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Gelbecke: publicitário alega ser vítima de um “linchamento moral” da  imprensa | Marco André Lima/ Gazeta do Povo
Gelbecke: publicitário alega ser vítima de um “linchamento moral” da imprensa| Foto: Marco André Lima/ Gazeta do Povo

O proprietário da empresa Visão Publicidade, Adalberto Gelbecke Júnior, depôs ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades nos contratos de publicidade da Câmara de Curitiba. Gelbecke foi responsável por gerir, entre 1998 e 2011, cerca de R$ 49,5 milhões, destinados a veiculação de publicidade da Casa em meios de comunicação e à produção da revista Câmara em Ação. Ele negou qualquer irregularidade. Mas, no depoimento, admitiu ter relação de amizade e ter trocado "favores profissionais" com Cláudia Queiroz Guedes, dona da empresa de comunicação Oficina da Notícia e atual esposa do presidente da Câmara, João Cláudio Derosso.

As empresas de Cláudia e de Gelbecke foram as duas vencedoras da última licitação para propaganda da Câmara, em 2006. Ambas são suspeitas de envolvimento nas irregularidades.

A maior parte do depoimento foi centrado na questão da revista Câmara em Ação. A revista teve 68 edições entre 2004 e 2010, e custou R$ 18,3 milhões aos cofres públicos. A tiragem declarada foi de 247 mil exemplares. Entretanto, poucas cópias foram encontradas desde o início dos escândalos da Câmara – o que levantou a suspeita de que a tiragem fosse superfaturada. O custo, de cerca de R$ 1,50 por exemplar, foi classificado como alto por alguns vereadores. O publicitário respondeu que poderia fazer a revista por um preço mais baixo, mas que isso implicaria numa redução da qualidade.

Gelbecke afirmou que essas cópias são escassas, hoje em dia, porque as pessoas tendem a não guardar esse tipo de publicação. De acordo com ele, a revista foi fruto de um estudo para valorizar o trabalho dos vereadores. A impressão era feita pela empresa Idealgraf e a distribuição, segundo ele, era de responsabilidade da própria empresa, e era feita em pontos de grande circulação, como terminais de ônibus. O que sobrava ia para a Câmara.

No caso de Cláudia Queiroz, jornalista responsável pela revista nas primeiras edições, em 2004, Gelbecke disse que ela foi uma das responsáveis por elaborar o conceito do veículo. O publicitário disse ser amigo de Cláudia e que ambos trocavam "favores profissionais", mas que as empresas não tinham qualquer relação formal. Na época das primeiras edições, Cláudia ainda não havia gerenciava, com sua empresa, parte da verba de publicidade da Câmara, o que só ocorreria dois anos.

Apesar de apresentar material jornalístico, a revista não era tratada pela Visão como um veículo jornalístico, e sim como um folder. Esse foi o motivo alegado pelo publicitário pelo fato de não constar no expediente a tiragem e a gráfica na qual era impressa, como exigido pela Lei de Imprensa, revogada em 2009. O cargo de jornalista responsável, segundo ele, era uma forma apenas de "dar crédito" ao trabalho dos jornalistas da Câmara, responsáveis pela maior parte das notícias publicadas. Ele classificou essa nomenclatura como um "erro".

O publicitário disse ainda que os efeitos da publicação foram satisfatórios, mas que não havia uma mensuração formal dos resultados. Isso, segundo ele, era verificado pela reação das pessoas durante a distribuição das revistas.

Sobre os pagamentos de publicidade a veículos, Gelbecke disse que as empresas que recebiam eram escolhidas de acordo com as necessidades de comunicação da Câmara. Segundo ele, parte delas era indicada pelo Legislativo e outra pela própria empresa. Gelbecke disse que, tanto a aprovação das ações propostas pela empresa quanto a recepção da prestação de contas eram de responsabilidade da diretoria da Câmara, e que Derosso (PSDB), não tinha participação direta

Gelbecke disse também ser vítima de um "linchamento moral" por parte da imprensa, e também reafirmou que a Visão está em processo de fechamento. O outro sócio da empresa, Luiz Eduardo Gluck Turkiewicz, não compareceu por motivos de saúde.

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