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Um dia depois de ser alvo de manifestações, Dilma Rousseff (PT) prometeu mais “humildade” e “diálogo”. O posicionamento, anunciado após reunião da presidente com o vice, Michel Temer, e 11 ministros, está distante de se transformar em respostas práticas à onda de descontentamento contra a gestão petista. Governistas e oposicionistas veem pouca margem de manobra para Dilma.

“A grandiosidade do movimento foi com certeza muito superior à força do governo para superar esse impasse”, diz o líder da oposição no Senado, Alvaro Dias (PSDB). Para ele, toda e qualquer proposta que não dependa apenas do governo não terá apelo para a população. “Ninguém vai cair na história de apresentar projetos para o Congresso aprovar, até porque a presidente não tem controle sobre sua base.”

Ainda assim, o tucano acredita que há uma saída de curto prazo – uma ampla reforma administrativa. “Dá para Dilma, sozinha, cortar pela metade o número de ministérios e remontar toda a equipe. É só deixar de lado a relação promíscua com os aliados no Congresso e nomeando pessoas competentes, independentemente dos partidos.”

Reduzir os 39 ministérios, no entanto, vai retirar espaços de partidos que já estão descontentes com o modelo atual, como o PMDB. No sentido contrário, o presidente do PT no Paraná e deputado federal, Ênio Verri, diz que um dos caminhos é dar mais espaço aos peemedebistas. “Melhorar a representação do PMDB é melhorar a relação com o Congresso”, ressalta.

A leitura de Verri é de que o país não passa por uma crise econômica, mas política. “A essência da crítica está na sensação da população de que não é representada pelo nosso atual sistema político”, diz o petista. Para ele, a resposta imediata à demanda por mais combate à corrupção é a adoção de alternativas mais rígidas de transparência no gasto público, que não dependem de aval do Congresso.

No campo econômico, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse ontem a empresários de São Paulo, onde as manifestações levaram mais gente às ruas, que a situação das contas públicas impede novos estímulos à economia – o que indica que não haverá medidas de curto prazo. Segundo ele, é momento de superar o “medo”. “É importante termos coragem para dar certo no tempo certo”, declarou.

Vice-líder do governo na Câmara, o deputado paranaense Ricardo Barros (PP) opina que a crise com o Congresso, que tem travado o pacote de ajuste econômico, pode ser solucionada com um “redirecionamento” de Dilma. “Ela pode trocar os atuais interlocutores ou fazer com que eles atuem de uma outra maneira”, cita Barros. “O lado bom é que acompanhamos manifestações ordeiras, pacíficas, que abrem margem para o governo mudar. É só querer.”

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