Uma das últimas cartadas dos candidatos à prefeitura de Curitiba que querem impedir a reeleição de Beto Richa (PSDB) é tentar persuadir o eleitorado de que o tucano não vai cumprir o novo mandato até o fim, em 2012. Os oposicionistas têm levantado a possibilidade de, em março 2010, Richa deixar a prefeitura para candidatar-se ao governo do Paraná. O cargo ficaria, então, com o vice-prefeito Luciano Ducci (PSB).
A campanha de Gleisi Hoffmann (PT) chegou a publicar um texto na página na internet da candidata e o distribuiu à imprensa especulando que Richa teria admitido renunciar à prefeitura para tentar o governo. No texto, os pestistas dizem que Richa seguirá o exemplo do governador José Serra, de São Paulo, que "venceu a eleição para a prefeitura de São Paulo em 2004, registrou em cartório que não deixaria o cargo antes do fim do mandato e em 2006 renunciou para disputar o governo do estado".
Gleisi chegou a desafiar o prefeito a, assim como fez com o plano de governo, registrar em cartório sua intenção de permanecer no cargo até 2012. "A população de Curitiba está sendo desrespeitada, porque a prefeitura está sendo usada para trampolim político para um projeto político pessoal. O atual prefeito não está pensando em solucionar os problemas da cidade, mas sim em sua carreira política. Não é o Luciano Ducci que está disputando o cargo de prefeito, mas é ele quem poderá governar a cidade na maior parte da próxima gestão", afirmou a petista.
Os vereadores do PT em Curitiba ontem também cobraram da bancada de Richa na Câmara Municipal se o prefeito assume o compromisso claro de, se reeleito, ficar mais quatro anos na prefeitura. O coro foi engrossado pelo candidato Carlos Moreira (PMDB). Ele ontem disse que a população curitibana vai votar em um candidato a prefeito que será candidato a governador em 2010.
A campanha de Richa ameaçou interpelar judicialmente a petista pelas declarações. Segundo a assessoria do prefeito, ele jamais admitiu que não ficaria os quatro anos na prefeitura. De acordo com os tucanos, o momento eleitoral em 2010 será diferente do atual e toda e qualquer decisão a respeito de candidaturas dependerá do grupo político que apóia o prefeito.
O grupo político ao qual se refere a assessoria tucana inclui o senador Osmar Dias (PDT), que já declarou ser candidato a governador em 2010. Richa disse que os participantes dessa união são fortes e que ela deve ser mantida até a próxima eleição. Quanto às referências a Ducci, os assessores do prefeito afirmaram que o PT esqueceu-se de dizer que, segundo a legislação eleitoral brasileira, o cidadão vota na chapa (prefeito e vice), portanto, caso vote em Richa, está votando também no seu vice.



