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Governador volta a atacar Lerner

O governador Roberto Requião (PMDB) aproveitou o suspense criado em torno do sorteio do ônibus para atacar o governo anterior ao seu, no que chamou de uma "sessão nostalgia". A "escolinha" foi reservada para o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, fazer uma explanação sobre 20 ações e sentenças de desvio de recursos do Banestado, durante a administração de Jaime Lerner. Delazari não apresentou nenhuma novidade, só relembrou casos que já foram amplamente divulgados e que estão sendo investigados pela Justiça.

Com o título "memória da corrupção", no período entre 1995 e 2002, Delazari detalhou as ações movidas pelo Ministério Público Estadual contra o Banestado pelo envio ilegal de divisas através das contas CC-5, compra de créditos tributários podres, empréstimos a fundo perdido os casos Copel–Adifea, Copel–Tradene e Copel–Olvepar. Segundo ele, essas operações provocaram um prejuízo de R$ 5 bilhões aos cofres públicos.

O governador Roberto Requião (PMDB) aproveitou o relato de Delazari sobre a compra de títulos públicos para criticar a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) que continua aplicando multa mensal ao Paraná. "Na Justiça resolvemos o problema, mas a Secretaria se transformou num cartório de protestos de títulos do Itaú", disse. De acordo com o governador, o presidente Lula já teria dado um "pito" na STN. Requião espera uma solução para os próximos dias. Em março, o governo já havia anunciado que tinha resolvido o problema junto ao governo federal, com a suspensão da multa e a devolução ao estado de cerca de R$ 100 milhões que foram retidos pela STN.

Deputado critica brincadeira

O deputado Élio Rusch (DEM) afirmou ontem durante sessão da Assembléia Legislativa que o mais grave na brincadeira do sorteio de ônibus, do governador Roberto Requião (PMDB), foi ter enviado um convite oficial, por meio da Secretaria da Casa Civil, dizendo que o deputado sorteado deveria entregar o "prêmio" a um município a sua escolha. Rusch lembrou que nem o secretário da Casa Civil, Rafael Iatauro, sabia que era uma brincadeira.

Da bancada de oposição, Élio Rusch subiu à tribuna da Assembléia e fez críticas à atitude do governador. "No momento em que atravessamos uma crise de desmoralização das instituições, o governador sorteia um ônibus de brinquedo. Não existe mais respeito?", disse.

Como havia prometido, o governador Roberto Requião (PMDB) sorteou ontem um ônibus entre os deputados estaduais que participaram da reunião semanal do secretariado. Mas não se trata de um veículo de verdade e sim uma miniatura que foi sorteada entre seis aliados que estavam presentes na "escolinha". O ganhador foi Felipe Lucas (PPS), de Irati, que pretende entregar o ônibus para a prefeitura da sua cidade.

Há três semanas, durante a "escolinha", Requião reclamou da pouca presença de deputados e prometeu sortear um ônibus entre aqueles que comparecessem. Os deputados governistas chegaram a receber convites oficiais, na semana passada, anunciando o sorteio de um ônibus, que deveria ser repassado a um município da escolha do parlamentar. Depois de toda polêmica gerada pela entrega dos convites, ontem Requião tratou tudo como uma grande brincadeira. "Um pouco de humor não faz mal a ninguém", disse.

Ele disse que a idéia era atrair os deputados para que conheçam as políticas do governo. Diante da repercussão negativa do anúncio do sorteio, o próprio governador admitiu que a estratégia não foi adequada. "Estávamos tentando, de uma forma meio irônica é verdade, estabelecer laços mais firmes com a Assembléia Legislativa", disse.

Ainda deixou claro que não estaria incorrendo em ato de improbidade administrativa, o que ocorreria se utilizasse verba do governo para dar presentes a políticos. "Resolvi sortear o ônibus entre os deputados que comparecessem e alguns disseram que o ônibus era público, mas é meu e sendo meu faço dele o que bem entender".

Apesar do governador dar a entender que a intenção desde o início era doar uma miniatura, o chefe da Casa Civil Rafael Iatauro afirmou que quando distribuiu convites aos deputados pensou que o sorteio fosse sério. "Achei que não era brincadeira, estava inclusive providenciando a doação de um ônibus, que não seria comprado com dinheiro público", disse. Iatauro garantiu que a "brincadeira espirituosa" não onerou os cofres públicos e o governo não teve despesas com os convites. "Foi gasto só papel do meu bolso", assegurou.

Na última segunda-feira, a oposição tentou aprovar um requerimento na Assembléia Legislativa cobrando os gastos do governo com a impressão e distribuição dos convites aos deputados. O pedido foi barrado pela bancada governista.

Entrega

O governador reservou o sorteio para o final da reunião. Estavam presentes o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), Felipe Lucas (PPS), dr. Batista (PMN), Carlos Simões (PR), Cleiton Kielse (PMDB) e Teruo Kato (PMDB).

Ao anunciar o nome do ganhador, Requião disse que o ônibus estava enfeitando seu gabinete e que ganhou de presente da Rodopar, o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado do Paraná.

O deputado Felipe Lucas, que cumpre o primeiro mandato e participa com freqüência das reuniões semanais do secretariado, disse que preferia receber o presente que havia sido anunciado antes. "Podia ser de verdade porque Irati está precisando muito de um ônibus", afirmou.

Ao mesmo tempo que cobrou a presença dos deputados aliados e apoio às ações do governo, Requião avisou que não vai atender indicações políticas para cargos comissionados. A falta de atenção do governo às reivindicações dos aliados é uma das principais razões do descontentamento de parte da base aliada e vem se refletindo nas vitórias apertadas do governo nas votações de projetos de interesse do Executivo na Assembléia.

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