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Governabilidade

Queda de braço com o Congresso

Apesar de contar com uma grande base aliada, Dilma Rousseff enfrenta críticas de aliados que não concordam com sua postura linha-dura

Dilma entre os presidentes da Câmara, Marco Maia (esq.), e do Senado, José Sarney: votações não são garantidas | Wilson Dias/ABr
Dilma entre os presidentes da Câmara, Marco Maia (esq.), e do Senado, José Sarney: votações não são garantidas (Foto: Wilson Dias/ABr)

Quinze meses depois de formar uma gigantesca base de apoio dentro do Congresso, com 17 partidos aliados, a presidente Dilma Rousseff viu esse amplo arco de alianças se desmantelar na semana passada e terá de enfrentar o painel de votação do Senado na terça-feira sem saber com quantos parlamentares pode contar.

Vence na quarta-feira a medida provisória que trata do sistema de defesa civil, o que obrigará os governistas a tentar aprová-la na véspera para não deixá-la morrer – mesmo sem o apoio do PR, que rompeu com o governo há quatro dias. "Como não dá para pôr na geladeira nem o PR nem a MP, não tem como adiar a votação. Vamos ter de trocar o pneu com o carro em movimento", diz o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

O petista e o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reuniram-se na noite de quinta-feira com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para avaliar o conturbado cenário da semana, e acertar a agenda que terá de ser enfrentada nos próximos dias.

Hoje, praticamente todos os partidos da base têm queixas contra o governo ou contra o estilo linha-dura da presidente e de seus principais articuladores. Bancadas organizadas e bem articuladas, como as dos ruralistas, do Nordeste e dos evangélicos, não escondem as restrições ao governo federal por se sentirem discriminadas em assuntos de seu interesse, como o Código Florestal e a Lei Geral da Copa.

Incomodados com políticas como a do Banco do Nordeste, que está executando dívidas de 200 mil produtores rurais, parlamentares da região estão articulando a entrega de uma carta à presidente Dilma.

PMDB e PT, os dois partidos que formam a espinha dorsal do governo, também têm reclamações sobre a interlocução com o governo e não escondem a insatisfação com estilo duro implementado na articulação, principalmente pela ministra Ideli. Ela quase sempre perde a paciência em reuniões, chega a gritar. A ela é atribuído o afastamento do PR da base.

Nesse cenário, o governo teme que até o PMDB e o PT, os dois maiores partidos do Congresso, com 161 deputados e 32 senadores, possam registrar dissidências numerosas nas votações. Exemplos existem, como por exemplo na votação do projeto que cria novas regras para a previdência do servidor público. O PT registrou oito votos contrários; o PSB, 17 entre os 29 votantes; o PDT 22 em 24.

Mudanças

Na semana passada, com as insatisfações já públicas, a base aliada avisou que queria repactuar a relação com a presidente Dilma. Mas a situação se agravou com a demissão dos líderes governistas na Câmara e no Senado, respectivamente Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Romero Jucá (PMDB-RR). A tensão cresceu com o discurso do novo líder Eduardo Braga, de que "era hora de mudar as práticas políticas" no Brasil. A base entendeu que, agora, terá mais dificuldades para fazer nomeações políticas.

A liberação de emendas ao Orçamento, que sempre preocupa em ano eleitoral, também promete acirrar a crise. Na semana passada, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) enviou ofício a Ideli com cópia da carta da prefeita Élia Jaques (PMDB), do município de Peixe Boi. De uma emenda de 2009, de R$ 296 mil, só chegaram à cidade R$ 6 mil. "A empresa foi embora por falta de pagamento. Deixou lá os buracos."

Interatividade

A popularidade de Dilma pode ajudá-la no relacionamento com os parlamentares?

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