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José Sarney: político caminha para o quarto mandato de presidente do Senado, dessa vez com o apoio oficial do PT, que tentou confrontá-lo em 2009 | Roberto Jayme/Reuters
José Sarney: político caminha para o quarto mandato de presidente do Senado, dessa vez com o apoio oficial do PT, que tentou confrontá-lo em 2009| Foto: Roberto Jayme/Reuters

Longevidade

Sempre governista, José Sarney tem 56 anos na política:

1954 – É eleito suplente de deputado federal pelo PSD, no Maranhão.

1958 – Eleito deputado federal pela UDN.

1962 – Reeleito deputado federal pela UDN.

1965 – Eleito governador do Maranhão, pela Arena.

1971 – Eleito senador pela Arena.

1978 – Reeleito senador.

1979 – Com o fim do bipartida-rismo, se filia ao PDS.

1985 – Vai para o PFL e, em uma composição com o PMDB, é eleito indiretamente vice-presidente da República na chapa de Tancredo Neves. Com a morte de Tancredo, assume em definitivo a Presidência, já no PMDB.

1990 – Muda o domicílio eleitoral para o Amapá. É eleito senador.

1995 – Eleito presidente do Senado.

1998 – Reeleito senador.

2003 – Eleito presidente do Senado pela segunda vez.

2006 – Reeleito senador.

2009 – Eleito presidente do Senado pela terceira vez.

2011 – Favorito para presidir novamente o Senado.

  • José Pimentel: senador está há oito meses com projeto para relatar.

Brasília - Há 56 anos na vida pública, José Sarney (PMDB-AP) está prestes a bater mais um recorde de longevidade. No dia 1.º de fevereiro, deve ser eleito presidente do Senado pela quarta vez. Será mais um capítulo de uma relação íntima com o poder, seja ele ocupado por qual for a corrente ideológica.

Ontem, o PT endossou a continuidade de Sarney no cargo. "Estamos trabalhando com respeito à proporcionalidade das bancadas. Não temos qualquer restrição a qualquer nome que for apresentado pelo PMDB", disse o novo líder do partido na Casa, senador Humberto Costa (PE).

Pela ordem, após as eleições de 2010 os peemedebistas são maioria (19), seguidos pelos petistas (15). Sarney, mesmo com uma campanha apenas nos bastidores, é atualmente o único representante do partido cotado para a vaga. Outros dois prováveis candidatos da legenda, Edison Lobão (MA) e Garibaldi Alves (RN), se licenciaram para integrar o Ministério do governo Dilma Rousseff.

A decisão petista, tomada em consenso, faz parte da estratégia de criar o mínimo possível de confusão com o PMDB e garantir a eleição de Marco Maia (PT-RS) para a presidência da Câmara dos Deputados. É também oposta ao que a legenda fez em 2009, quando lançou Tião Viana para concorrer à presidência do Senado contra o próprio Sarney. Na época, os petistas chegaram a se aliar ao PSDB em uma tentativa de renovar o comando da Casa, mas ainda assim Sarney venceu com 49 votos, contra 32 de Viana.

Depois do desgaste do bate-chapa, a gestão do maranhense ficou marcada por acusações de irregularidades. No segundo semestre de 2009, após o escândalo dos atos secretos (medidas que beneficiaram senadores e funcionários sem publicação no Diário Oficial), enfrentou 11 denúncias no Conselho de Ética. Todas foram arquivadas antes mesmo de serem abertas investigações, com concordância do PT.

Apesar de não polemizarem sobre a escolha de Sarney, os petistas tomam precauções. A primeira delas foi anunciada ontem: por ter a segunda maior bancada, o PT tem o direito à segunda escolha de cargo na mesa diretora. Surpreen­­den­­­temente, o partido decidiu ocupar a primeira vice-presidência do Senado e não a primeira-secretaria, considerada mais importante porque acumula quase todas as funções administrativas da Casa. "Queremos ter mais representação para fora do que para dentro do Senado. Nessa lógica, a vice-presidência é melhor", afirmou Humberto Costa. Indagado se o motivo da opção se deve ao fato de que o PT estaria fugindo dos possíveis problemas administrativos de uma gestão Sarney, o senador Delcídio Amaral (MS) respondeu: "Não saiu da minha boca, são vocês que estão falando".

Na prática, os petistas também preveem outro problema. Aos 80 anos, Sarney tem sido obrigado a se ausentar da condução de algumas votações. Na falta dele, a função fica com o primeiro vice-presidente – até 31 de dezembro, a vaga era do tucano Marconi Perillo (GO).

Embora a reeleição seja dada como certa, Sarney não deu declarações públicas de que gostaria de continuar no cargo. A tática é a mesma das três eleições anteriores. "Eu nunca fui candidato a presidente do Senado por minha vontade, sempre por convocação", afirmou no discurso de posse, em 1.º de fevereiro de 2009.

Por convocação ou não, a chance de uma reviravolta é quase nula. Pelo menos até 2013, ele continuará no círculo do poder em Brasília.

Marta disputa vice com José Pimentel

Doze dos 15 senadores que integram a bancada do PT a partir do dia 1.º de fevereiro participaram ontem da reunião que definiu o pernambucano Humberto Costa como líder do partido no Senado. O encontro também serviria para a indicação do nome para ocupar a primeira vice-presidência da Casa, mas a escolha foi adiada para o próximo dia 26. Por enquanto, há um impasse entre Marta Suplicy (SP) e José Pimentel (CE).

A legenda também pode voltar atrás quanto à criação de um bloco de partidos aliados, anunciado no ano passado. O "blocão" contaria com PR, PDT, PSB, PCdoB e PRB e reuniria 29 senadores. "É preciso medir melhor a viabilidade disso", disse a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT), que participou do encontro.

O partido também não decidiu quais serão as comissões permanentes que pretende comandar. A tendência é que a primeira escolha seja a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Gleisi, que foi eleita no ano passado para o seu primeiro mandato de senadora, pediu para ser titular da CAE e para participar de outras duas comissões, de Agricultura e de Relações Exteriores. Tudo isso, porém, ficou para ser decidido mais tarde.

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