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Brasília (AG) – O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), descartou ontem a possibilidade de a comissão parlamentar de inquérito "terminar em pizza", mesmo que nenhum deputado tenha o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara.

Segundo ele, a CPI está trabalhando de forma séria e não tem nenhuma relação com um eventual acordo para inocentar os investigados.

"Não tem como acabar em pizza. Mesmo que eventualmente no Conselho de Ética não tenha cassação, isso não afasta a corrupção. Estamos investigando coisas que independem de acordão. Não vai ser acordo que vai acabar com crime", afirmou.

Indagado se um acordão prejudaria ainda mais a imagem da Câmara, Serraglio disse que sim. "E tenho convicção de que a CPI não tem nada a ver com isso", completou.

Acordão

A discussão sobre possível acordão teria ganhado força com a manifestação do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que propôs uma "agenda mínima" de projetos a serem levados adiante e, quinta-feira, com a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a economia brasileira ainda é "muito vulnerável".

Na quinta-feira, também, parlamentares de diversos partidos confirmaram a negociação iniciada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), para tentar evitar a cassação de deputados do PL e do PTB.

A tentativa de acordo, que repercutiu mal na Câmara, prevê que o presidente do PL retire a representação contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), evitando a sua cassação, e em troca o petebista não represente contra parlamentares do PL.

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), confirmou que o PL fez uma consulta informal sobre a possibilidade de retirar a representação e sustar o processo contra Jefferson em andamento no Conselho de Ética desde o mês passado.

Para Jefferson, o acordo seria vantajoso, porque, como o processo já foi aberto, ele não pode mais renunciar ao mandato e evitar sua cassação e a conseqüente perda do direito de se candidatar nos próximos oito anos.

O PL, em troca, ganharia a desistência de Jefferson de representar contra Valdemar, Sandro Mabel e Carlos Rodrigues (PL-RJ). Semana passada, Jefferson anunciou que faria representação contra esses três e mais o deputado José Dirceu (PT-SP), mas ainda não fez.

Indignação

Integrantes da CPI dos Correios e do Conselho de Ética da Câmara rechaçaram a possibilidade de um acordo político de bastidores. "Na CPI, não há nenhum interesse em abafar as investigações. A questão política é uma coisa, e a economia é outra", afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS).

O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), que integra o Conselho de Ética, disse que a retirada da representação do PL contra Jefferson significará a desmoralização do Congresso.

"Isso é uma aberração. A Câmara iria para o descrédito total. A Casa pagaria o preço pela atitude de poucos", protestou.

O deputado Chico Alencar (PT-RJ) classificou a negociação de ilegítima e vergonhosa.

"Não vamos aceitar essa mutreta."

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