O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, colocou a responsabilidade pela "publicidade" da Operação Castelo de Areia sobre o juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto de Sanctis. Nesta terça-feira (31), ele voltou a negar que a operação teve conotação política e afirmou que a PF não divulgou qualquer conteúdo político sobre as investigações e restringiu "o foco única e exclusivamente nos crimes financeiros".
"A Polícia Federal não se moveu, não praticou nenhum ato motivado por questões partidárias ou políticas", afirmou. "O juiz ao dar publicidade do seu despacho de decisão se fundamentou inclusive em alguns desses [diálogos]. Cabe ao juiz e somente ele pode fazer isso. Isso provocou um debate público. Daí a atribuir para a Polícia Federal que ela atuou tendenciosamente, com motivação partidária, acho que é uma injustiça a tudo que ela tem feito ao Brasil", defendeu Corrêa.
A assessoria de Fausto De Sanctis informou ao G1 que o juiz viajou aos Estados Unidos a convite do governo americano e está incomunicável. De Sanctis deve retornar às suas atividades na próxima segunda (6), segundo a assessoria.
A operação Castelo de Areia apurou suposto esquema de remessa ilegal de dinheiro da construtora Camargo Corrêa para o exterior, por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e em outros países. De acordo com o relatório da PF, divulgado pelo juiz De Sanctis, a operação também investigou supostas doações irregulares a partidos políticos.
Questionado o motivo de a PF não ter citado no relatório três partidos aliados ao governo federal, o diretor desconversou. "Primeiro, que ela [a PF] não divulgou nada. Temos uma nota hoje colocando cronologicamente cada movimento da Polícia Federal, desde a representação, tornando público os termos utilizados pelo delegado na representação", disse Corrêa.
Ele se referiu à nota divulgada à imprensa, na qual a PF diz que "apesar da aparente licitude das doações, algumas ligações telefônicas levam a crer que haja também um esquema fraudulento de financiamento" e que há "menção expressa a doações não contabilizadas", o que poderia levar à conclusão da ocorrência de crime eleitoral" contra os partidos citados.
Na sexta-feira passada, todos os partidos citados no relatório da PF negaram envolvimento com irregularidades.
O DEM, um dos partidos citados, anunciou na semana passada que pediria acesso aos documentos apreendidos na operação. Para o DEM, a investigação deveria se concentrar na suspeita de superfaturamento em obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, construída pelos governos do Brasil e da Venezuela. O caso é investigado pelo Tribunal de Contas da União.
O partido também criticou a divulgação das doações, feita pelo juiz Fausto De Sanctis. "Eu acho que a divulgação parcial e o enfraquecimento de partidos políticos são sempre um viés político de quem não acredita na democracia brasileira", disse o presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ).
Outros três partidos PDT, PSB e PP negaram o recebimento de doações ilegais. Já o PPS negou ter recebido qualquer doação da construtora e acusou o governo Lula de fazer uso político da Polícia Federal.
A acusação foi rebatida pelo ministro Tarso Genro (Justiça). "As pessoas atribuem a culpa à Polícia Federal e não eventualmente a uma conduta equivocada não estou dizendo que houve neste caso, sinceramente, porque eu não conheço, mas nunca avaliam a conduta equivocada que podem ter tomado em algum momento."
Deixe sua opinião