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Atualizado em 04/04/2006 às 18h23

O substitutivo do PT ao relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) usa as expressões "esquema Marcos Valério" e "caixa dois" para referir-se aos repasses feitos a parlamentares por meio do valerioduto, não usando a expressão "mensalão", empregada pelo relator da CPI dos Correios. Segundo o substitutivo, o esquema começou em 1997, portanto, no governo passado, e continuou em 2003, já no governo Lula, por meio do empresário Marcos Valério e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, com o mesmo modus operandi.

Preocupado com a possibilidade de a CPI terminar sem aprovação de um relatório final, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está reunido com o presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), Serraglio e os sub-relatores para uma última tentativa de acordo, já que Delcidio afirmou que vai encerrar a discussão nesta terça para votar o texto de qualquer maneira nesta quarta-feira.

O sub-relator Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) não perdeu a oportunidade de provocar o PT. Segundo ele, o partido percebeu que errou ao apresentar um relatório paralelo e agora, ao se dar conta que vai perder a votação, está buscando uma saída. Segundo o pefelista, o objetivo da reunião com Renan é convencer o PT a pôr o pé no chão e desistir do substitutivo.

- Se for a votação a gente ganha. Esse relatório é um suicídio. Viram a besteira que fizeram e agora querem conversar - afirmou.

Delcidio não tem deixado dúvida de que apóia o relatório de Serraglio. Segundo ele, o relatório pode passar por ajustes, mas trocá-lo por outro é precipitado. O senador petista disse ainda que não cabe voto de preferência para votar o relatório do PT na frente do de Serraglio e garantiu que não vai aceitar truques protelatórios.

- Não é possível não ter relatório. Temos que ter cuidado com o que fizermos porque nossa imagem está lá no chão - disse o petista.

Otimista, Delcidio acredita que Serraglio pode acatar algumas mudanças propostas pelo PT para facilitar a votação do relatório, mas o relator já avisou:

- Não vou fazer nenhum entendimento para fazer vergonha!

O relatório paralelo diz que a afirmação da existência de um suposto mensalão como compra de consciência de parlamentares para votação em favor de projetos do governo não se sustenta.

O substitutivo refere-se também ao dinheiro recebido pelos parlamentares como "recursos repassados aos partidos a título de empréstimo" e "caixa dois". O texto propõe o indiciamento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e de seu coordenador de campanha Cláudio Mourão por crime eleitoral na disputa do governo mineiro em 1998.

O relatório do PT aponta supostas evidências de que Marcos Valério manteve relacionamento constante e intenso com Azeredo desde sua campanha a governador de Minas em 1998, embora a CPI não tenha tido acesso aos sigilos telefônicos de 1997 a 1999, pois as operadoras de telefonia somente guardam dados dos últimos cinco anos.

"Contudo, no período de julho de 2000 a março de 2003 ocorreram 135 ligações entre o senador Azeredo e Marcos Valério, Cristiano de Mello Paz e a SMPB, conforme se comprova nos anexos deste relatório", destaca o texto.

O substitutivo também pede o indiciamento do dono do banco Opportunity, Daniel Dantas, pelos mesmos crimes que teriam sido cometidos por Marcos Valério: tráfico de influência, corrupção ativa e supressão de documentos. Segundo o texto, as empresas controladas por Dantas (Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular) são as principais depositantes nas contas de Marcos Valério no período entre 1997 a 2005.

O substitutivo retira a proposta de indiciamento dos parlamentares que receberam dinheiro do valerioduto, propondo em contrapartida que o Ministério Público aprofunde as investigações. O documento inclui o ex-deputado José Dirceu na lista de parlamentares.

O PT também propõe que o MP continue investigando o ex-presidente do partido José Genoino, o ex-assessor do PP João Cláudio Genu, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, o petista Vilmar Lacerda, o ex-tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri, o ex-ministro Anderson Adauto e a publicitária Zilmar Fernandes. São mantidos os pedidos de indiciamento de Duda Mendonça, Delúbio Soares e Sílvio Pereira, este último, apenas por tráfico de influência.

O substitutivo diz ainda que há dúvidas sobre a autenticidade da lista de Furnas e pede que o MP aprofunde as investigações.

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