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O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu licença médica de dez dias para fazer uma bateria de exames. Com o pedido, que ainda não chegou à Mesa do Senado, Renan, que se mantém recluso em casa, não deve cumprir o prazo dado pelo senador Jefferson Peres (PDT-AM) para que apresente sua defesa na denúncia de que teria usado laranjas para esconder sociedade em emissoras de rádio em Alagoas. O prazo dado pelo relator do caso no Conselho de Ética termina na quarta-feira.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) comentou o andamento das apurações da segunda representação, já que a assessoria do relator Jefferson Peres informou que até o momento não foi encontrada nenhuma prova documental de que Renan se associou ao usineiro João Lyra para comprar de forma clandestina um jornal e duas emissoras de rádio em Alagoas. Nesta quarta-feira vence o prazo para que Renan entregue sua defesa escrita.

- Eu já esperava por isso. Ocorre que esta não é uma investigação judiciária, e sim política, para a qual não há necessidade de provas documentais. Basta o conjunto de ações que desacreditam o Senado - disse Alvaro Dias.

O Parlamentar lembrou que esse entendimento norteou a decisão do conselho na primeira representação, e que o mandato de Renan só não foi cassado em plenário porque nesta instância o voto foi secreto.

- É por esta razão que precisamos aprovar a PEC que torna o voto aberto - defendeu o senador, que não acredita em renúncia de Renan à Presidência do Senado e vê, portanto, como prematuras as especulações em torno da sucessão no Senado.

"Nós dois nos detestamos cordialmente", diz suplente sobre Renan

Rompido com Renan desde 2004, seu suplente, o ex-deputado José Costa, passou os últimos dois dias em Brasilia, mas à margem das negociações sobre uma eventual renúncia e sucessão. Ele é um peemedebista histórico, do chamado grupo dos autênticos, liderado por Ulysses Guimarães, e que tinha entre seus membros o hoje arquiinimigo de Renan, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), além de Marcos Freire, Cristina Tavares, Chico Pinto e outros. Ele evita falar sobre sua posse para os quatro anos do resto do mandato como senador por Alagoas, mas sabe que pode ser uma questão de meses ou semanas o desfecho desse caso. Costa viajou a Brasilia para visitar as filhas e fazer uma pesquisa na biblioteca da Câmara sobre titularidade de terras indígenas em Alagoas.

José Costa viajou no mesmo võo da ex-senadora Heloisa Helena, presidente do PSOL, que veio protocolar a sexta representação contra Renan, sobre as emendas para empresas fantasmas do ex-assessor José Albino. Sentaram-se lado a lado e deram boas gargalhadas sobre o infortúnio do conterrâneo. Costa foi informado de que o usineiro João Lyra tem documentos que podem levar à cassação de Renan no processo mais consistente, sobre a suposta sociedade secreta com o usineiro. Esses novos documentos serão entregues ao relator Jefferson Peres. Entre a papelada existiria uma carta assinada pelo presidente licenciado prometendo garantir a aprovação da renovação de concessões das rádio pertencentes a Lyra.

Sobre o rompimento, provocado pela intervenção de Renan no diretório regional, até então presidido por Costa, ele diz:

- Nós dois nos detestamos cordialmente.

Com seu afastamento da presidência do partido em Alagoas, assumiu Renan, que colocou no comando parentes, entre eles o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), inclusive, e Tito Uchôa, acusado de ser o principal laranja do senador.

- Torço para que o senador apresente ao Conselho e à sociedade provas cabais de sua inocência. Ganham com isso o Brasil e o Senado - declara José Costa.

Renan estaria aterrorizando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governistas, dizendo que, se cair, seria substituído por um "Jarbas 2". Mas Costa diz que não é inimigo de Lula e que os dois foram companheiros na Constituinte.

Mesa decide se aceita denúncia de emenda a empresa fantasma

Nesta terça-feira, às 11h, a Mesa do Senado estará reunida para decidir se aceita a abertura do sexto processo contra Renan. A representação do PSOL pede a cassação do mandato do peemedebista por supostamente beneficiar uma empresa fantasma com emenda no orçamento no valor de R$ 280 mil. O senador Álvaro Dias, que integra a Mesa na condição de segundo vice-presidente, afirmou nesta sexta-feira, em discurso no plenário, esperar que a Mesa acolha a abertura do processo.

- Esta denúncia dever ser investigada, não só porque é grave, e não ficaria bem o Senado deixar de investigá-la, mas também porque é a mais fácil de se apurar. Se ele alocou os recursos para a empresa, isso ficou registrado - explicou o senador.

Após ser absolvido da denúncia de que teve despesas pagas por umlobista, Renan se licenciou da Presidência, no dia 11, em conseqüência de uma noava denúncia contra ele, de que estaria espionando os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). Nesse caso, Dias acha difícil ter provas contra Renan:

- Há muito disse-me-disse, mas é muito difícil provar que Renan participou dessa "arapongagem" - observou Alvaro Dias.

Renan inicia articulações para salvar mandato

Longe dos holofotes desde que se afastou da presidência do Senado, Renan Calheiros deve reaparecer esta semana no Congresso para intensificar as articulações a fim de tentar salvar o seu mandato. Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal "O Globo", sua estratégia é conseguir a absolvição antes da votação da CPMF , pois avalia que será abandonado pelo governo logo depois.

A reportagem mostra que Renan também quer garantir a participação na articulação para indicar seu sucessor, caso tenha que renunciar à presidência definitivamente. Nas conversas com líderes do PMDB nos últimos dias, o presidente licenciado tem dito que tem poder de fogo para ajudar a eleger ou inviabilizar qualquer nome.

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