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Durante duas horas e 27 minutos, o promotor Marcos Mousinho tentou na manhã desta sexta-feira (10) convencer os sete jurados de que os ex-seguranças de Paulo César Farias foram omissos e permitiram que o empresário e a namorada dele, Suzana Marcolino, fossem assassinados no dia 23 de junho de 1996. Ele encerrou sua fala pedindo a condenação dos policiais militares Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva por "homicídio por omissão".

"Eles eram seguranças. Estavam ali para garantir a vida de Paulo César Farias", afirmou. "Não agiram porque participaram da trama. Falsearam a versão quando não podiam falsear. A obrigação deles era proteger aquelas duas vidas", disse o promotor. O promotor disse que os seguranças não podem afirmar que não escutaram os tiros "porque eles não foram abafados". No momento do crime estavam de plantão Adeildo e José Geraldo.

Para Mousinho, as primeiras investigações foram tendenciosas e pretendiam justificar a tese de que Suzana matou PC Farias e depois cometeu suicídio.

"As investigações foram direcionadas nesse caminho", afirmou Marcos Mousinho. "A mente dos investigadores e dos peritos já estava num só caminho: investigar um suicídio".

Segundo ele, não foi PC Farias que contratou dois detetives para seguir Suzana, ele não sabia que estava sendo traído porque os relatórios das investigações nunca foram concluídos e o empresário não pretendia acabar o relacionamento com ela no dia do crime.

"Essa versão que querem plantar de que ele ia deixar Suzana é uma versão fantasiosa que não se sustenta nos autos", afirmou.O promotor disse que Suzana comprou uma arma -a mesma usada no crime- porque estava sendo seguida. Ele questionou o fato de nenhum familiar da ex-namorada ter sido ouvido durante as primeiras investigações.

"Essa não oitiva dos familiares prejudicou a avaliação da possibilidade de um homicídio seguido de outro homicídio", disse.

Mousinho disse ainda que a primeira perícia, formulada por peritos de Alagoas e pela equipe do legista Badan Palhares, que na época era da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), foi baseada em informações teóricas, não em testes. Além disso, ele criticou alguns métodos utilizados no início das investigações.

Disse, por exemplo, que o exame residuográfico feito nas mãos das vítimas para recolher fragmentos de pólvora utilizou água mineral do copo de Suzana.Como disse ontem à Folha de S.Paulo, Mousinho afirmou aos jurados que os algodões utilizados no exame sumiram, assim como a arma do crime. O juiz Maurício Breda negou hoje que arma tenha desaparecido, mas disse que ainda era preciso localizá-la.

Ao fim da fala do promotor, o juiz fez um intervalo para o lanche. Em seguida, a defesa dos réus terá duas horas e meia para tentar convencer os jurados de que Suzana matou PC Farias e os ex-seguranças são inocentes.

Depois disso, o Ministério Público pode pedir mais duas horas para fazer a réplica. A defesa também tem direito a mais duas horas para a tréplica. Após os debates, os jurados são levados a uma sala secreta para responder a perguntas elaboradas pelo juiz. Com base nas respostas, o juiz define uma pena, caso os ex-seguranças seja considerados culpados.

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