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A revista Veja, que circula nesta semana, traz uma reportagem que coloca em questão os métodos utilizados pelo governo na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, contra o desvio de verbas, corrupção e lavagem de dinheiro e que resultou na prisão e condenação do banqueiro Daniel Dantas, no ano passado.

Segundo documento conseguido pelo repórter Expedito Filho, em seu depoimento à Procuradoria da República, o delegado Protógenes Queiroz, então encarregado pela operação e hoje afastado do caso, teria afirmado que a Satiagraha "era uma missão determinada pela Presidência da República". Ainda no depoimento, Queiroz teria revelado o destinatário da ordem: o delegado da Polícia Federal Paulo Lacerda", que dirigia a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), até ser afastado há três meses. Além disso, a operação teria sido deflagrada graças a "informações repassadas pela Abin" ao governo.

Na semana passada, veio a público a informação de que Protógenes estruturou uma rede clandestina de espionagem. Essa rede teria acompanhado passos de ministros, ex-ministros, senadores, juízes, jornalistas e advogados. Nem a vida amorosa de ministra da casa civil, Dilma Rousseff, – hoje candidata de Lula à sucessão –, teria sido poupada da investigação extra-oficial.

O delegado teria se servido do auxílio de dezenas de espiões da Abin. Conforme a matéria da Veja, no depoimento, o delegado disse que o juiz federal Fausto de Sanctis e o procurador Rodrigo de Grandis, que atuam na Satiagraha, tinham conhecimento da participação dos homens da Abin no caso. A afirmação de Protógenes vai contra as declarações de Sanctis e Grandis, que haviam atestado publicamente que não foram informados sobre as ações da Abin. Ambos, porém, afirmaram que não haveria quaisquer irregularidades na hipótese de uma eventual "colaboração informal" da agência.

Segundo a reportagem, Protógenes Queiroz não disse que recebeu ordens para grampear telefones sem autorização ou para espionar a vida privada e profissional de políticos e jornalistas – o que efetivamente ocorreu no decorrer da operação. Mas, destaca a reportagem, "ao localizar a origem das ordens para a investigação no Palácio do Planalto, o delegado aventa a hipótese da criação de uma incomum e ilegal cadeia de comando".

Protógenes Queiroz deve comparecer à CPI da Câmara no dia 1º de abril e teria dito em uma palestra a estudantes de Goiânia que está disposto a "dar nomes aos bois". O governo ainda não se pronunciou sobre o caso. Apenas a ministra Dilma Rousseff afirmou que não tem medo de escutas telefônicas.

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