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Legislativo estadual

R$ 5 mi de gastos irregulares na AL

Esse é o valor mensal que a nova direção da Assembleia estima ser desperdiçado de forma ilegal, com o pagamento de salários de fantasmas e contratos indevidos

Fernando Guimarães, presidente do TC: órgão anunciou ontem que fará uma auditoria na Assembleia a partir da semana que vem | Marcelo Elias / Gazeta do Povo
Fernando Guimarães, presidente do TC: órgão anunciou ontem que fará uma auditoria na Assembleia a partir da semana que vem (Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo)

A nova direção da Assembleia Legislativa do Paraná (AL) calcula que a Casa gaste de forma indevida cerca de R$ 5 milhões todos os meses. Esse dinheiro, que somaria pelo menos R$ 60 milhões anuais, seria gasto com o pagamento de salários de servidores que não trabalham e com contratos irregulares do Legislativo. As informações foram divulgadas ontem pelo novo primeiro-secretário da Assembleia, Plauto Miró (DEM), em entrevista ao telejornal Paraná TV 2.ª edição, da RPC TV.

Plauto não especificou em quais contratos haveria indícios de irregularidades. Ele afirmou, porém, que nos primeiros dias da nova gestão da Casa, que se iniciou na terça-feira, foram identificados muitos servidores fantasmas. A avaliação inicial é de que, dos 516 funcionários efetivos da Assembleia, cerca de metade não tem função nenhuma e não trabalhava.

"Muita gente que não trabalhava recebia [salário]. A partir de agora as pessoas que não trabalham não vão receber", assegurou Plauto. À RPC TV, o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), não descartou a possibilidade de haver demissões de servidores sem função, o que promoveria economia de recursos públicos.

A nova direção da Assembleia também constatou que a maioria dos funcionários da Casa não trabalhava às sextas-feiras, tendo portanto um fim de semana de três dias. Outra descoberta é que muitos servidores comissionados (não efetivos) que foram demitidos nesta semana continuam aparecendo na Casa como se não tivessem sido exonerados.

A constatação de que as irregularidades na Assembleia persistiam coloca a antiga administração, comandada pelo ex-presidente da Casa Nelson Justus (DEM), em uma situação delicada. Justus assegurou, por exemplo, que não haveria mais funcionários fantasmas após o recadastramento de servidores que ele promoveu no ano passado, ocorrido depois das denúncias das reportagens da série Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV.

Auditoria

O Tribunal de Contas do Paraná (TC) anunciou ontem que vai iniciar na semana que vem uma auditoria de monitoramento na Assembleia. O objetivo da auditoria será verificar que tipo de medidas de controle interno a Casa está adotando para corrigir as inúmeras irregularidades encontradas no Legislativo estadual ao longo do ano passado.

Entre as ações que serão feitas pelo TC, estão o recadastramento dos servidores da Assembleia e uma avaliação detalhada do quadro de pessoal, sobretudo da contratação dos funcionários comissionados. Entre as medidas práticas que serão adotadas, Guimarães destacou a verificação do cumprimento da legislação quanto à contratação de comissionados. De acordo com o presidente do TC, será feita uma avaliação completa do quadro de pessoal da Assembleia. "Vamos avaliar se as indicações são adequadas ao cargo em questão, desde a forma de admissão até os princípios de economicidade, publicidade, etc", declarou.

O trabalho do tribunal, que não tem data para ser concluído, estará disponível à consulta popular, garantiu o presidente da instituição, conselheiro Fernando Guimarães.

A auditoria na Assembleia havia sido proposta por Guimarães como uma das suas primeiras medidas à frente do cargo quando ele tomou posse da presidência do TC, há três semanas. Na ocasião, o conselheiro admitiu que o tribunal falhou na fiscalização das contas do Legislativo, permitindo que um esquema de corrupção desviasse, segundo estimativa do Ministério Público Estadual (MP), pelo menos R$ 100 milhões dos cofres públicos.

Entre 2006 e 2008, o TC aprovou por unanimidade e sem restrições as contas da Assembleia – período em que, de acordo com investigação do MP, o Legislativo manteve funcionários fantasmas e laranjas em seu quadro. A irregularidade foi descoberta e revelada pela Gazeta do Povo e pela RPC TV na série de reportagens Diários Secretos. "Vamos trabalhar no sentido de otimizar o controle e evitar que isso [as irregularidades] volte acontecer. O destinatário desse trabalho, que terá total transparência, será a sociedade", afirmou Guimarães.

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