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Entrevista com Fernando Abrúcio, professor de Ciências Políticas da Fundação Getulio Vargas.

O governador Roberto Requião (PMDB) terá uma atuação importante na eleição deste ano, mas não exercerá um papel decisivo na sucessão para o governo do estado. Requião não vai ter a influência que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá no plano federal. A avaliação é do professor de Ciências Políticas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Fernando Abrúcio. Em entrevista à Gazeta do Povo, Abrúcio fez uma breve análise dos cenários políticos paranaense e nacional.

Para o cientista político, a tendência é que haja uma polarização entre PT e PSDB, no âmbito nacional, o que deve resultar, no Paraná, no lançamento de dois candidatos competitivos, Osmar Dias (PDT) e Beto Richa (PSDB). O governador Roberto Requião, nesse cenário, seria um cabo eleitoral de peso, mas não da mesma densidade do presidente Lula.

Abrúcio afirmou também que no plano nacional há alguns pontos importantes que estão indefinidos. Um deles, trata das alianças que o PT e o PSDB irão formar nos estados para garantir palanques fortes. "A federação brasileira é muito heterogênea, de modo que os palanques estaduais vão ter influência sobre essa polarização."

Como o senhor avalia o cenário político federal e as articulações que estão sendo construídas para a eleição de outubro?

A tendência é que ocorra mesmo a polarização entre PT e PSDB, mas há dúvidas em relação a três coisas. A primeira é sobre os palanques estaduais. A federação brasileira é muito heterogênea. Os palanques estaduais vão ter influência sobre essa polarização. Tão importante quanto os palanques estaduais será saber o quanto o presidente Lula consegue transferir de votos para a candidata Dilma Rousseff (ministra-chefe da Casa Civil). Pesquisas têm mostrado que o poder de transferências de votos do presidente é maior no Norte e no Nordeste. Mas ainda é muito cedo para avaliar, porque o número de indecisos é alto. É preciso fazer pesquisas com os indecisos para se saber qual será o potencial eleitoral de Dilma.

E qual será o quadro eleitoral no Paraná?

Também será de polarização. Mas é interessante, porque o governador Roberto Requião não fará o papel do presidente Lula. Ele não será o ator principal dessa polarização, mas será um ator importante. Requião terá im­­­portância na eleição estadual, mas não na mesma medida que o presidente Lula. Em algumas cidades do estado se vê alguma polaridade entre dois candidatos.

Como o senhor vê essa polarização das candidaturas no Paraná?

É provável que seja entre Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT). Acho que é o cenário mais provável. Ainda há algumas incógnitas, como montar as chapas a governador, como montar as coligações partidárias, quem serão os candidatos ao Senado. Além disso, o governador Requião não é a pessoa mais previsível do sistema político brasileiro. Acho difícil ele escapar da posição que tem hoje de se tornar um "eleitor" decisivo, a ponto de mudar os rumos de sua sucessão.

Por que isso ocorre com o governador Roberto Requião?

Se fosse permitido que concorresse novamente, poderia ser reeleito. Mas, o fato é que o governador não conseguiu construir seus sucessores.

Qual será o fator de maior relevância nas eleições de 2010?

Será o bem-estar social. O sentimento que os eleitores terão em relação à economia e ao emprego. Essa será a variável chave no plano nacional. Já nas eleições estaduais, há mais variáveis, porque o governo estadual tem tarefas distintas das do governo federal. Em alguns estados o peso da segurança pública é grande. Em outros, não. Isso tem de ser avaliado com muita calma.

Já é possível prever qual será o discurso usado pelos candidatos?

A candidatura de Dilma Rousseff deverá focar em algo que já apareceu na propaganda do PT neste ano, que diz: "Ele (Lula) nos deu o caminho". Ou seja, tem um discurso de continuidade. Já a oposição não pode olhar demais para o hoje, nem para o passado. Terá de mirar no futuro. Não vai poder fazer simplesmente um discurso de que vai melhorar o que existe. Vai ter de apontar o que exatamente vai melhorar.

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