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Executiva Nacional do PT decidiu, na noite desta segunda-feira, remeter aos diretórios municipais um pedido de abertura de conselho de ética contra Oswaldo Bargas e Expedito Veloso, envolvidos no caso do dossiê contra os tucanos e chamados de aloprados pelo presidente Lula. De acordo com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, a decisão se baseia no estatuto do partido. Bargas é filiado ao diretório de São Bernardo do Campo, e Veloso, em Brasília. Com a decisão, o partido tenta dar uma resposta à sociedade e, ao mesmo tempo, afasta do nível nacional a questão.

O PT decidiu ainda convocar para a próxima reunião da Executiva Nacional, ainda sem data definida, a presença de Bruno Maranhão. Maranhão esteve envolvido na invasão e depredação da Câmara, no ano passado. O partido pretende ouvi-lo e, na sequência, abrirá uma comissão de ética para expulsá-lo.

Na primeira reunião da Executiva Nacional do PT depois que Ricardo Berzoini (SP) reassumiu a presidência, outros assuntos também ganharam destaque, como a eleição para a presidência da Câmara , sobretudo depois das declarações de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que, durante debate entre os candidatos, disse que o PT não pode concentrar muito poder no Executivo e também no Legislativo.

A declaração de Aldo irritou os petistas e esse acabou sendo o primeiro assunto tratado pelos membros da Executiva. Na entrada da reunião, porém, ninguém quis dar entrevista.

O encontro, que começou com atraso, pouco depois das 18h, na sede do PT em Brasília, foi fechado para a imprensa.

Para o terceiro vice-presidente do PT, Jilmar Tattto, a decisão de encaminhar o caso de Bargas e Veloso aos diretórios municipais, apesar de a Polícia Federal não os haver indiciado, é política.

- Um partido político não é a Polícia Federal nem o Ministério Público. Ele toma decisões políticas.

A reunião terminou pouco antes da meia-noite e, ao contrário de outros encontros, não divulgou nenhuma resolução.

Os petistas também discutiram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os petistas estão preocupados com a repercussão política do plano. Governadores têm criticado as obras propostas pelo governo federal argumentando que não foram discutidas nos Estados. Além disso, empresários também sentiram falta de um ajuste fiscal.

Na avaliação dos petistas, é preciso que o governo saiba como transmitir o conteúdo do programa à população. Eles também querem articular uma divulgação para os militantes.

Na reunião não faltaram críticas à política econômica do Banco Central no corte de juros. Os petistas consideraram "tímido" o corte de juros promovido pela entidade. Na semana passada, dois dias depois de Lula lançar o PAC e falar em crescimento, o BC reduziu a queda da taxa Selic, mas o corte foi de apenas 0,25 pontos percentuais, contra 0,50 que vinha sendo mantido desde o ano passado.

Na reunião, os dirigentes petistas mais alinhados ao Planalto amenizaram também as críticas à política de juros e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. E disse que provavelmente o documento da executiva não abordará essa questão.

- O importante é que estamos em processo de queda (dos juros). Não temos que fulanizar esse debate - disse Fontana.

"Aloprados"

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), saiu da reunião no intervalo e confirmou que a Executiva não trataria mesmo da participação dos chamados aloprados na construção do dossiê contra tucano.

- É um assunto de importância menor. Temos questões mais concretas para tratar - disse Fontana, acrescentando que os envolvidos estão com suas filiações partidárias suspensas.

A idéia inicial era abrir na comissão de ética do partido um procedimento sobre o destino dos petistas Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, dois dos envolvidos no escândalo do dossiê. Suas filiações, ao contrário do que disse Fontana, ainda não estão suspensas.

Embora expulsos pela Executiva logo depois que o escândalo do dossiê que seria comprado da família Vedoin veio à tona, o ex-secretário do Ministério do Trabalho Osvaldo Bargas e o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso continuam filiados ao partido, que quer se desvencilhar logo do escândalo.

Na semana passada, o secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, disse que Bargas e Veloso já estão politicamente expulsos do partido. Segundo ele, se os dois não se desfiliarem espontaneamente, serão abertos processos de expulsão. Outros envolvidos no escândalo, como Hamilton Lacerda, ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (SP), e o ex-chefe do serviço de inteligência do PT Jorge Lorenzetti, já se desfiliaram do partido.

Esta é a primeira reunião da Executiva Nacional comandada por Berzoini depois que ele reassumiu o comando do partido, no dia 2. Ele havia se afastado do partido depois que seu nome foi citado no escândalo do dossiê, mas a Polícia Federal não encontrou provas contra ele, que não foi indiciado.

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