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Plenário da Câmara: com 513 parlamentares, líderes partidários costumam usar mais a palavra | Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara: com 513 parlamentares, líderes partidários costumam usar mais a palavra| Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados

Parlamento. A origem etimológica da palavra vem do latim: parlare, que significa falar. Mais de dois milênios se passaram desde a democracia grega e a República romana, mas o ato de discursar ainda é uma das funções mais importantes dos homens públicos modernos. A reportagem da Gazeta do Povo fez um levantamento para saber quais deputados paranaenses mais discursam no plenário da Câmara Federal – e quais preferem usufruir de seus mandatos de uma forma mais quieta.

INFOGRÁFICO: Veja quem são os deputados paranaenses que mais falaram no plenário

Um dos principais líderes da oposição, Rubens Bueno (PPS) é o paranaense que mais falou durante esta legislatura – 979 pronunciamentos, quase três vezes mais que a segunda colocada, Rosane Ferreira (PV). Por outro lado, dois deputados, Nelson Meurer (PP) e Odílio Balbinotti (PMDB), não se manifestam no plenário desde 2011.

Boa parte dessas falas não é exatamente discurso. O sistema da Câmara contabiliza também questões de ordem (quando um deputado contesta ou tem dúvida sobre algum procedimento de plenário), orientações de voto e comunicados aos deputados. Ainda assim, os números dão uma ideia do perfil de cada deputado no Congresso.

Líder absoluto entre os paranaenses, Rubens Bueno considera que o poder da argumentação ainda é capaz de "virar" votações na Câmara. "Especialmente quando vamos votar emendas a projetos", diz. Ele cita um exemplo ocorrido em dezembro de 2014: a oposição, mesmo em larga desvantagem, conseguiu aprovar uma emenda a uma Medida Provisória que corrige a tabela do imposto de renda em 6,5%.

Já Rosane, ainda em primeiro mandato, considera que o debate nas comissões e nas reuniões de liderança são o que realmente definem as votações no plenário. Ainda assim, ela considera que, ao assumir publicamente um posicionamento, um deputado pode fazer com que colegas tenham coragem de externar sua opinião – independentemente do conteúdo do discurso.

Bueno pondera, entretanto, que fez mais pronunciamentos que outros deputados por ser líder partidário. "O líder tem direito a palavra a qualquer momento", explica. Além disso, o PPS é um partido de oposição – que geralmente tem menos ferramentas de negociação que as legendas governistas, e precisa gastar mais saliva para convencer o resto do parlamento a tomar uma decisão.

Outro deputado de oposição que chama a atenção pelo número de pronunciamentos é Luiz Carlos Hauly (PSDB). Ele ficou na oitava posição, com 161 pronunciamentos. Chama a atenção, porém, que ele passou a maior parte da legislatura como secretário estadual da Fazenda. Na prática, ele exerceu seu mandato apenas em 2014.

Outras funções

Os deputados mais quietos argumentam que falar pode até ser importante para alguns parlamentares, mas que preferem outras maneiras de exercer sua vida pública. A assessoria de Balbinotti, por exemplo, definiu sua forma de trabalho como "municipalista". A principal função de seu mandato é trazer recursos para as regiões que representa – e não participar do debate.

Senadores do Paraná discursaram acima da média da Casa

Em 2014, no Senado, os representantes do Paraná não estão entre os que mais falaram no plenário, mas aparecem acima da média nacional. Alvaro Dias (PSDB) fez 53 pronunciamentos e apareceu como o 14.º parlamentar que mais falou; Gleisi Hoffmann (PT) fez 51, e aparece como a 16.ª. Já Roberto Requião (PMDB) fez 28 pronunciamentos no plenário – exatamente a média de pronunciamentos dos senadores. Além deles, Wilson Matos (PSDB) chegou a exercer parte do mandato de Alvaro durante o período eleitoral, e fez dois pronunciamentos.

Se algum desavisado ligar a TV Senado, pode facilmente achar que está assistindo a algum programa de Porto Alegre. Os senadores gaúchos Paulo Paim (PT) e Ana Amélia (PP) são os dois que mais fizeram pronunciamentos. Paim fez 135 pronunciamentos – um a mais do que todos os paranaenses juntos. Ana Amélia fez 117. São os dois únicos senadores com mais de cem discursos em plenário no ano – a terceira colocação ficou para o paulista Eduardo Suplicy (PT), com 97. Considerando também Pedro Simon (PMDB), que fez 41 pronunciamentos, os senadores gaúchos fizeram 12,7% dos discursos em 2014.

Figuras de destaque no Senado, como Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Cristovam Buarque (PDT-DF) e o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), também aparecem entre os mais "falantes". Ainda assim, chama a atenção que alguns dos pesos-pesados do Congresso pouco falaram. Candidato à presidência, Aécio Neves (PSDB) se pronunciou apenas 17 vezes. Os ex-presidentes Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) também falaram pouco: oito e sete pronunciamentos, respectivamente.

Os números estão disponíveis no site do Senado e consideram discursos, encaminhamentos, apresentação de relatórios ou questões de ordem. Entretanto, não são considerados os apartes – quando um parlamentar abre espaço em seu discurso para que um colega faça algum comentário.

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