Relatório final desagrada a todo mundo

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O relatório final da CPI dos Bingos apresentado nesta quinta-feira pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) conseguiu desagradar ao governo e à oposição e corre o risco de não ser aprovado no dia 20. A pressão foi tanta que o relator chegou a chorar.

A oposição admite que pode sair derrotada na votação, enquanto os governistas alegam que vão votar contra e apoiar um voto em separado do senador Magno Malto (PL-ES) mantendo no texto apenas o que diz respeito aos bingos, o que pode fazer com que a CPI acabe sem relatório.

A oposição queria o indiciamento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, por envolvimento na morte do prefeito de Santo André Celso Daniel. O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), disse ter ficado frustrado por não ter constado do relatório o fato de a CPI não ter conseguido autorização judicial para a quebra do sigilo bancário de Okamotto. Já o senador petista Tião Viana (AC) disse que o relatório "atingiu a honra de inocentes" como Antonio Palocci e Okamotto.

Os governistas dizem que o relatório se desviou do foco da CPI, que eram os bingos. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) deve apresentar um voto em separado para incluir os dois entre os indiciados. O não indiciamento de Dirceu e Carvalho acabou colidindo com o que diz o relatório, que aponta sem meias palavras o envolvimento dos dois no desvio de recursos para a prefeitura de Santo André.

Garibaldi diz que retirou os nomes da lista porque não havia elementos suficientes para incriminá-los. Diante de uma bateria de perguntas da imprensa sobre o assunto e da pressão de colegas da oposição, disse que não sofreu pressões e chegou a chorar:

- Posso até ter errado, mas este equívoco foi cometido pela minha conduta, e não por pressão de ninguém. Fiquei chocado (ao ser pressionado a explicar a mudança), não pensei que terminar assim para mim - disse, emocionado.

O relatório é duro ao falar de um possível abastecimento da campanha à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 por bingueiros. O texto cita reunião que teria ocorrido entre empresários do setor com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Palocci e o ex-assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz. Há outras duas referências a Lula. Sobre o empréstimo pago pelo presidente do Sebrae, Paulo Okamotto (incluído entre indiciados); e no caso do ex-petista Paulo de Tarso, que disse ter avisado Lula de fraudes nas prefeituras do PT. A relação com 79 pessoas inclui Antonio Palocci, cujo indiciamento proposto pelo relator está ligado à corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto. Ele é enquadrado em cinco crimes.

No texto, o relator da CPI acabou propondo a regularização dos bingos, mas não quis assumir a autoria da proposta polêmica. Disse que tinha recebido o material do presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), que negou ter dado a sugestão da legalização. No relatório final, o relator propõe que as verbas arrecadadas com bingos, em vez de irem para os esportes, sejam destinadas à área de segurança pública. O texto da CPI, no entanto, acaba admitindo que os bingos estão envolvidos com lavagem de dinheiro, jogo do bicho e tráfico e até homicídio. O relatório sugere que sejam transformados em crime o jogo do bicho, cassinos e caça-níqueis.