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Três dias depois de a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), ter escancarado a insatisfação com o tratamento dado pelo governo ao partido na distribuição de postos estratégicos no Congresso, a cúpula petista reúne-se nesta quinta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de manter o espaço da legenda no novo ministério. Na prática, apesar do discurso oficial em defesa da coalizão, os petistas querem frear o apetite do PMDB por cargos.

A reunião de Lula com a comissão política do PT ocorrerá no Palácio do Planalto, às 11h30. Foi solicitada pelo presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, para definir como será o relacionamento do partido com o governo no segundo mandato. A montagem do ministério, no entanto, é uma questão que tem aborrecido os petistas.

"Não vamos pedir cargos nem emprego para as pessoas, mas é evidente que, se todos os partidos estão se posicionando, o PT também precisa se posicionar", afirmou Jilmar Tatto (SP), deputado federal eleito e um dos vice-presidentes da sigla. "Se o PT é o principal partido do País, tem o presidente e uma bancada forte na Câmara, é claro que tem de ser dado a ele um tratamento correto."

O PT controla atualmente 15 dos 34 ministérios. Ao longo do primeiro mandato, perdeu pastas robustas, como Saúde, sob controle do PMDB. Com esse argumento, dirigentes do partido avaliam que a fatia do PMDB - hoje no comando de Saúde, Minas e Energia e Comunicações - já está melhor do que a encomenda e não deve ser ampliada.

A queixa de Ideli faz parte de um movimento para conter a expansão da partilha. Antes mesmo de saber da reunião da cúpula do PT com o presidente, a senadora disse que pediria a Lula a 'devolução' da liderança do governo no Senado. A cobiçada cadeira é ocupada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).

"É mais do que legítimo que a direção do PT e as bancadas queiram ser prestigiadas, mas só o presidente Lula pode tomar a posição que melhor convier para garantir a governabilidade", amenizou o senador Tião Viana (PT-AC), nome que o partido queria para líder.

Garcia procurou pôr panos quentes nas divergências, alegando que picuinhas não serão discutidas na reunião. "O governo nunca esteve exposto a uma artilharia do PT, mas de alguns petistas", observou o presidente interino do partido, que também é assessor de Relações Internacionais do Planalto.

Para Joaquim Soriano, secretário-geral-adjunto do PT, o mais importante é Lula dizer como será a composição do ministério. "Minha expectativa é que o presidente conte qual será o método para montar a equipe", afirmou o petista, ao defender a aliança com 'partidos nacionais' e não com alas divididas.

Inconformado com a cobrança da fatura, Soriano foi taxativo. "Há os que já colheram muito, como o PMDB, e outros que nem deveriam estar nas negociações", disse, numa referência aos envolvidos no escândalo do mensalão. "É aceitável, por exemplo, sentar à mesa com o PTB de Roberto Jefferson?", questionou. "Ninguém no PT entende isso."

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