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Senado

Requião toma gravador à força e apaga entrevista

Repórter de rádio perguntava sobre aposentadoria de ex-governador, o que irritou o senador paranaense

Requião: parecer deve sair na terça-feira. | Waldenmir Barreto/Ag. Senado
Requião: parecer deve sair na terça-feira. (Foto: Waldenmir Barreto/Ag. Senado)

Perguntas sobre a aposentadoria de R$ 24,1 mil mensais que recebe como ex-governador do Paraná fizeram o senador Roberto Requião (PMDB) tomar o gravador das mãos de um repórter, ontem, no plenário do Senado. O para­­naen­­­se levou o aparelho para seu gabinete e depois o devolveu, sem o cartão de memória que continha o áudio da entrevista. Três horas depois, o cartão foi entregue ao jornalista, mas sem o arquivo ? à noite, o material acabou sendo publicado pelo peemedebista em sua página na internet. VÍDEO: Assista ao vídeo com a entrevista com o repórter que questionou o senadorÁUDIO: Ouça a entrevista que levou Requião a arrancar o gravador do repórter Victor Boyadjian, da rádio Bandeirantes, fazia entrevistas para uma reportagem sobre inflação. Um dos poucos presentes à sessão não deliberativa de segunda-feira à tarde, Requião foi questionado. Depois, o repórter passou a perguntar sobre a aposentadoria de Requião. ?Essa pensão que o senhor vem recebendo, ou pode receber, o senhor pretende abrir mão??, perguntou Boyadjian. No áudio, não é possível perceber qualquer agressividade. Requião respondeu que o benefício vinha sendo concedido aos ex-governadores paranaenses nos últimos 40 anos. ?Estou usando essa pensão para pagar as multas que me foram injustamente impostas?, justificou. O jornalista insistiu no tema e perguntou se o senador estaria disposto a abrir mão da aposentadoria para melhorar a situação econômica do estado. Nesse momento Requião tomou o gravador. O repórter disse que ?não estava mais gravando? e tentou recuperar o aparelho. ?Não vai desligar mais p... nenhuma. Vou ficar com isso aqui?, disse Requião. Depois, Boyadjian justificou: ?Achei que o senador queria pegar o gravador para falar em off [sem ser gravado]. Mas ele saiu rapidamente pelo corredor em direção ao gabinete dizendo que estava louco para bater num moleque.? O jornalista foi atrás de Requião e propôs a apagar a entrevista, desde que recuperasse o aparelho. ?Não fui ao gabinete dele porque pensei que poderia acontecer alguma coisa comigo. Afinal, ele me ameaçou.? Requião não deu entrevistas sobre o assunto. Decoro O Comitê de Imprensa do Senado e o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal prometem in­­­gres­­­sar hoje com uma representação na mesa diretora do Senado contra Requião por quebra de decoro parlamentar. São os diretores que vão decidir sobre o encaminhamento do processo para o Conselho de Ética, órgão que delibera sobre punições. Ontem à tarde, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), disse que ainda não havia tomado conhecimento do caso e que aparentava haver um ?mal entendido?. ?O senador Requião é um cavalheiro?, declarou Sarney. A expectativa do presidente do sindicato, Lincoln Macário, é que o senador pelo menos sofra uma advertência. O presidente do comitê, Fábio Marçal, afirmou que o episódio foi apenas mais uma situação de ?destempero? de Requião. Após perder o gravador, o repórter tentou prestar queixa à polícia do Senado, mas não conseguiu. Em seguida, foi à Corre­­­gedoria, novamente sem sucesso. Depois de receber de volta o gravador, o cartão de memória só foi entregue ao jornalista pelas mãos do filho do senador, Maurício Thadeu de Mello e Silva. Questionado pelos jornalistas, Maurício disse que ?não era político? e que não podia se justificar pelo pai. ?Estou aqui como filho.? Maurício trabalha no gabinete do primo, o deputado federal João Arruda (PMDB-PR). (AG) Interatividade Qual a sua opinião sobre a reação do senador contra o jornalista? Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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