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Os deputados estaduais do Paraná estão em recesso e as votações na Assembléia só voltam no início de agosto. Para justificar o período de parada legislativa, os parlamentares dizem que esse é um tempo necessário para eles visitarem com mais calma suas bases eleitorais.

Muitos deputados, porém, nem sequer conseguem dar atenção a todos os municípios que compõem tais bases eleitorais – tamanha a quantidade de cidades representadas por um único parlamentar. Há os parlamentares que contabilizam até 100 municípios como base eleitoral. Para que eles possam estar, nesses 15 dias de recesso do meio do ano, em todos eles, seria preciso que visitassem, no mínimo, quatro cidades por dia. Isso faz com que o tempo destinado a observar os problemas locais e conversar com a população fique reduzido.

Diante desse defeito do sistema político nacional, discute-se a adoção do voto distrital no Brasil, pois o parlamentar passaria a representar um distrito que, teoricamente, seria menor do que sua base atual, facilitando o contato direto com o cidadão. Na forma como ocorre atualmente, o sistema de eleição proporcional, os deputados acabam tendo que receber votos de uma região muito ampla para se eleger.

Apesar disso, a grande maioria dos deputados estaduais paranaenses é contra o voto distrital. Eles se dizem a favor do distrital misto, onde parte das vagas é preenchida pela forma distrital e a outra parte pelo sistema proporcional.

Mas enquanto a reforma política não acontece, os deputados continuam alegando que necessitam do recesso parlamentar para "percorrer trechos" de suas bases, pois são deputados de todo o estado. Eles próprios, no entanto, admitem que nessa peregrinação não conseguem atender aos cidadãos como queriam e deveriam.

"Visitar um município por dia é muito raro. Eu, geralmente, vou a seis cidades por fim de semana. Temos de otimizar o tempo", afirma o deputado estadual Ademar Traiano, líder do PSDB na Assembléia Legislativa e que tem como base eleitoral a região Sudoeste do estado. "Mas também represento as regiões Oeste e Noroeste. Fiz votos com intensidade em cerca de 100 municípios."

Ele admite que o contato com o povo é precário. "Na maioria das vezes, visitamos mais as lideranças locais e estamos presente em algumas festas", diz Traiano. Segundo ele, no recesso realmente não é possível visitar todos os municípios. "Temos de fazer uma escala de visitas."

Outro deputado estadual que admite ter dificuldades em visitar as bases eleitorais é Caíto Quintana (PMDB). Ele representa cerca de 60 municípios, onde os prefeitos o consideram seu representante parlamentar. Só na principal região eleitoral dele, o Sudoeste, são mais de 40 cidades sob o comando politico do peemedebista. "Tem gente que fala que visita mais de dez municípios por fim de semana. Eu visito uns quatro."

De acordo com Quintana, a rotina de viagens ao interior é árdua e cansativa. Requer ficar longe da família, de casa e dos amigos. Ainda assim, ele reconhece que não dá para ir a todos os municípios com freqüência. "Há cidades que não visitei neste ano. No recesso, vou, pelo menos, a algumas delas", afirma o parlamentar do PMDB, contando que no último fim de semana, saiu do casamento do deputado estadual Alexandre Curi (PMDB) de madrugada e seguiu diretamente para visitas a Figueira e Curiúva, no Norte Pioneiro.

O líder do PT na Assembléia Legislativa, Élton Wélter, é um daqueles deputados que visitam mais de uma dezena de cidades em dois dias. "Em um fim de semana, chego a visitar até 12 municípios. Infelizmente, eles são mais ou menos bem atendidos", diz o petista, contando que dá atenção especial mesmo à Região Oeste, nos arredores de Toledo, sua principal base.

Wélter, além de defender o recesso para visitar municípios, também diz que o período serve de descanso. "Ao contrário do que a população pensa, os políticos trabalham muito. Por isso, o recesso. O período legislativo é desgastante. Os trabalhos na Assembléia Legislativa são intensos."

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