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Novo presidente da Câmara, Aílton Araújo diz que não pode acatar o requerimento: contra a lei | Lucas Pontes/Gazeta do Povo
Novo presidente da Câmara, Aílton Araújo diz que não pode acatar o requerimento: contra a lei| Foto: Lucas Pontes/Gazeta do Povo

Ano começa com bate-boca entre alas

O recesso de início de ano não serviu para cicatrizar as brigas da eleição para a Mesa Executiva da Câmara de Curitiba. Na primeira sessão ordinária de 2015, vereadores da capital voltaram a bater boca sobre a legitimidade do pleito. De um lado, os vereadores Valdemir Soares (PRB) e Jorge Bernardi (PDT) se referiram ao presidente Aílton Araújo (PSC) como "presidente sub judice". Já Paulo Salamuni (PV) e Professora Josete (PT) acusaram os adversários de serem ligados ao ex-presidente João Cláudio Derosso.

Os atritos entre os dois lados podem acelerar a formação de uma bancada de oposição – algo que não existe na Câmara desde que Gustavo Fruet (PDT) assumiu a prefeitura, ao menos de forma oficial. Atualmente, o bloco de Soares e Bernardi – curiosamente, do partido de Fruet – se apresenta como uma bancada "independente".

A briga começou quando Bernardi insinuou que Araújo e o resto da Mesa Executiva foram eleitos após uma "trapaça". A acusação não foi bem recebida por Salamuni, que usou o horário da liderança do prefeito para se defender. "O Aílton [Araújo] é o presidente de fato e de direito. O voto foi aberto e o plenário é soberano", disse.

Ele também acusou o colega de "mudar de lado" durante o processo e de ter aderido a um grupo sob a influência de Derosso. Josete saiu em defesa de Salamuni e Araújo, dizendo que a boa notícia da eleição era a "redução da influência de Derosso".

O bloco "independente" contesta a validade da eleição porque, pelo regimento, a presidência deveria ficar com o maior partido ou bloco da Casa. Um dia antes, dois blocos foram formados: um liderado por Soares e outro por Araújo. O prazo final para a homologação desses blocos era às 18h da véspera da votação, mas o grupo de Araújo só teve seu pedido registrado nos servidores da Câmara às 18h10 . Parte do atraso, entretanto, pode ser creditado ao fato de que Soares rasgou deliberadamente o registro da chapa adversária poucos minutos antes do prazo acabar. Araújo acabou eleito por 25 votos a 12. Líder extraoficial do bloco, Soares ingressou na Justiça pedindo a anulação da votação.

O bloco independente da Câmara de Curitiba formalizou ontem sua primeira proposta. O vereador Valdemir Soares (PRB) apresentou um requerimento à presidência da Casa pedindo o repasse de R$ 40 milhões, que hoje estão no Fundo Especial da Câmara Municipal (FEC), para a prefeitura de Curitiba. Segundo o vereador, o dinheiro poderia ser usado para resolver a falta de pagamento de servidores da saúde e ajudar no custeio do transporte coletivo do município.

Criado em 2009, o FEC é constituído pelas sobras orçamentárias da Câmara, e tem como finalidade custear a construção de um novo prédio para o Legislativo. Caso o imóvel não saia do papel até 2023, o dinheiro terá de ser devolvido à prefeitura. Hoje, há cerca de R$ 41 milhões de saldo. "A Câmara precisa fazer seu papel nessa questão do ônibus. Será que a gente vai ter que esperar manifestações com violência e vandalismo até fazer alguma coisa?", disse Soares.

O problema, contudo, é que os recursos do FEC não podem ser usados com qualquer outra finalidade que não a reforma da Câmara. A lei foi modificada em 2013, e nem mesmo despesas de custeio da Casa podem ser bancadas por essa verba – quanto mais despesas de custeio da prefeitura. Para utilizar os recursos de outra forma, os vereadores precisariam aprovar uma nova lei – Soares diz que não vê problemas em apresentar um projeto nesse sentido.

Presidente da Câmara, Aílton Araújo (PSC) afirmou que não pode acatar o requerimento, uma vez que ele contraria uma lei. Ele disse, também, ser contrário a uma eventual modificação legal. Para ele, o FEC poderia até solucionar o problema de agora, mas a medida não teria efeito no futuro. "Não vejo como uma boa ideia. Seria uma medida imediatista. O ônibus está assim e a saúde está assim justamente porque não se planejou, não se olhou para frente", afirmou.

Não seria a primeira vez que a Câmara Municipal cede recursos à prefeitura para solucionar problemas nessas duas áreas. Em 2013, a Câmara cedeu R$ 10 milhões para custear a redução da tarifa de ônibus. Em 2014, foram R$ 11 milhões destinados à saúde. Esse dinheiro não chegou a ser depositado no FEC.

Fundo suficiente

Araújo disse, também, que a Câmara não vai mais depositar suas sobras orçamentárias no FEC. Segundo ele, o Legislativo já tem recursos suficientes para construir o novo prédio. A partir de 2015, o dinheiro será devolvido à prefeitura. Ainda assim, só deve ocorrer no fim do ano. "Sobra recursos agora [para pagar as contas da Câmara], mas pode faltar mais para frente. Seria uma irresponsabilidade [fazer a devolução agora]."

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