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Senado

Requião usa ditados populares para apontar contradições do governo Dilma

Senador classificou privatizações, por exemplo, como “o pomo da discórdia” entre duas das principais forças políticas do país

Ao discursar no plenário do Senado na tarde desta quinta-feira (31), o senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez uma analogia entre ditados e citações populares e episódios recentes da política, da economia e da sociedade brasileira. Requião esclareceu que usou como base para seu discurso as pesquisas do folclorista Câmara Cascudo. O primeiro ditado citado pelo senador foi "fazer ouvidos de mercador". Requião explicou que, com o tempo, esse ditado "sofreu uma corruptela", pois a origem se referia ao marcador – que era o carrasco que marcava a ferro o escravo, sem atender aos gritos do marcado. O senador lembrou que, nas últimas semanas, houve muitos protestos contra o leilão do Campo de Libra e mesmo assim o leilão foi realizado. "Mesmo com tanta manifestação, o governo fez ouvidos de mercador, continuando a ferrar os interesses nacionais", disse Requião.

O senador lembrou que chegou a apresentar um projeto de decreto legislativo pedindo a suspensão da licitação do Campo de Libra. Mas o projeto, disse, ficou passando de comissão a comissão, até o leilão ser realizado. Assim, de acordo com Requião, o Senado foi um "maria vai com as outras". "Da montanha, pariu-se um rato", acrescentou, referindo-se ao fato de ter havido muita expectativa e apenas um grupo ter participado da disputa.

Requião ressaltou que na campanha de 2010 a então candidata Dilma Rousseff criticou o candidato José Serra, do PSDB, por ser "privatista". Mas no poder, continuou, o PT privatizou os portos, os aeroportos e até o petróleo. Para o senador, "o pomo da discórdia" é saber quem privatizou mais: tucanos ou petistas. "Petistas e seus aliados, supostamente de esquerda, são farinha do mesmo saco que tucanos e seus aliados, supostamente de direitas", afirmou, utilizando o conhecido dito popular que designa pessoas de comportamento igual ou semelhante.

O câmbio sobrevalorizado, os poucos investimentos, os governos estaduais falidos e a alta da inflação são evidências, segundo Requião, da atual fragilidade da economia brasileira. Mesmo assim, prosseguiu, o governo federal está vendo "passarinho verde", afastado da "dura realidade das coisas". Para ele, Dilma e equipe "ficam pensando na morte da bezerra", expressão que ele próprio traduziu como "estar alheio a tudo e deixar a vida passar sem reagir". Na opinião do senador paranaense, a política econômica da presidente Dilma Rousseff "já deu para o gasto" e não tem sido capaz de enfrentar a contento a crise mundial.

Requião chegou a questionar se o Congresso não passa de um "elefante branco", diante das imposições feitas pelo Executivo por meio de medidas provisórias. Para o parlamentar, aprovar a independência do Banco Central é como deixar "a raposa para cuidar das galinhas". Requião reconheceu as conquistas sociais e econômicas dos últimos anos, mas disse que o país pode perder tudo de uma vez se o governo continuar "tapando o sol com a peneira". Ele disse que o governo sempre destaca os avanços no salário mínimo e os efeitos positivos de programas como o Bolsa Família e o Prouni quando recebe alguma crítica, mas não se dá conta das situações que exigem mudanças de rumos. "Repetir isso a toda crítica que se faça é transformar os avanços em nhém nhém nhém ou conversa pra boi dormir", observou o senador.

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