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Tucanos tomam posição contra o governo federal, mas o discurso oficial ainda não foi unificado. | Orlando Brito/Fotos Publicas
Tucanos tomam posição contra o governo federal, mas o discurso oficial ainda não foi unificado.| Foto: Orlando Brito/Fotos Publicas

A mudança de tom do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que na segunda-feira (17) abandonou o perfil conciliador e sugeriu que a presidente Dilma Rousseff renuncie ou admita seus erros como um “gesto de grandeza”, tornou-se mais um sinal de que os tucanos pouco se entendem em relação à crise política. O esforço feito pelo ex-presidente para unificar o discurso — o que incluiu reuniões com os senadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin — mostra-se um desafio: os principais líderes do partido hoje agem em direções políticas diversas.

Alckmin evitou comentar nesta terça-feira a sugestão de renúncia feita por FH e, em relação ao debate sobre um impeachment de Dilma, adotou um tom moderado. “Renúncia é algo muito pessoal. Não cabe comentário”, disse.

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Na sequência, ele defendeu que é preciso esperar os desdobramentos das investigações em curso antes de se exigir a saída de Dilma. “Se surgir uma proposta de impeachment, o partido tem o dever de analisar e votar. (...) Hoje, não existe uma proposta. Que você tem uma crise de governabilidade no país, isso é fato. Agora, tem trâmites que devem ser seguidos. Você vai fazer um impeachment baseado em parecer do TCU? Mas ninguém conhece ainda esse parecer. Então, acho que nós devemos aguardar os fatos e os desdobramentos das investigações em curso”, disse Alckmin.

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Embora Fernando Henrique não tenha mencionado o impeachment em seu texto, e já tenha se colocado publicamente contra a solução, suas palavras animaram integrantes do PSDB no Congresso a voltar a defender essa tese. O senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que a bancada tucana votaria a favor do impeachment.

A solução, no entanto, está longe de ser unanimidade mesmo entre os senadores do partido. José Serra e Aécio Neves nunca deram declarações neste sentido. Aécio já endossou a ideia de impugnação, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), das candidaturas de Dilma e do vice Michel Temer, com realização de novas eleições.

Também na terça-feira (18), Aécio disse que pretende fazer uma reunião entre oposição e setores do PMDB favoráveis ao impeachment para discutir a situação. Para Aécio, ao sugerir a renúncia, FH apenas expressou um sentimento que está nas ruas: “Ele apresentou uma alternativa para um governo que já deixou de ser governo. Lembro as palavras do grande Ulysses Guimarães, quando comentava o momento por que passava o Collor: ‘O Collor pensa que é presidente, mas não é mais’. A presidente Dilma pensa que é presidente, mas ela não é mais. O PSDB não fugirá dessa conexão, de ser intérprete, como outros partidos da oposição, desse sentimento que tomou as ruas de todo Brasil”, afirmou.

O presidente do PT, Rui Falcão, chamou de “raivosa” a declaração de Fernando Henrique. “Teve essa manifestação raivosa agora do Fernando Henrique... Quem quebrou o Brasil três vezes não deveria pedir para a presidente renunciar”, afirmou Falcão, em entrevista à Agência Reuters.

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