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O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou ontem que a decisão de conceder status de refugiado ao extremista italiano Cesare Battisti - cujo pedido foi apoiado por militantes de esquerda e intelectuais - tenha sido de natureza política. "Quero ver apontarem algum erro jurídico nessa minha decisão", disse o ministro, que na tarde de ontem visitou o Estado e concedeu entrevista à TV Estadão.

O advogado de Battisti, Luiz Eduardo Greenhalgh, é ex-deputado federal pelo PT, mesmo partido de Genro. O ministro admitiu ter recebido Greenhalgh antes da concessão do benefício. "Recebi também visitas do embaixador italiano, que manifestou o desejo de seu governo de que Battisti fosse extraditado", disse o ministro.

Segundo Genro, sua própria militância de esquerda não influenciou na concessão do benefício. "Se fosse considerar a minha trajetória política pessoal, teria dado a extradição. Sempre deplorei esse tipo de atividade política, atentados pessoais, terrorismo, violência armada. Eu, na verdade, contrariei minha tradição política." O ministro afirmou que tomaria a mesma atitude se Battisti fosse um militante de direita.

Para ele, o extremista foi condenado a prisão perpétua sem que pudesse se defender propriamente. Ele nega participação nos quatro assassinatos de que é acusado. "A procuração do advogado que o representou na Itália foi falsificada, segundo indica uma perícia. E seu único acusador, um ex-companheiro, fez acordo com a Justiça e mudou de identidade. Ou seja, desapareceu", afirmou. Ao embasar sua decisão, Genro citou ainda o fato de o italiano ter sido reconhecido como refugiado por 11 anos na França, quando o país era presidido por François Mitterrand.

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