Partidos de oposição se reuniram, na tarde desta terça-feira (23), para definir as estratégias para implantação de uma CPI na Câmara de Vereadores de Curitiba, com objetivo de investigar as supostas irregularidades na campanha de reeleição do prefeito Beto Richa(PSDB), em 2008. No encontro, o PSC anunciou apoio à instalação da comissão de inquérito. Com isso o número de assinaturas sobe para seis, mas são necessárias 13 para a CPI sair do papel.
A bancada de oposição na Câmara é composta pelos vereadores Pedro Paulo, Professora Josete e Jonny Stica, do PT, e Algaci Túlio e Noemia Rocha, do PMDB. Todos já anunciaram que são favoráveis abertura da CPI. O PSC decidiu que o vereador Julião da Caveira também deve assinar o documento. Os aliados de Richa somam 29 parlamentares e outros quatro vereadores são independentes.
Segundo o vereador Pedro Paulo as assinaturas começarão a ser coletadas nesta quarta-feira (24). "Temos uns vinte dias, até o recesso parlamentar, para coletar estas assinaturas", disse. O parlamentar explicou que a banca de oposição vai buscar o apoio de outros partidos como o PV, PP e PDT.
O líder do prefeito na Câmara, Mario Celso Cunha (PSB), disse, na segunda-feira (22), que a CPI não será implantada. O vereador argumentou que já existe um processo em andamento no Ministério Público, que deverá esclarecer os fatos. Já Pedro Paulo afirma que a Câmara não pode ignorar as denúncias. "Há fortes indícios de utilização de dinheiro não contabilizado, mas vamos fazer uma investigação sem condenação prévia", afirmou. O Ministério Público anunciou nesta terça-feira que fará uma investigação para ver se houve irregularidades na campanha eleitoral do PSDB em Curitiba.
Escândalo
Durante a campanha municipal de 2008, em julho passado, 28 candidatos a vereador do PRTB, que se coligou com o PTB do então candidato a prefeito Fabio Camargo, abriram mão de suas candidaturas. A maioria deles se uniu para fundar um comitê de apoio a Beto Richa o "Comitê Lealdade".
Gravações mostram que dos 28 dissidentes, 23 aparecem nas imagens recebendo dinheiro em espécie das mãos de Alexandre Gardolinski. O pagamento a quase todos que abriram mão de concorrer pelo PRTB corresponderia a duas parcelas de R$ 800 para cada um, repassados mediante assinatura de um recibo.
O caso foi denunciado na edição de domingo (21) do jornal Gazeta do Povo e teve repercussão nacional, com o vídeo sendo exibido no programa Fantástico.
O vídeo rendeu a demissão de três funcionários da prefeitura, na última semana: do secretário de Assuntos Metropolitanos, Manassés Oliveira, que aparece na gravação recebendo dinheiro; de Alexandre Gardolinski, que ocupava até a última quinta-feira (18) cargo em comissão na Secretaria do Emprego e Trabalho; e de Raul D'Araújo Santos, que ocupava cargo na Secretaria de Assuntos Metropolitanos e também acabou exonerado por Richa na quinta-feira.
Assessores negam caixa 2
Fernando Ghignone, que foi o coordenador do comitê financeiro da campanha de 2008, e Ivan Bonilha, que foi o coordenador jurídico, deram uma entrevista coletiva, na tarde de segunda-feira (22), para explicar as imagens. A explicação dada aos jornalistas é que não houve irregularidades na campanha e que o vídeo se tratou de uma armação política.
Ghignone confirmou que repassou algum dinheiro para o "Comitê Lealdade" do PRTB, como forma de reembolso de combustível e outros gastos. Ghignone, no entanto, não soube dizer quanto dinheiro foi repassado nem como isso foi feito. Frisou, no entanto que o comitê era independente. "Nós tivemos dezenas de comitês de apoios, que foram estimulados sim pela coordenação central da campanha, especialmente reembolso de gasolina e pequenas despesas", afirmou Ghignone.
Embora "independente", a casa ocupada pelo grupo durante o período eleitoral do ano passado estava alugada em nome do PSDB. No recibo eleitoral referente ao contrato de aluguel, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, Richa aparece como o responsável pela locação do imóvel. Na prestação de contas do prefeito, consta que o aluguel do imóvel custou R$ 1,5 mil.



