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Mal recomeçaram os trabalhos no Congresso e o PSOL já apontou suas cargas mais uma vez contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O partido de oposição entrou com nova representação no Senado contra o peemedebista, desta vez baseando-se em denúncias de que Renan teria beneficiado a cervejaria Schincariol, que em troca teria comprado uma cervejaria com problemas financeiros do irmão de Renan, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL). A empresa se defendeu das acusações em nota divulgada nesta quarta-feira.

O PSOL quer também explicações de Renan sobre denúncias de grilagem de terra. Renan passou para o vice-presidente Tião Viana (PT-AC) a análise da nova representação. Em nota, ele disse que se sente impedido de marcar reunião da Mesa e por isso designou Tião Viana para a função.

Renan já responde a processo no Conselho de Ética, do Senado, acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior e de usar notas frias para comprovar rendimentos. A pedido do colegiado, a Polícia Federal está fazendo uma perícia em documentos apresentados por Renan que atestam transações de compra e venda de gado.

O presidente do Senado classificou como "disputa da política de Alagoas" a representação do P-SOL. Em nota, afirmou que "a representação ora encaminhada à Mesa Diretora mostra, uma vez mais, o caráter eleitoral deste episódio como uma disputa da política de Alagoas". Pouco antes, em entrevista coletiva, garantiu que não responde a qualquer processo por grilagem de terras.

Além de Renan, o PSOL entrou com representação ainda contra Olavo na Câmara, em razão do caso Schincariol, de grilagem e de suposto envolvimento do deputado com a máfia de fraudes em licitações organizada pela empreiteira Gautama, desvendada pela Operação Navalha da Polícia Federal.

O deputado Paulo Magalhães (DEM-BA) foi outro alvo do PSOL, que representou contra o ex-pefelista também por suposto envolvimento com a Gautama.

PF: Laudo sobre caso Renan fica pronto em três semanas

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou nesta quarta-feira que o Instituto Nacional de Criminalística (INC) deverá concluir no prazo previamente determinado a perícia sobre os documentos apresentados por Renan. De acordo com o acerto entre o Conselho de Ética e o INC, o laudo sobre as contas de Renan deve estar pronto em, no máximo, três semanas.

- O INC vai tentar esclarecer todos os pontos levantados pelo Conselho de Ética. Foram feitas 30 perguntas aos peritos e eles vão tentar responder a esses quesitos com base nos documentos fornecidos -explicou Lacerda.

A PF considerou um ponto positivo para Renan o fato de os documentos terem sido entregues logo após serem solicitados. Para a PF, isso é um indicativo de que os encarregados da defesa do presidente do Senado acreditam na idoneidade dos papéis.

Casagrande diz que Renan ainda deve documentos

Também nesta quarta-feira, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do processo contra Renan no Conselho de Ética, afirmou que o presidente do Senado ainda precisa entregar documentos que confirmem as datas dos pagamentos feitos à jornalista Mônica Veloso, e que espera que o processo contra Renan seja concluído até o fim do mês. Casagrande e os dois outros relatores, Almeida Lima (PMDB-SE) e Marisa Serrano (PSDB-MS) se encontraram nesta quarta-feira com o presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO).

- Se conseguirmos concluir a investigação no Conselho de Ética até o fim de agosto, o que acho que é um bom prazo e comprova que estamos dentro do nosso cronograma planejado no início das investigações. Mas não creio que nós precisemos vincular toda nossa ação de plenário ao caso do senador Renan Calheiros, desde que ele continue com a postura que está tendo, designando o vice-presidente, Tião Viana (PT-AC), para cuidar dos assuntos referentes à investigação que o envolve - afirmou Casagrande.

Já Marisa Serrano voltou a defender a presença de Renan na comissão para que apresente sua defesa.

- É importante que ele possa ir lá e tirar dúvidas daqueles pontos que, por acaso, ainda sentimos falha - disse a senadora, que defende ainda que o Conselho de Ética tome o depoimento da jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha.

O presidente do Senado disse que vai ao conselho para esclarecer qualquer dúvida sobre as investigações em andamento.

- Não só (vou) no Conselho de Ética, mas onde for necessário. Eu quero levar o que precisar ser levado, já entreguei todos os documentos, se precisar de mais entregarei com muita satisfação. O que eu quero é que a verdade venha à tona. O que não pode é haver inversão deste fato - afirmou.

Quintanilha deve sugerir aos três relatores que somente haja reunião do Conselho após a conclusão dos trabalhos dos delegados da PF.

- Acredito que o conselho deva se reunir apenas se houver algum fato incidental. Caso não haja, só se justifica reunião quando a perícia entregar seu relatório - afirmou Quintanilha.

Segundo o presidente do Conselho de Ética, após a entrega da perícia, será aberto um prazo para que as partes do processo se manifestem. Em seguida, os três relatores deverão apresentar um parecer final sobre o caso.

Casagrande disse esperar que o prazo de 15 de agosto para conclusão da perícia pela Polícia Federal seja cumprido, mas ressaltou que, se forem necessários mais dias, não haverá dificuldade para determinar uma prorrogação.

- Um dia a mais, um dia a menos não interfere naquilo que a gente deseja. Queremos uma perícia conclusiva para orientar o Conselho de Ética - Concluiu.

Atenções também voltadas para Gim Agello

As atenções no Senado se voltam também para o senador Gim Argello (PMDB-DF), suplente do ex-senador Joaquim Roriz, que enfrentará processo no Conselho de Ética. Para que o processo seja aberto, a representação terá, primeiro, que ser lida em plenário e encaminhada ao Conselho de Ética, atribuição do presidente Renan Calheiros.

A partir da designação do relator para o processo, Argello não poderá mais renunciar ao mandato e, se for condenado, poderá perder seus direitos políticos por oito anos. Assim como Roriz, Argello teria participado da divisão de R$ 2,2 milhões que teriam sido sacados do Banco de Brasília com um cheque do empresário Nenê Constantino, dono da Gol.

Mesmo com uma pauta mais diversificada, o presidente do Senado dificilmente escapará de novas pressões para que deixe o comando da Casa. Ainda mais com a confirmação de que Renan teria vendido gado para duas empresas fantasmas que já estão sob investigação da Receita Federal.

- Essa é uma reação compulsória de quem foi à base durante o recesso parlamentar e sentiu que as pessoas estão saturadas com o quadro de impunidade instalado no país. Teremos de dar respostas rápidas não só para o caso Renan, como também para crise aérea brasileira que aumentou muito a irritação da classe média - previu o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).

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