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Dilma entre os presidentes da Câmara, Marco Maia (esq.), e do Senado, José Sarney: votações não são garantidas | Wilson Dias/ABr
Dilma entre os presidentes da Câmara, Marco Maia (esq.), e do Senado, José Sarney: votações não são garantidas| Foto: Wilson Dias/ABr

Reação

Aprovação de Dilma será ressaltada

Mesmo diante da constatação de que a crise que tomou conta da base aliada não é artificial, o núcleo do governo pretende se valer da elevada popularidade da presidente Dilma Rousseff para que as novas regras estabelecidas por ela na articulação política prevaleçam.

"A presidente tem um grande trunfo: aprovação recorde de sua gestão. Por isso, a estratégia é trabalhar com o tempo a nosso favor. A base governista decidiu testar a capacidade do governo de resistir ao enfrentamento. Vamos inverter esse jogo. Nós é que vamos testar a capacidade da base de insistir na tática da faca no pescoço", ressaltou um ministro petista.

Para amenizar a crise, interlocutores da presidente contam com a volta do ex-presidente Lula às articulações políticas. Para muitos, Lula é o único político com influência real nas decisões de Dilma. "A presidente Dilma só costuma ouvir quatro pessoas para tomar decisões políticas: o seu Luiz, o seu Inácio, o seu Lula, e o seu Da Silva", resumiu um interlocutor assíduo da presidente.

Agência O Globo

Quinze meses depois de formar uma gigantesca base de apoio dentro do Congresso, com 17 partidos aliados, a presidente Dilma Rousseff viu esse amplo arco de alianças se desmantelar na semana passada e terá de enfrentar o painel de votação do Senado na terça-feira sem saber com quantos parlamentares pode contar.

Vence na quarta-feira a medida provisória que trata do sistema de defesa civil, o que obrigará os governistas a tentar aprová-la na véspera para não deixá-la morrer – mesmo sem o apoio do PR, que rompeu com o governo há quatro dias. "Como não dá para pôr na geladeira nem o PR nem a MP, não tem como adiar a votação. Vamos ter de trocar o pneu com o carro em movimento", diz o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

O petista e o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reuniram-se na noite de quinta-feira com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para avaliar o conturbado cenário da semana, e acertar a agenda que terá de ser enfrentada nos próximos dias.

Hoje, praticamente todos os partidos da base têm queixas contra o governo ou contra o estilo linha-dura da presidente e de seus principais articuladores. Bancadas organizadas e bem articuladas, como as dos ruralistas, do Nordeste e dos evangélicos, não escondem as restrições ao governo federal por se sentirem discriminadas em assuntos de seu interesse, como o Código Florestal e a Lei Geral da Copa.

Incomodados com políticas como a do Banco do Nordeste, que está executando dívidas de 200 mil produtores rurais, parlamentares da região estão articulando a entrega de uma carta à presidente Dilma.

PMDB e PT, os dois partidos que formam a espinha dorsal do governo, também têm reclamações sobre a interlocução com o governo e não escondem a insatisfação com estilo duro implementado na articulação, principalmente pela ministra Ideli. Ela quase sempre perde a paciência em reuniões, chega a gritar. A ela é atribuído o afastamento do PR da base.

Nesse cenário, o governo teme que até o PMDB e o PT, os dois maiores partidos do Congresso, com 161 deputados e 32 senadores, possam registrar dissidências numerosas nas votações. Exemplos existem, como por exemplo na votação do projeto que cria novas regras para a previdência do servidor público. O PT registrou oito votos contrários; o PSB, 17 entre os 29 votantes; o PDT 22 em 24.

Mudanças

Na semana passada, com as insatisfações já públicas, a base aliada avisou que queria repactuar a relação com a presidente Dilma. Mas a situação se agravou com a demissão dos líderes governistas na Câmara e no Senado, respectivamente Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Romero Jucá (PMDB-RR). A tensão cresceu com o discurso do novo líder Eduardo Braga, de que "era hora de mudar as práticas políticas" no Brasil. A base entendeu que, agora, terá mais dificuldades para fazer nomeações políticas.

A liberação de emendas ao Orçamento, que sempre preocupa em ano eleitoral, também promete acirrar a crise. Na semana passada, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) enviou ofício a Ideli com cópia da carta da prefeita Élia Jaques (PMDB), do município de Peixe Boi. De uma emenda de 2009, de R$ 296 mil, só chegaram à cidade R$ 6 mil. "A empresa foi embora por falta de pagamento. Deixou lá os buracos."

Interatividade

A popularidade de Dilma pode ajudá-la no relacionamento com os parlamentares?

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