• Carregando...

O transporte coletivo de Curitiba foi considerado por mais de três décadas o melhor do Brasil. Até 2002, a prefeitura trabalhava com o dado de que 45% da população era usuária dos ônibus de linha. Mas o jogo se inverteu. O número de automóveis chegou à casa do um milhão em junho do ano passado. Dados da Denatran, em paralelo, apontam Curitiba como a cidade mais motorizada do país, com 55,4 automóveis para cada 100 habitantes – taxa maior do que a de São Paulo. Além do problema de trânsito – apontado nas consultas à população como um dos cinco maiores dilemas da capital, ao lado da pavimentação, da segurança e da saúde pública -, Curitiba perdeu parte de sua aura de cidade sustentável. Os carros que lotam os estacionamentos das universidades, por exemplo, jogam 200 toneladas/dia de gás carbônico. Por fim, as campanhas têm se mostrado ineficientes para aumentar a freqüência da população no transporte público. Entre os motivos apontados para a perda de status do transporte coletivo está o preço da tarifa e o altíssimo grau de exigência dos usuários.

Quais as propostas do candidato para incentivar o uso do transporte público e desafogar o trânsito de Curitiba?

BETO RICHA (PSDB)

Aperfeiçoar o transporte coletivo, melhorando os deslocamentos e atraindo novos usuários para o sistema.

•Aumentar o número de usuários do transporte coletivo;

•Adequar o tempo médio de deslocamento do transporte coletivo;

•Aumentar a satisfação dos usuários com os serviços;

•Facilitar a acessibilidade e a mobilidade em todas as regiões de Curitiba, com segurança e menor tempo de deslocamento;

•Diminuir a violência no trânsito;

•Expandir e conservar a malha viária com qualidade;

•Aumentar o número de usuários de ciclovias;

•Promover o uso racional do automóvel;

Propostas:

a) Ligeirão Norte – Sul

Alargar as canaletas nas estações do expresso Pinheirinho à Santa Cândida, permitindo a ultrapassagem dos veículos e a implantação de uma linha direta. Além disso, modernizar a sinalização semafórica para priorizar as linhas expressas e melhorar os terminais de transporte. Esta proposta irá beneficiar diretamente 314 mil pessoas, prolongando a sobrevida do eixo, até a sua substituição pela obra do Metrô Curitibano.

b) Linha Verde Norte

Dar continuidade às obras na antiga BR-116, com implantação de novas pistas para veículos, ciclovia, parque linear e pista exclusiva para transporte coletivo. Situada no setor norte, terá 8,6 km de extensão e chegará ao Trevo do Atuba.

No novo trecho estão previstos 3 pólos de desenvolvimento, com incentivo ao adensamento, verticalização, renovação dos usos e otimização da infra-estrutura instalada. Os terrenos situados nos Pólos da Linha Verde, com testada para a avenida, poderão obter acréscimo de potencial construtivo via solo criado ou transferência do direito de construir.

c) Ligeirão Leste - Oeste

Alargar as canaletas nas estações tubo do expresso Capão da Imbuia ao Centro, permitindo a ultrapassagem e implantação de linha direta, para acesso da Linha Verde Norte ao Centro. Além disso, modernizar a sinalização semafórica priorizando as linhas expressas e melhorar os terminais de transporte. Esta proposta irá beneficiar diretamente cerca de 150 mil pessoas.

d) Ligação Capão da Imbuia – Cabral

Implantar ligação entre os terminais Capão da Imbuia e Cabral, dando seqüência à ligação entre os terminais do Hauer e Capão da Imbuia já implantada. Esta proposta beneficiará 85 mil pessoas.

e) Linha Azul / Metrô Curitibano

Iniciar a implantação de 22 km do Metrô Curitibano no eixo Norte e Sul, trecho Santa Cândida/CIC Sul. Seus custos serão menores do que um metrô convencional, por conta da vantagem representada pelas canaletas dos ônibus expressos e pelo uso hierarquizado do solo. A área da canaleta exclusiva, hoje utilizada pelos ônibus biarticulados, com a implantação deste novo modal, abrigará uma Via Parque que conterá ciclovia, calçadão para pedestres, arborização e equipamentos de lazer. A viabilidade do Metrô Curitibano está intimamente ligada à disponibilização de verbas federais e ao equacionamento de Parceria Público Privada, sendo que os procedimentos relativos à elaboração dos projetos já se encontram em andamento. O Metrô Curitibano significa mais uma inovação em nosso sistema de transporte coletivo, copiado em muitas partes do mundo. Ao mesmo tempo representa alternativa única ao caríssimo metrô convencional, já reconhecida como inovação de modal pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU.

f) Revitalização e Reconstrução de Terminais

Beneficiar 1 milhão de pessoas com melhorias em terminais de transporte coletivo. Ampliar os terminais CIC, Pinheirinho, Santa Cândida, Santa Felicidade, Campo Comprido, Barreirinha, Bairro Alto e Oficinas. Revitalizar os do Capão Raso, Portão, Santa Cândida e Central. Reconstruir o terminal Hauer. Construir novos terminais no Capão da Imbuia e CIC Sul. Melhorar a acessibilidade dos terminais e estações tubo para os portadores de deficiências.

g) Sistema Integrado de Mobilidade / SIM

Proporcionar mais eficiência, fluidez e segurança no trânsito de Curitiba, implantando um moderno sistema integrado de gestão da mobilidade urbana para gerenciar a circulação de veículos, com Central de Controle Operacional, Controle de Tráfego em Área (CTA), Central Semafórica, reforço à sinalização do sistema viário principal e painéis de mensagens aos motoristas em diferentes pontos da cidade, além de circuito fechado de TV para monitoramento do trânsito. A implantação deste conjunto de medidas trará potencial impacto de melhoria no trânsito de 10 a 40%, dependendo das condições da via em questão.

h) Corta Caminho

Criar alternativas no Sistema Viário para assegurar maior fluidez e segurança ao trânsito. Implantar Binários de Tráfego, por exemplo, Binário Rua Chile com Rua Guabirotuba; Rua Desembargador Costa Carvalho com Rua Euclides da Cunha. Implantar novas ligações urbanas bairro a bairro, entre o Capão da Imbuia e o Cabral, o Tatuquara e a CIC e outros. Melhorar ligações urbanas locais para aumentar a capacidade de fluxo de veículos em vias como a Avenida Fredolin Wolf, a Rua Eduardo Pinto da Rocha e outras. Implantar trincheiras e viadutos para desafogar locais de grande congestionamento como a Trincheira na Rua General Mário Tourinho com a Avenida Nossa Senhora Aparecida; a Trincheira na Rua Gustavo Rattman com a Linha Verde e outras.

i) Plano de Gestão da Malha Viária

Implantar e recuperar 400 km de pavimentação asfáltica, priorizando o atendimento a todas as vias de circulação do Transporte Coletivo e aquelas que proporcionem maior fluidez ao trânsito.

j) Plano Diretor Cicloviário / Pedala Curitiba

Estimular o uso da bicicleta não só como lazer ou prática esportiva, mas como meio de transporte. Ampliar a malha de ciclovias da cidade e implantar ciclofaixas, viabilizando, por meio de parcerias, a operação de bicicletários e locação de bicicletas. As ações serão baseadas no Plano Diretor Cicloviário que incluirá também campanhas educativas para os ciclistas. Estão previstas as ciclovias da Avenida Marechal Floriano (BR 476 / Terminal do Boqueirão), Linha Verde Norte, Parque Linear do Barigüi e Ruas Fredolin Wolf / Saturnino de Miranda. Bem como as ciclofaixas na área central em logradouros como Rua Frei Caneca, Praça Rui Barbosa, Rua Senador Alencar Guimarães, Praça Osório, Rua Vicente Machado, Rua Visconde de Nacar e Avenida Toaldo Túlio.

l) Caminhos da Cidade / Calçadas

Dar continuidade ao Programa Caminhos da Cidade, implantando mais 300 km de calçadas, principalmente em lugares de maior circulação como pólos de equipamentos públicos com escolas, creches, liceus, Ruas Parque e vias de transporte coletivo. Neste caso, serão implantadas calçadas ao longo de aproximadamente 100 km de vias de circulação do Transporte Coletivo onde ainda não existem. A nova legislação aprovada na atual gestão, definiu bases atualizadas para o re-equacionamento da dinâmica de parcerias, inclusive com o Fundo de Recuperação de Calçadas – Funrecal, e atribuição de responsabilidades às empresas e permissionárias que danificam as calçadas. Além disso, buscar-se-ão novas tecnologias e materiais que facilitem a drenagem do solo, diminuindo sua impermeabilização, o que contribui para a sustentabilidade ambiental. As calçadas deverão garantir acessibilidade com rampas, pistas táteis e semáforos sonoros quando indicados, bem como materiais antiderrapantes e iluminação específica para pedestres.

m) Educação para a Mobilidade

Desenvolver campanhas educativas institucionais para colaborar com a mobilidade na cidade incentivando a carona solidária, a paz no trânsito, a redução de acidentes e outras.

GLEISI HOFFMANN (PT)

Em parceria e sob responsabilidade do governo federal vamos implantar a primeira linha do metrô – Norte-Sul, que vai do Pinheirinho até o terminal de Santa Cândida, contribuindo para a integração do transporte metropolitano. Nesta linha está a maior circulação de pessoas/dia, 390 mil passageiros. Outras linhas também estão previstas, mas a implantação não acontecerá imediatamente como esta primeira: CIC-Pinheirinho, Centro Cívico-Boqueirão, Campo Comprido-Pinhais, Aeroporto Afonso Pena-Centro e Eixo Metropolitano.

Considerando que as obras do metrô demoram algum tempo para serem concluídas, também propomos algumas medidas emergenciais de curto e médio prazo:

O Bilhete Fácil, que com uma só tarifa, as pessoas podem pegar quantos ônibus precisar em qualquer lugar da cidade por um período de duas horas, sem precisar fazer integração em terminais ou estações tubo.

Ultrapassagem nos corredores de expresso, com a mudança de posição de algumas estações no trecho Leste-Oeste.

Licitação do transporte coletivo em Curitiba, que já deveria ter acontecido, mas a atual gestão tem dificuldades em realizar licitações – como acontece com as licitações do projeto de viabilidade do metrô e do aterro sanitário. Devemos fazer a licitação pela menor tarifa e não por custos de planilha.

Faixas exclusivas para os Ligeirinhos. Nas vias mais movimentadas, que possuam mais de duas faixas de circulação, uma delas ficaria exclusiva para os Ligeirinhos, que também poderiam ser usadas por táxis com passageiros.

Rebaixamento de vias em cruzamentos movimentados, para facilitar o escoamento do trânsito, principalmente do transporte coletivo. Priorizaremos rebaixamento para os corredores de ônibus no trecho Norte-Sul – onde já será feito o metrô.

A Linha Verde voltará a ser o Eixo Metropolitano, ligando o terminal do Alto Maracanã, em Colombo, até o contorno Sul depois do Ceasa, onde será implantado um terminal para beneficiar as pessoas que se deslocam de Fazenda Rio Grande e de Araucária. Neste eixo, poderemos implantar, além do transporte coletivo sobre rodas, outras modalidades, como metrô sobre trilhos.

Vamos resolver o problema dos trilhos que passam por dentro de Curitiba, cortando a cidade da região Norte à região Leste. Faremos o contorno ferroviário ou rebaixaremos os trilhos.

Priorizaremos a bicicleta como meio de transporte e não apenas de lazer, aumentando a rede de ciclovias em 160 km. Hoje temos cerca de 120 km. A rede será integrada com o transporte coletivo e nos bairros, ligada às escolas. Hoje as ciclovias são corredores estreitos e mal feitos.

Adequaremos os espaços públicos da cidade à acessibilidade: programa de recuperação de calçadas, adequação dos terminais, escolas, unidades de saúde, transporte coletivo, semáforos e a reestruturação do Sites.

Retomaremos as campanhas de educação para o trânsito. As pessoas são mais importantes que os automóveis.

FABIO CAMARGO (PTB)

Os curitibanos sofrem hoje com um trânsito próximo do caos. Os usuários do transporte coletivo carecem de mais ônibus nos horários de pico e coletivos mais confortáveis e rápidos, pois os ônibus param demais nos semáforos devido ao tráfego intenso de Curitiba. A passagem, mesmo subsidiada pela atual administração, é cara.

A obra do metrô subterrâneo, prometida pelo atual prefeito, não passa de uma ilusão. Ela será inviabilizada pelos altos custos de sua implantação. Pouca gente sabe, mas existe, no centro da cidade, o Rio Ivo, que nasce na altura da Vicente Machado e vai até a Mariano Torres. Para fazer o metrô subterrâneo será preciso escavar oito metros abaixo do leito do rio, o que vai encarecer demais a obra e, conseqüentemente, a tarifa do metrô enterrado.

Na nossa administração vamos aperfeiçoar o atual sistema de transporte fazendo com que o cidadão tenha prazer em utilizar o transporte coletivo e se sinta encorajado a deixar o automóvel na garagem.

Implantaremos na cidade o monotrem, um metrô de superfície elétrico, de grande capacidade, silencioso, confortável, moderno e rápido, porque não pára nos semáforos, que se abrem automaticamente quando o metrô se aproxima. Nos cruzamentos mais movimentados e nas regiões centrais da cidade, o monotrem será erguido por trilhos suspensos. Nas outras regiões da cidade, andará nas canaletas do Expresso, que serão substituídos. A primeira linha será a norte –sul, ligando Santa Cândida ao Pinheirinho.

A obra do monotrem será cerca de três vezes mais barata que a do metrô subterrâneo e ficará pronta em, no máximo, quatro anos, enquanto o metrô do atual prefeito precisará de, no mínimo, oito anos para ser concluído. O monotrem é um sistema empregado com sucesso nas principais cidades da Europa e tem crédito pré-aprovado por instituições financeiras da Alemanha para sua instalação.

Para desafogar o trânsito construiremos estacionamentos subterrâneos, debaixo das praças da região central. A idéia permitirá a eliminação das vagas de estacionamento em algumas ruas centrais, melhorando o fluxo de veículos.

Além disso, vamos tirar do papel o binário da avenida Batel com a Bispo Dom José e da rua Hermes Fontes com a Dom Pedro II, projeto há anos parado no Ippuc. É uma obra simples que vai melhorar o tráfego na região e consolidará uma ligação entre os bairros Batel e Seminário. O projeto é polêmico porque mexe com uma área do Condomínio Springfield, que interrompe a Dom Pedro II entre a Francisco Rocha e a Desembargador Motta, mas o Springfield não será poupado por conveniência. A área que ele ocupa interessa ao município.

Outra medida para melhorar o trânsito é dar condições de mobilidade ao cidadão que utiliza meios de transporte alternativos. Faremos a imediata adoção das ciclofaixas, pintadas às margens das grandes avenidas da cidade para o uso preferencial das bicicletas, e criaremos um órgão dentro do Ippuc voltado exclusivamente à ciclomobilidade. Esse órgão terá técnicos que implantarão soluções urbanas voltadas para o uso das bicicletas, como a instalação de estacionamentos de bicicletas, construção de mais ciclovias e a recuperação das já existentes.

Como medida complementar, iremos atrás de recursos do PAC e do Ministério das Cidades para retirar a malha ferroviária do perímetro urbano de Curitiba.

CARLOS MOREIRA JÚNIOR (PMDB)

Qualquer solução para o trânsito de Curitiba passa, necessariamente, pelo aprimoramento do transporte coletivo, com a melhoria do sistema, tornando-o mais inteligente e mais rápido. Mas, atualmente, não há uma visão clara sobre o futuro do transporte coletivo de Curitiba e como ele poderá evoluir. A continuar a tendência atual, em breve, Curitiba irá enfrentar um verdadeiro apagão no transporte da cidade. Apenas 40% dos deslocamentos no município são feitos por transporte coletivo, demonstrando que o modelo atual perdeu a capacidade de atrair o usuário.

O setor apresenta problemas graves no tempo que se perde para acessar os ônibus e nos itinerários, principalmente quando os transbordos são necessários. Há itinerários muitos longos para deslocamentos de curta distância, os aldeamentos (integração sem custo com os ônibus de bairros próximos a alguns terminais) foram reduzidos ou eliminados. As estações tubo ficam saturadas com freqüência nos horários de pico, há congestionamentos constantes em várias regiões onde elas se encontram, como na Praça Eufrásio Corrêa, confluência de várias linhas. Qualquer pane ou acidente maior poderá ocasionar um efeito dominó, travando o sistema estrutural.

Ainda há uma subutilização do sistema: apenas 15% das pessoas que residem próximas aos corredores estruturais se servem do transporte coletivo – a grande maioria opta por condução própria. A defasagem entre custo operacional do sistema e remuneração do operador do transporte coletivo contribui para um déficit crônico da Urbs, que já supera R$ 50 milhões.

Nosso programa prevê avaliar as melhores alternativas para melhoria da rede de transporte coletivo e discutir alternativas com a comunidade usuária e operadores. O objetivo principal é que Curitiba tenha um transporte mais seguro, confiável e confortável e menos poluente.

Uma possível e viável solução é a construção de um metrô elétrico leve, com vias de superfície, que seria integrado ao transporte metropolitano. Essa nova modalidade de transporte – semelhante à utilizada na França – possibilitaria ao usuário chegar em qualquer ponto da cidade em até meia hora, com um sistema de linhas integradas – uma principal, que circularia toda a cidade em sentido horário, e três secundárias circulares, em sentido anti-horário. O projeto seria realizado em parceria com a Copel.

Algumas das metas de curto prazo que serão estipuladas são: redução na perda de tempo de transbordos; instituição da integração dos ônibus com bilhete eletrônico, como alternativa à integração física que ocorre nos terminais; revisão de integração do sistema metropolitano no centro de Curitiba; implantação das linhas circulares de bairros, com melhoria da capacidade e da freqüência dos ônibus Interbairros; transferência do Ligeirinho das vias rápidas para uma linha direta nas canaletas, com adequações necessárias para possibilitar a ultrapassagem.

A construção de uma Central de Tráfego Inteligente também ajudará o transporte coletivo. As empresas de ônibus terão acesso às informações sobre o tráfego e poderão prestar melhores serviços a seus usuários, informando, por exemplo, quando uma linha de ônibus passará em determinado ponto ou tubo. E, finalmente, para facilitar o deslocamento entre os bairros vamos criar os anéis perimetrais que evitarão o congestionamento do centro.

Ainda vamos realizar melhorias em segurança, incentivar o uso inteligente e amigável dos veículos particulares e estudar o uso do subsolo da cidade, para acomodar trincheiras, terminais e estacionamentos. Com isso, será possível ter uma circulação com mais racionalidade e menos acidentes e congestionamentos.

RICARDO GOMYDE (PCdoB)

Mobilidade do sistema viário e de transporte: humanização do transporte coletivo, mobilidade e segurança com soluções criativas e integradas.

Ônibus cheios e a saturação do sistema transporte é o que se vê na Curitiba de hoje. O perigo do esgotamento da capacidade de bom atendimento à população está cada vez mais presente. A velocidade média dos ônibus tem diminuído e o preço da passagem não é dos mais baixos. Nas últimas campanhas eleitorais, as propostas em torno do tema transporte foram demagógicas e de uso eleitoreiro. O metrô sempre é lembrado, mas não sai das pranchetas dos atuais gestores.

Faltou um debate sério sobre o tema, especialmente no que diz respeito às licitações, que há quase trinta anos não são realizadas.

O modelo de sistema de trânsito em Curitiba perdeu a sua eficiência. A desumanidade dos engarrafamentos invade a cidade, principalmente, nos horários de pico. A mobilidade do sistema depende de redimensionamento com um planejamento de curto, médio e longo prazo.

Para a questão da mobilidade urbana e do sistema viário devemos adotar uma ampla consulta com os diversos setores sociais da cidade, democratizando a decisão e comprometendo a sociedade nas soluções adotadas. Não existe uma fórmula mágica. Neste sentido, a candidatura de Gomyde65 PCdoB apresenta um conjunto de medidas articuladas para a humanização e mais mobilidade do transporte coletivo:

a) formular soluções responsáveis e eficientes para aumentar a velocidade e a qualidade do transporte de passageiros, tanto no âmbito municipal, quanto no metropolitano;

b) garantir valores justos para as tarifas, com efetivo controle social e licitação dos serviços;

c) democratizar e assegurar a transparência da URBS, gestora do sistema, com o efetivo funcionamento do Conselho Municipal do Transporte;

d) instituir o passe livre estudantil;

e) implementar os terminais de ônibus dos Centros de Bairros e na região noroeste da cidade;

f) garantir a manutenção das estruturais já implantadas;

g) construir a melhoria do fluxo e a integração com a Região Metropolitana;

h) implantar novos anéis de Interbairros;

i) efetivar as transposições prioritárias no sistema estrutural em pontos críticos;

j) construir o metrô em Curitiba, como alternativa estratégica para a solução do transporte de massa e interligado com a região metropolitana;

k) instituir programas de educação de trânsito que não se reduzam às ações de mídia;

l) rediscutir a utilização dos radares, adequando-os às políticas de segurança e educação de trânsito, eliminando a indústria de multas;

m)construir mais ciclovias e ciclofaixas.

BRUNO MEIRINHO (PSol)

Trata-se de uma questão de prioridades: investir no transporte público ao invés de investir em grandes obras viárias faraônicas, que ao fim incentivam o uso do carro e a cultura de "car city" em Curitiba. O controle do uso do solo é fundamental para conter os congestionamentos, isto é, a atual administração está sendo irresponsável e permitindo imensos prédios em locais cujo sistema viário está totalmente esgotado, especialmente em algumas áreas onde podemos ver prédios em construção em ruas que já estão congestionadas.

Defendemos imediatamente uma auditoria popular sobre as contas da URBS e a revisão das planilhas de custos das empresas de transporte, que estão totalmente desatualizadas. Para se ter uma idéia, os custos de manutenção das empresas de transporte têm como referência custos de ônibus da década de 80, como afirmamos em nosso site (www.brunomeirinho50.can.br), porém os atuais ônibus da frota são modernos e mais eficientes, com menos custos de manutenção. Uma auditoria nas contas e nestas planilhas permitiria conter os repasses às empresas, dimunuindo o lucro das transportadoras e reduzindo também as tarifas de ônibus. Uma redução nas tarifas permitiria que o sistema se tornasse mais eficiente, com pessoas utilizando os ônibus em outros horários, que hoje circulam vazios. O crescimento na utilização dos ônibus favorece à redução global nos custos.

Também é fundamental estabelecer um padrão de qualidade a ser exigido das empresas, não é admissível que o sistema de transporte deixe pessoas esperando os ônibus nos pontos e estações-tubo durante 40 minutos. Se as empresas têm a concessão para operar, elas não têm o direito de ofertar um serviço de má-qualidade. O bom atendimento ao cidadão é o mínimo que podemos exigir destas empresas pelo custo que elas cobram.

Estas políticas dependem de prioridades da administração. Existem recursos para investir em um sistema melhor, e propomos romper com o atual ciclo vicioso que produz tarifas mais caras e um transporte de pior qualidade, para um outro ciclo: tarifas mais baratas e transporte melhor, defendemos imediatamente o passe livre estudantil e para os desempregados, com subsídios da prefeitura, sem aumentar a tarifa dos demais usuários, e chegando, progressivamente, ao Tarifa Zero, que interessa a todos: aos usuários do transporte, que terão mais liberdade para circular na cidade, mas também às pessoas jurídicas, ao comércio, que estará mais acessível a todos. Esta medida é possível se reorganizarmos nossa estrutura tributária, que hoje isenta os mais ricos e pune os mais pobres. Inverter esta lógica permite aumentar as receitas públicas, já que os mais ricos podem contribuir mais com a coletividade. Hoje, pela grave falta de mobilidade que sofremos na cidade, tudo está muito concentrado na região central de Curitiba, e com o tarifa zero seguramente novos pólos poderão surgir.

Todo o problema da mobilidade diz respeito à forma como Curitiba está organizada em sua geografia: hoje temos uma cidade excludente, com pessoas vivendo muito longe do pólo da cidade, isto também torna o custo da mobilidade muito alto e produz severas distorções. Defendemos a redução das distâncias na cidade, induzindo a ocupação dos imóveis vazios no centro, o que permitirá aproximar aqueles que vivem mais longe. A longo prazo, a reorganização da cidade com novos pólos e também a redução do perímetro dos bairros distantes, aproximando esta população do centro, reduzirão os custos globais com transporte e permitirão a melhor socialização da riqueza entre todos os cidadãos.

MAURÍCIO FURTADO (PV)

Curitiba parou no tempo. Uma mudança no conceito de transporte público é necessária para que a população tenha alternativa ao uso do veículo. Menos carros e mais bicicletas é a frase chave de nosso programa. O Partido Verde propõem a construção de ciclofaixas no lugar de estacionamentos ao lado das canaletas de ônibus, gerando segurança e conforto aos usuários. A opção pelo metrô é fundamental para a retomada da utilização de um serviço público de qualidade e agilidade. Em uma administração Verde, está previsto o retorno dos ônibus executivos para que todos possam usufruir de transporte de qualidade e segurança. A utilização de ônibus movidos a combustíveis não poluentes também é bandeira dos Verdes que lutam pela diminuição de gases nocivos ao planeta. Resumidamente propomos uma revolução no transporte de Curitiba fazendo com que o cidadão curitibano volte a utilizar serviços ambientalmente corretos de qualidade, agilidade e com segurança.

LAURO RODRIGUES (PTdoB)

Concordo com o diagnóstico elaborado por vocês, contudo, torna-se necessária uma ampliação das causas do atual estado do Transporte Coletivo incluindo algumas das características dos usuários ou futuros usuários.

A tarifa atual não pode ser considerada muito alta se comparada com as demais capitais e o sistema integrado que privilegia a Região Metropolitana e encarece o sistema como um todo. O nível de exigência dos curitibanos é alto devido a excelência apresentada anteriormente pelo sistema do TC, e maior ainda se considerarmos o desejo de incluir nessa categoria os atuais usuários do transporte individual. Estes deverão optar por deixar seu automóvel, que transporta em média 1,1 passageiros por veículo e se acotovelar em um ônibus com 70, 120 ou até 190 passageiros, conforme o modal, ou seja, ônibus convencional, articulado ou biarticulado.

Devemos esta situação ao fato de que Curitiba deixou de ser uma cidade na qual o Planejamento Urbano era prioridade Zero e as obras elencadas para execução eram escolhidas de acordo com a priorização que só o planejamento da cidade como um todo possibilita. Salvo antigos, alguns não atualizados, projetos e poucos novos, a cidade vive de consertos e improvisações. O IPPUC deve voltar a ser a autoridade municipal de planejamento, atualizado em termos materiais e com seu pessoal revigorado.

A tarifa deve ser subsidiada, pois é de todos o interesse em contar com bom transporte coletivo e não só do usuário direto. Para isso, deve-se prolongar a vida do modal Expresso, com oferta de mais lugares, horários compatíveis com a demanda e bi-articulados e mais confortáveis. O desalinhamento e ampliação das estações de embarque e desembarque permitirão ultrapassagens e não retenção do tráfego. O comboiamento possibilitará uma melhoria qualitativa e quantitativa, maior velocidade comercial e tarifas mais adequadas. O Ligeirinho deve se utilizar das canaletas, construídas para segregar o TC e proporcionar mais agilidade, e deixar de atormentar os condutores dos demais veículos ao compartilhar as vias comuns. Os modais, transporte seletivo, convencionais, Alimentadores e Circulares deverão aumentar a oferta de lugares e de horários bem como oferecer maior conforto em suas acomodações. Com essas modificações, urgentes, o número de usuários crescerá de maneira a diminuir o quociente passageiros transportados/quilômetros percorridos, dessa forma a tarifa permanecerá constante ou diminuirá. De qualquer forma, seja qual for o custo, a administração municipal deve estar consciente de que é mais barato subsidiar o transporte do que construir viadutos ou apressar estupidamente a construção de um caríssimo sistema de transportes subterrâneo, o metrô. Pode-se e deve-se prosseguir com os estudos e até projetos do metrô, inclusive se pensar seriamente em uma PPP, Parceria Público Privada, mas com os pés no chão.

Obviamente conclui-se que o planejamento do TC imbrica-se com o de Circulação, Uso do Solo, Meio Ambiente e os demais setores componentes do Planejamento Urbano Global da Capital e Região Metropolitana.

Veja também
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]