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Curitiba – O fac-símile divulgado na revista IstoÉ como prova da existência de um caixa 2 na Hidrelétrica Itaipu Binacional de US$ 2 bilhões é falso. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pelo diretor-geral da empresa, Jorge Samek, junto dos ex-diretores-gerais Francisco Gomide e Euclides Scalco, que tinham em mãos um laudo do Instituto de Criminalística do Distrito Federal, de 7 de novembro de 1999, que comprova a falsidade do documento.

Com o título "Saldos remanescentes", o documento publicado pela IstoÉ, datado de 4 de agosto de 1994, afirma que Itaipu devia R$ 1,7 bilhão a nove empresas. Segundo Samek, o texto teria sido forjado a partir de dados retirados indevidamente da empresa e depois utilizados para enganar antigos fornecedores.

De acordo com Samek, é impossível a existência de contabilidade paralela na Binacional como acusa a reportagem da IstoÉ. "Dos US$ 2,5 bilhões de faturamento, apenas 11%, US$ 280 milhões, restam para a divisão entre Brasil e Paraguai. Não tem como formar um caixa 2 como diz a reportagem", disse.

Samek defendeu ainda a empresa da acusação de não sofrer fiscalização das suas contas. "O tratado binacional prevê mecanismo internos e externos de controles, tanto na margem brasileira como na paraguaia, de forma simultânea. A Eletrobrás trabalha em consonância e verifica todos os controles efetivados pela empresa. A Ande, no Paraguai, exerce a mesma atividade", informou.

Batalha jurídica

Segundo João Bonifácio Cabral, diretor-jurídico de Itaipu, o esquema de fraude foi descoberto pela hidrelétrica em 31 de outubro de 1996, quando a empresa Engetest Serviços de Engenharia requisitou o pagamento de diferenças contratuais com base no mesmo documento publicado pela revista nesse fim de semana. A Itaipu levou o fato à Polícia Federal. Ao mesmo tempo, publicou em 7 de novembro do mesmo ano um comunicado nos principais jornais nacionais alertando fornecedores do uso indevido de contratos da empresa.

O Juiz Federal Marcos Josegrei da Silva aceitou a denúncia feita contra Laércio Pedroso pelo Ministério Público em 30 de agosto de 2002, mas decidiu pela suspensão da punibilidade do acusado por dois anos. "Como era réu primário, cumpriu apenas uma pena de dois anos de serviços comunitários", reforçou Francisco Gomide, diretor-geral brasilerio da Itaipu de abril de 1993 a outubro de 1995.

Cabral informou ainda que inquéritos policiais foram abertos recentemente em nomes de outras empresas, como a Lorenzetti S/A, que teria um contrato de prestação de serviços com a Consultores e Assessores Associados, empresa de Pedroso.

Em 12 de junho, a Itaipu colocou em andamento mais um inquérito policial, com cópia dos documentos que estão em seu poder. Segundo a binacional, o sobrinho de Laércio Pedroso, Luiz Henrique Marino, funcionário da empresa de auditoria Arthur Andersen e depois da PriceWaterhouse, aproveitaria seu trabalho como auditor para retirar dados sigilosos de contratos de serviços para crime de estelionato. Procuradas, as empresas de auditoria não se pronunciaram sobre a denúncia até o fim desta edição.

Para Samek, a ação de Pedroso não é eleitoreira. "Esta-mos aqui de partidos diferentes, eu sou do PT, o Gomide do PMDB e o Scalco do PSDB. Acho que a estratégia dessa pessoa é que a melhor defesa é o ataque, mas espero que pague pelos danos causados."

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