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O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentou nesta quinta-feira a conclusão parcial de uma investigação nos contratos entre a DNA Propaganda, empresa de Marcos Valério de Souza, e a Visanet, empresa cujo principal acionista é o Banco do Brasil (BB), com 33% do capital.

O relator afirmou que Marcos Valério recebia dinheiro da Visanet por trabalhos de publicidade e depois depositava a verba em bancos que, posteriormente, realizariam supostos empréstimos.

- Esse dinheiro vai para o BMG e ele empresta. Em outra oportunidade, um outro pagamento vai para o Banco Rural, que também empresta e não cobra - disse.

O levantamento apresentado por Serraglio mostra que em 2003 - quando Henrique Pizzolato era presidente do banco - o BB fez uma nota técnica informando à Visanet que apenas a agência DNA iria cuidar das contas de publicidade, e não mais as três agências que antes dividiam os trabalhos.

A CPI apurou que, entre 2003 e 2004, R$ 73,8 milhões foram repassados do BB para a DNA. Segundo Serraglio, um dos contratos que chama a atenção trata de um repasse feito no dia 12 de março de 2004 de R$ 35 milhões. Foi um adiantamento de pagamento, sem que o serviço estivesse executado - o que a CPI considerou irregular.

Segundo a comissão, três dias depois, a DNA aplicou R$ 34,8 milhões em um fundo do BB. No dia 22 de abril, a DNA transferiu R$ 10 milhões do BB para o BMG, favorecendo o próprio BMG. No dia 26 de abril o BMG concedeu um empréstimo à empresa Rogério Lanza Associados, com Marcos Valério como sócio - justamente no valor de R$ 10 milhões.

Na relação apresentada à CPI por Marcos Valério, esse dinheiro consta como um empréstimo que depois foi repassado ao PT.

- Essa antecipação de pagamento é irregular e fica claro que os R$ 10 milhões foram direcionados para o PT - disse Serraglio.

Procurado pela CPI, o BB apresentou uma notificação que teria enviado à DNA no dia 25 de outubro de 2005, sobre uma investigação interna que fez sobre o assunto. O banco aponta que dos R$ 35 milhões adiantados como pagamento, R$ 9 milhões foram serviços pagos que não foram executados. O sub-relator da CPI, Eduardo Paes (PSDB-RJ), diz que o banco só notificou a DNA depois que percebeu que a CPI estava perto de desvendar o esquema.

Outros contratos da Visanet entre o Banco do Brasil e a agência DNA ainda estão sendo investigados. Um deles, do dia 19 de maio de 2003, mostra que o BB, operando em nome da Visanet, depositou R$ 23,3 milhões na conta da DNA, também como antecipação de pagamento por serviços.

Um dia depois, a DNA aplicou em fundos de investimentos do Banco do Brasil R$ 23,2 milhões. A CPI faz ligações desse dinheiro com um empréstimo de R$ 19 milhões que a SMP&B, outra empresa de Marcos Valério, fez no Banco Rural. Esse empréstimo consta na relação de Valério como sendo um empréstimo para o PT. Serraglio disse que ainda falta descobrir como o dinheiro foi do BB para o Rural, mas ele desconfia que tenha sido usado o mesmo esquema feito no BMG - um empréstimo que não foi pago.

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