• Carregando...
Dirceu Moreira: vereadores teriam interesse no projeto, já que têm “ligações” com associações | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Dirceu Moreira: vereadores teriam interesse no projeto, já que têm “ligações” com associações| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Um projeto que tramita na Câmara de Curitiba prevê que todos os presidentes de associações de moradores e de clubes de mães da cidade passariam a receber uma ajuda mensal em dinheiro da prefeitura. De acordo com o texto, o município daria meio salário mínimo e vale-transporte aos dirigentes das entidades. O projeto ainda está passando pelas comissões e não há data para que vá a plenário.

Estima-se que haja cerca de mil associações do gênero em Curitiba. Com isso, o custo mensal do auxílio ficaria em torno de R$ 360 mil, já que o salário mínimo nacional é de R$ 724. Por ano, o impacto seria de cerca de R$ 4 milhões. Segundo o autor da proposta, vereador Dirceu Moreira (PSL), a ideia é dar fôlego às associações que, segundo ele, fazem trabalho importante e auxiliam as ações da prefeitura, mas têm dificuldade para pagar as contas.

Líder do prefeito Gustavo Fruet (PDT) na Câmara, o vereador Pedro Paulo Costa (PT) afirma que ainda não estudou o projeto, mas que tudo indica que será barrado por ser ilegal. "Primeiro, pode ter vício de origem, já que os vereadores não podem criar custos para o Executivo. E além disso o pagamento não poderia ser feito ao presidente, não pode ser algo pessoal", afirma.

De acordo com Moreira, o problema da criação de custos poderia ser corrigido caso os vereadores destinassem ao projeto parte de suas emendas individuais ao orçamento. Segundo ele, os outros vereadores também, teriam interesse, já que todos possuem "ligações estreitas" com as associações de seus bairros.

Polêmico

Mesmo entre as associações o projeto é questionado. Para João Pereira, presidente de honra da Femoclan, federação que reúne associações de bairros, as instituições têm de andar com as próprias pernas. "Se o presidente recebe um salário do prefeito, que liberdade vai ter para criticar?", pergunta. Pereira diz que em outras épocas houve benefícios semelhantes e isso causou um inchaço de associações.

Segundo a cientista política da UFPR Luciana Veiga, o projeto não necessariamente criaria vínculos entre políticos e associações. Mas, segundo ela, seria interessante criar alguma contrapartida. "Se isso estimulasse a inclusão dessas pessoas na democracia participativa, por exemplo, levando a que elas integrassem conselhos, seria melhor", afirma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]