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O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), disse que irá requerer uma audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle para esclarecer a participação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do presidente do Cade, Vinícius Carvalho, no envio à Polícia Federal de um documento contendo denúncias contra tucanos. Secretários do governo de São Paulo são acusados de ligação com esquema de cartel das licitações de metrô e trens em São Paulo.

No site do PSDB paulista, Sampaio critica a participação do ministro no episódio e a classifica como "inaceitável". "Ao admitir que encaminhou o documento à Polícia Federal, o ministro demonstra claramente que integrou essa trama vergonhosa e sórdida com o uso de órgãos do governo federal para perseguir e atacar adversários políticos", afirmou no site tucano. "Há em curso uma ação ordenada que, para mim, tem dois objetivos claros: minimizar o impacto da prisão dos mensaleiros e jogar gasolina na fogueira contra o PSDB em São Paulo."

O deputado diz que Cardozo foi o destinatário da denúncia - que Sampaio qualifica como "forjada" - porque o ex-diretor da Siemens, Everton Reinheimer, pediu um emprego na Vale. "Nem o Cade, a Polícia Federal ou Ministério Público teriam condições de fazer essa indicação (para o cargo). Isso leva a crer que o denunciante foi até ao ministro porque sabia que, para ser atendido, teria de procurar o partido ou alguém do governo", disse.

Cardozo afirma que repassou o documento à PF "no estrito cumprimento do dever legal, para as devidas investigações".

Reportagem exclusiva publicada na quinta-feira pelo Estado revelou que o ex-executivo da Siemens Everton Rheinheimer afirmou ter "documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM". No mesmo documento, Rheinheimer disse que o atual secretário da Casa Civil do governo Alckmin, Edson Aparecido (PSDB), teria recebido propina de multinacionais suspeitas de participar do esquema. Os secretários Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico) e José Aníbal (Energia) também são citados pelo ex-diretor.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pediu acesso aos documentos em posse da Polícia Federal antes de tomar qualquer atitude em relação a acusações contra seus auxiliares.

Aécio critica Cardozo

O senador mineiro Aécio Neves (PSDB), candidato à Presidência da República, também disse hoje que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, precisa esclarecer seu envolvimento no caso que apura o esquema de cartel de trens em São Paulo.

Em participação na convenção do PPS, partido aliado do PSDB, Aécio disse que seu partido defende que "qualquer denúncia seja apurada com rigor", independente de qual partido pertença o denunciado. Mas ressalvou que não "pode haver precipitações, pré-julgamentos e muito menos a utilização da estrutura do Estado para um projeto político".

Para Aécio, houve "um atentado contra a democracia". "Isso é extremamente grave, o que temos percebido no Brasil é a utilização das instituições de estado para um projeto político. É extremamente grave, jamais aconteceu antes", disse Aécio a jornalistas. "O ministro precisa esclarecer de forma clara qual foi sua participação neste processo já que ele é o comandante da própria Polícia Federal".

Aécio também disse que houve omissão do presidente do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Carvalho. Antigo militante petista, Carvalho trabalhou como chefe de gabinete de Simão Pedro na Assembleia Legislativa paulista e omitiu essa relação em cinco currículos oficiais - inclusive em material entregue aos senadores que aprovaram sua indicação ao cargo. O Cade nega ter enviado as denúncias do ex-executivo da Siemens à Polícia Federal.

"O PSDB está atento para cobrar explicações seja do ministro, seja do presidente do Cade, ou de qualquer pessoa que utilize a estrutura do Estado", disse Aécio.

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