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Um grupo de professores da rede estadual de ensino que trabalha no município de Quatro Barras – região metropolitana de Curitiba – se indignou ao receber, durante treinamento nos núcleos educacionais antes do início das aulas, nesta semana, um texto de "Introdução às Diretrizes Curriculares", que exalta o governo Roberto Requião e faz críticas à gestão anterior. O material está assinado por Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde, superintendente da Secretaria de Estado da Educação.

O texto afirma, na página dois, que "a escola pública do Paraná sobreviveu a este desgoverno (referindo-se às políticas neoliberais), de políticas equivocadas em relação ao sistema educacional e sua própria rede escolar, no período de 1995 a 2002". Já na folha seguinte, na qual aparece o entretítulo "Diagnóstico inicial", há informações como "a escola pública que foi replanejada pela Gestão 2003–06, do governo Roberto Requião, traz uma luz diferenciada para a prática pedagógica".

Os professores estranharam a adoção desse material em ano eleitoral. "É um texto que mais parece divulgação das ações do governo. Não vi textos com orientações para preparação do projeto político-pedagógico, que era o objetivo do encontro. Não deveriam fazer isso neste período eleitoral", afirmou uma professora, que preferiu não se identificar por temer represálias. Segundo ela, desde 2003 há reuniões desse tipo antes do início de cada semestre e nunca houve documentos com conteúdo semelhante.

"Vários colegas consideraram que houve divulgação da atual gestão. Não apareceram números de disciplinas nem tipos de avaliações, situações importantes nessas discussões", disse a professora. De acordo com a pedagoga, que procurou um advogado para debater o assunto, foi pedido ainda que os professores fizessem uma interpretação do texto. "É um constrangimento ter de escrever sobre o próprio chefe."

O presidente da APP-Sindicato, Luiz Paixão, contou que já escutou reclamações sobre esse mesmo texto por parte de alguns professores de Guarapuava, região central do estado. "Estamos analisando essa denúncia", disse. "Nossos professores têm consciência crítica para avaliar as políticas educacionais do estado."

Segundo a autora do documento, esse é um texto teórico e fundamentado. "É uma forma de referenciar as propostas pedagógicas para os professores", disse Yvelise. "Tem conotação política sim, mas não de política partidária. Pena que, por estarmos em período eleitoral, façam tal ligação. Mas é uma análise histórica e cito essa gestão e a passada como cito as administrações Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor de Mello", explicou a superintendente, frisando que, no material, está fundamentando o porquê de o estado utilizar determinadas diretrizes educacionais.

"Escrevi esse texto com a consciência tranqüila, já que no governo anterior não houve mesmo propostas de diretrizes educacionais. Podem fazer um levantamento na Secretaria da Educação que não vão encontrar", afirmou a autora, lembrando que o documento não fere qualquer tipo de reflexão. "Estamos fazendo uma discussão aberta e as escolas têm autonomia para definir que pedagogia usar."

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