A bancada completa do PSDB votou ontem pela primeira vez contra o governador Roberto Requião (PMDB), seguindo orientação do partido. A nova postura foi colocada em prática no mesmo dia em que os deputados estaduais almoçaram com o prefeito Beto Richa (PSDB) para oficializar o rompimento com o governo. Além da debandada dos tucanos da base aliada na Assembleia Legislativa, o deputado licenciado Nelson Garcia, que ocupa a Secretaria Estadual do Trabalho, deve deixar o cargo em 30 dias.
Pela primeira vez a bancada do PSDB votou fechada contra interesses do governo. Dos 7 deputados, 5 sempre foram governistas. Ontem, eles votaram a favor de um requerimento do oposicionista Marcelo Rangel (PPS) cobrando informações na área de segurança pública.
Mesmo com as baixas na bancada, o governo ganhou a votação por 19 votos a 14. Mas o que importa para o PSDB é mostrar que o partido está unido na defesa do prefeito e contra o governador. Para eles, Requião seria o responsável por desconstruir a imagem de Richa por meio de denúncias de suposto caixa 2 na campanha eleitoral de 2008. "O Beto não pediu nada para ninguém. Os deputados é que decidiram dar uma demonstração política de que, unidos, podemos fazer a diferença", afirmou o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni.
Embora o governador não esteja atacando publicamente o prefeito, os tucanos não gostaram de ver Requião abrir espaço na semana passada na TV Educativa, emissora estatal, para o deputado estadual Fabio Camargo (PTB) criticar Richa.
Camargo foi candidato a prefeito numa coligação com o PRTB e se considera prejudicado porque uma ala do partido aliado decidiu apoiar a reeleição do prefeito. Ex-candidatos do PRTB aparecem em um vídeo recebendo dinheiro de Alexandre Gardolinski, ex-servidor da prefeitura que coordenou o Comitê Lealdade, formado por dissidentes do PRTB.
Malucelli
O outro tucano na equipe de Requião, Luiz Malucelli Neto, presidente do Lactec, vai ser orientado a deixar o cargo, mas já adiantou que não pretende abandonar a função. O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), considera ruim a saída dos cinco tucanos da base aliada porque sempre apoiaram as políticas públicas de Requião e têm forte atuação no interior.
Aliança
Apesar dos desdobramentos da crise entre PSDB e PMDB, não está descartada uma aliança entre os dois partidos na sucessão estadual. Os tucanos estão virando oposição, os vereadores do PMDB de Curitiba assinaram pedido de CPI contra o prefeito e o diretório municipal peemedebista está promovendo protestos na Boca Maldita pedindo a cassação de Beto Richa.
Mesmo assim, o presidente do PSDB, Valdir Rossoni, diz que se a aliança for uma decisão da Executiva Nacional, será obedecida no Paraná. "Vamos respeitar o posicionamento do (José) Serra. Boa parte das bancadas dos dois partidos são favoráveis e vou me submeter à vontade da maioria", afirmou.
Para o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, não será tão simples colocar todos num mesmo palanque. As afirmações contundentes do prefeito contra Requião, segundo ele, dificultam uma aproximação e "abrem um profundo poço" nas conversas para a eleição de 2010.
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