasileira, uma pessoa somente pode ser considerada culpada quando o processo transitou em julgado, ou seja, quando o réu foi condenado em última instância e não há mais possibilidade de recurso.

De acordo com Leite, a Justiça brasileira também pode negar o pedido de extradição se o país para onde ele for enviado tiver pena de morte. O ministro Eros Grau, do STF, relator do processo, também pode determinar a extradição com uma condicional que proíba a aplicação da pena de morte ao acusado. A outra possibilidade é extraditar sem a exigência de que ele não seja morto.

No último dia 2, o governo norte-americano entregou ao Supremo um Pedido de Prisão para Extradição (PPE), autorizado por Grau no dia 3. O ministro espera agora que a Polícia Federal de São Paulo envie o inquérito contra Abadía e mais 13 presos para decidir o destino do traficante. A defesa do traficante ainda pode recorrer ao Supremo com um pedido de habeas corpus.

Caso fique no Brasil, Abadía responderá apenas pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha e ficará preso somente se a Justiça decidir que ele deverá aguardar a conclusão do processo na cadeia.

Abadía saiu ilegalmente da Colômbia e chegou ao Brasil pela costa do Ceará. De lá, viajou de carro para São Paulo. Abadía estava escondido em uma casa de luxo em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo. Ele foi surpreendido enquanto dormia. No local, a polícia apreendeu quase R$ 2 milhões em dinheiro, sendo US$ 544 mil, 250 mil euros e R$ 555 mil. A maior parte do dinheiro estava escondida em caixas de alto falante. O colombiano confessou à polícia que trouxe ao Brasil quase US$ 16 milhões em dinheiro.

O delegado Fernando Franchiscini disse que a quadrilha de Juan Carlos Abadía era monitorada há pelo menos dois anos e adiantou a operação com receio de que ele fugisse. O delegado informou ainda que contou com informações do departamento americano de combate ao tráfico (DEA) que levaram à localização do criminoso, há cerca de 15 dias.

O DEA estima que Abadía tenha movimentado, nos últimos 10 anos, US$ 1 bilhão com o tráfico, graças a uma rede própria de distribuição nos Estados Unidos.

O mapeamento da ação da quadrilha, realizado nos últimos dias, ainda permitiram a prisão de outros 13 integrantes da rede. Ao todo, foram emitidos 17 pedidos de prisão, sendo que 13 foram cumpridos no Brasil. Os outros quatro procurados, segundo a Polícia Federal, devem estar na Colômbia.

As prisões ocorreram nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A polícia afirmou que a droga não vinha para o Brasil. O delegado explicou que a droga saía da Colômbia e ia para a Europa e Estados Unidos. O lucro obtido com a venda saía da Europa pela Espanha e dos Estados Unidos, via México. Em seguida, ia parar nas mãos de laranjas no Uruguai. Ainda segundo as informações, o dinheiro chegava às mãos de Abadía, no Brasil, de forma aparentemente legalizada, por meio de empresas de exportação e importação e "off shore".

O papel de Abadía era gerenciar, mesmo à distância, a distribuição de cocaína e heroína nos Estados Unidos e Europa. Para lavar o dinheiro, Abadía tinha várias empresas no Brasil, em nome de laranjas. Ele comprava e vendia imóveis, carros, lanchas e possuía uma fazenda em Minas Gerais e outra no Rio Grande do Sul. Essa última era dedicada à piscicultura.

De acordo com a polícia, Abadía quase não saía de suas mansões. Quando precisava se deslocar, inclusive para cirurgias plásticas, ele contava com um aparato de segurança. Com o traficante, foram apreendidos vários documentos falsos, que eram usados para despistar a polícia. Ao ser preso, pediu para não ser extraditado. Segundo a polícia, Abadía passou por pelo menos três cirurgias plásticas no rosto para tentar fugir da polícia.

A Polícia comparou Abadía ao lendário traficante Pablo Escobar , líder do cartel de Medellin, na Colômbia. Segundo o delegado da PF, Fernando Franchiscini, Abadía, conhecido como Chupeta, guardava as mesmas características de Escobar, ajudando os camponeses da região - até hoje, 14 anos após a morte de Escobar, parte da população pobre de Medellin ainda lembra do traficante mais famoso do mundo como herói.

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