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Se depender do deputado estadual Padre Paulo (PT), a palavra aluno será abolida nas escolas do Paraná. Há três meses, o deputado propôs na Assembléia Legislativa o Projeto de Lei 058/05 que prevê alteração do substantivo aluno pelo de educando nos documentos da secretaria Estadual de Educação (Seed). O projeto deve ser votado ainda este ano.

A explicação, argumenta o deputado, estaria na origem latina da palavra aluno, que significa "sem luz, sem conhecimento" - o prefixo "a" significa ausência e "luno" vem de lumni, que é luz. "É injusto chamar o educando de aluno. No processo educacional não há aquele que sabe mais ou menos, pois o educador também aprende ao ensinar", defende o deputado, que também é professor. Atualmente, Padre Paulo está afastado do quadro de docentes do curso de Ciências Socias da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O projeto inicial do deputado previa não só a alteração para a palavra aluno, mas também para o termo professor, que se tornaria educador. Para alguns funcionários de escolas também haveria mudança – servente, por exemplo, seria profissional de educação. Na visão de Padre Paulo, o termo professor vem de professar, que, para ele, gera a idéia de que o educador está acima dos educandos. "Resolvemos não propor essa mudança porque professor é um termo muito usado ainda em outros países", argumenta, esquecendo-se que a palavra aluno também é mantida em outros países, como nos de língua espanhola: alumno.

A proposta do deputado Padre Paulo não é nova. Há 34 anos, o Congresso votou contra o Projeto de Lei 5692/71 que previa a mesma alteração.

Para Elisa Dalla-Bona, professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a proposta de alteração não tem sentido. Na visão de Elisa, o contexto da palavra aluno hoje é muito diferente da origem de seu significado. "É inconcebível pensar que a palavra aluno signifique sem luz. Hoje, com o conceito mais democrático da educação, sem as antigas palmatórias, esse raciocínio não funciona", diz a professora. Elisa ainda reforça que se a mesma lógica for utilizada, muitas outras palavras terão de ser alteradas também. "Salário hoje não é mais pago com sal. Então, por essa linha, não teria mais por que continuar sendo usada", exemplifica.

Sobre outra idéia do deputado Padre Paulo, de que as aulas deveriam ser ministradas com os alunos dispostos em círculo, fazendo com que a figura do professor não seja maior do que eles, Elis concorda em parte. "Isso não se impõe por lei. O ideal é estimular o professor para que utilize o espaço de forma criativa", contrapõe.

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