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Num discurso afinado, em meio a discussões sobre os rumos do PT nas eleições de 2008, os principais líderes do partido convocaram neste sábado, durante encontro em São Paulo, a militância petista a reagir contra setores da sociedade civil que pregam indignação ao governo Lula. Em São Paulo, cerca de 2 mil pessoas participam de uma passeata contra a corrupção e o governo federal. Os manifestantes usaram nariz de palhaço e entoaram vaias contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante o encontro estadual, o mote dos discursos das lideranças petistas era o de reação aos segmentos da classe média que lançaram o "Cansei", um movimento criado para sensibilizar a sociedade a protestar contra o caos aéreo e a corrupção. De acordo com a ministra do Turismo, Marta Suplicy, por trás do movimento, há um viés político orquestrado pela oposição.

- O país é democrático e eles se manifestam como desejam desde que vistam sua própria camisa - disse a ministra, ao chegar para o encontro, numa quadra de esporte no centro da cidade, ao lado da sede nacional do PT.

Minutos depois, em discurso aos militantes, Marta foi mais enfática:

- Nós é que não cansamos de distribuir renda, de ver um crescimento industrial em 4,8% ou de saber que uma parcela da população está comendo melhor. Nem nos cansamos de defender o governo Lula - disse, ovacionada por cerca de mil delegados do partido.

O movimento "Cansei", que ganhou forças nas últimas semanas por conta da crise no setor aéreo, é encabeçado pelo empresário João Dória Junior e pelo presidente da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Luiz Flávio Borges D´Urso.

Embora considere democrático qualquer movimento de protesto, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse, no entanto, que ninguém pode agir com hipocrisia ou cinismo.

- É legítimo (o movimento). Quer fazer oposição, pode fazer. Só não pode ser hipócrita, ser cínico, e dizer que não é contra o governo quando sabemos que gritavam fora-Lula - disse ele.

O senador Aloizio Mercadante reforçou o coro dos colegas petistas:

- Eu cansei é da manipulação de dados da segurança pública que divulgou 16 mil crimes a menos em São Paulo - disse Mercadante, referindo-se à informação de que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo constatou que as estatísticas criminais estavam erradas há três anos.

- Cadê a indignação? Onde está a cobrança por uma verdadeira política de segurança pública? - indagou o senador.

Durante o encontro, o partido colocou em pauta ainda discussão resoluções que pregam a defesa ao governo Lula, diretrizes e alianças para as eleições de 2008, um modelo de oposição ao governo de José Serra em São Paulo, a conjuntura nacional, a relação com os movimentos sociais e a antecipação do Processo de Eleição Direta (PED) do partido de 2008 para este ano ainda.

Dirceu não desistiu de pedir anistia na Câmara

Pouco antes de ser ovacionado enquanto atravessava com os braços erguidos um corredor de militantes do PT, Dirceu disse que articulará um movimento por sua anistia na Câmara apenas depois que as denúncias de que estaria envolvido com o mensalão forem julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dirceu avalia que o país espera que ele seja submetido à Justiça.

- Eu quero ser julgado. Fui acusado de ser chefe de quadrilha, quebraram meus sigilos bancário, fiscal, telefônico e patrimonial durante 17 meses de denúncias. E até hoje não há prova contra mim. Eu quero que o Supremo me julgue. Não quero prescrição nem impunidade. O país espera de um cidadão como eu que se submeta à Justiça. Estou esperando. A (discussão sobre) anistia fica para depois do Supremo - disse ele.

Enquanto o processo se arrasta, disse, trabalhará para credenciar o PT como oposição em São Paulo para a disputa ao governo, no ano que vem. Dirceu voltou a defender o nome da ministra Marta Suplicy para a sucessão no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

- Continuo achando que a Marta tinha muito mais chances de derrotar o Serra do que o Mercadante, mas a indicação foi uma decisão da militância.

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