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Tratado com amizade e confiança pela família do estudante Osmar Freire Saraiva, de 21 anos, o porteiro do prédio, Merivanaldo Pio de Morais, de 35 anos, ajudou a seqüestrar o rapaz em frente ao edifício onde ele mora, na Avenida Alda Garrido, no Jardim Oceânico, Barra da Tijuca. O cativeiro, num prédio a menos de um quilômetro da residência de Osmar, foi estourado na noite de quarta-feira e o estudante, libertado. Até ser descoberto pela polícia, Merivanaldo se fez de amigo da família, acompanhando inclusive o pai de Osmar, o administrador de empresas Osvaldo Lacerda Soares, a quem fingia ajudar na negociação. A quadrilha de seqüestradores era composta por quatro porteiros de prédios diferentes. Todos eles foram presos.

Osmar ficou 13 dias em cativeiro no quarto de um outro porteiro, num prédio da Avenida Júlio de Moura, também no Jardim Oceânico. O estudante foi mantido num espaço de três metros por dois, onde morava Edvaldo Ferreira Pessoa, de 30 anos, que seria o mentor do seqüestro. O estudante foi encontrado encapuzado e tinha a cabeça enrolada com fita. Ao ser libertado, ele estava desorientado e desnutrido, já que passou todo o tempo comendo apenas biscoitos e bebendo água ou leite. Ele foi levado para o Hospital Rio Mar, na Barra. O universitário tinha sido seqüestrado em 19 de abril, quando voltava da faculdade.

Segundo o delegado Fernando Morais, da Delegacia Anti-Seqüestro (DAS), os criminosos foram presos depois de duas semanas de investigações. Neste período o pai do estudante conseguiu baixar o valor do resgate, que deveria ser entregue ao bando na noite de segunda-feira, na porta de uma lanchonete na Freguesia, em Jacarepaguá. Pouco antes do horário do encontro, no entanto, policiais prenderam Edvaldo na Favela Rio das Pedras.

Preso, Edvaldo indicou ao delegado o local do cativeiro, onde também foi preso Edmilson Ferreira Pessoa, de 23 anos, irmão de Edvaldo e que atuava como carcereiro do rapaz. A polícia já desconfiava de Merivanaldo, o porteiro do prédio de Osmar, mas o manteve próximo da família para não prejudicar as investigações.

- Eu estava com o dinheiro para pagar o resgate, do lado do bandido - falou, emocionado, o pai de Osmar, Osvaldo Soares.

Nas negociações, os seqüestradores exigiram que Osvaldo entregasse o dinheiro do resgate no carro de Merivanaldo, perguntando se o pai de Osmar não teria um porteiro de confiança para ajudá-lo. "Todo porteiro tem carro, pede ajuda dele para entregar o dinheiro", chegaram a sugerir os bandidos.

- Não era uma quadrilha especializada, mas eles não eram totalmente amadores - disse o delegado.

Na madrugada desta quinta os agentes da DAS prenderam um quarto envolvido no seqüestro: Antonio Acredio Feitosa, de 33 anos, que também trabalhava como porteiro na vizinhança. A prisão ocorreu num prédio na Rua Eurico de Souza Filho, a menos de 500 metros do cativeiro. Era ele que dirigia o Palio verde, placa MBB 4668, no dia do seqüestro. Além do carro, os policiais apreenderam a moto Honda Titã 125, placa LRT 0727. Na delegacia ele negou a participação no caso, mas foi acusado pelos cúmplices.

Os criminosos alegaram ao delegado que, no dia do seqüestro, estavam com armas de brinquedo. De acordo com o policial, a maior dificuldade enfrentada nas investigações foi a falta de cooperação das empresas de telefonia celular. O delegado disse que o seqüestro poderia ter durado apenas cinco dias, se não fosse a dificuldade imposta pelas companhias para o rastreamento das ligações.

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