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| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

O PSDB, principal partido de oposição, completou 25 anos na última terça-feira diante de dois dilemas e de uma oportunidade. Se por um lado os tucanos enfrentam uma divisão interna e a dificuldade de encontrar um discurso que sensibilize o eleitorado, por outro as recentes manifestações de rua mostraram que a população não está tão satisfeita com o governo do PT como faziam crer as pesquisas de opinião.

Tucanos admitem que o momento é propício para encontrar uma nova bandeira que atenda aos anseios dos manifestantes. Eles dizem querer evitar o oportunismo político, mas criticam a gestão Dilma Rousseff e ensaiam discurso de "gestão" e "eficiência" dos serviços públicos.

O governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, foi o primeiro a materializar essa linha de atuação. Na sexta-feira, anunciou cortes de R$ 355 milhões nos gastos de custeio neste ano e no próximo. O objetivo é evitar o aumento de tarifas públicas estaduais. A tesoura vai incidir sobre despesas que costumam ser impopulares: um helicóptero será vendido, e 2 mil cargos comissionados (embora não ocupados) serão extintos.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem sido um inspirador da mudança de foco do partido. "Cabe ao PSDB entender que há coisa nova hoje. Quem está na rua hoje não são os sindicatos ou os trabalhadores, mas um misto de povo não operário e classe média. Basicamente, são eles que o partido representa", diz FHC, que em março declarou que a sigla precisava de um "banho de povo".

"O PSDB tem de ser liberal do ponto de vista do comportamento, encampando teses novas, e social do ponto de vista do que o Estado tem de fazer, seguindo a visão de um Estado social não corporativo. O desafio é vestir essa roupa e propagar essa ideia", complementa o ex-presidente.

Porém, ao menos por enquanto, o principal nome do PSDB para a sucessão presidencial, o senador mineiro Aécio Neves, não tem adotado um discurso de vanguarda, mas sim da defesa de bandeiras históricas do PSDB, como o controle da inflação e as privatizações.

Ala paulista

No ninho tucano há ainda outro risco: a fragmentação interna. Aécio é mineiro em um partido controlado por paulistas. Tanto Alckmin como o ex-governador de São Paulo José Serra se ressentem da falta de empenho de Aécio durante as campanhas presidenciais de 2006 e 2010 – em que os paulistas foram, respectivamente, os candidatos do PSDB ao Palácio do Planalto.

O desgaste maior é com Serra, que vem ameaçando deixar o partido por falta de espaço. Uma eventual candidatura dele em 2014 por outra legenda teria potencial para tirar votos de Aécio. Unificar o PSDB será um desafio tão grande para o mineiro quanto encontrar um projeto sintonizado com as ruas.

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