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José Viegas, embaixador do Brasil na Itália, diz que não podia ter “discriminado” assessora de Lula | Roosevelt Pinheiro/ABr
José Viegas, embaixador do Brasil na Itália, diz que não podia ter “discriminado” assessora de Lula| Foto: Roosevelt Pinheiro/ABr

A ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha usou sua influência para se hospedar na embaixada do Brasil em Roma, na Itália, em viagem não oficial, segundo relatório da comissão especial da Presidência da República obtido pela revista Veja.

Denunciada no fim do ano passado pelo Ministério Público Federal (MPF) por formação de quadrilha, tráfico de influência e corrupção passiva, Rosemary foi alvo de investigação solicitada pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Ao ter acesso ao relatório, a ministra determinou a instauração de processo administrativo contra a ex-funcionária e recomendou que o Itamaraty apurasse o episódio.

Técnicos responsáveis pela produção do documento também recomendaram que Rose seja investigada por suspeita de enriquecimento ilícito, crime que os advogados da ex-servidora, Fábio Medina Osório e Aloísio Zimmer Júnior, negam ter ocorrido. Eles também sustentam que viagens e contatos de sua cliente "tiveram natureza legítima".

E-mails obtidos pela Pre­­­sidência mostram que Rosemary foi convidada pelo então embaixador do Brasil na Itália, José Viegas, a ficar hospedada no Palazzo Pamphili com o marido, em viagem realizada em 2010.

Com ajuda da Con­­tro­­­ladoria-Geral da União, os técnicos do governo apuraram que a ex-chefe de gabinete não estava a trabalho em Roma, de acordo com o relatório. Por isso, entenderam que a estada nas dependências diplomáticas poderia ser considerada um caso de apropriação particular do patrimônio público e recomendaram ao Itamaraty a apuração do episódio.

À revista, o ex-embaixador do Brasil na Itália, José Viegas, disse que não poderia "discriminar quem chega com dinheiro público ou privado" à embaixada.

Depoimentos de funcionários, mensagens eletrônicas trocadas por Rose e registros em agendas e livros de visitantes do escritório da Presidência da República em São Paulo trazem indícios de que a funcionária usava a influência e a intimidade que desfrutava com o ex-presidente Lula para obter vantagens indevidas, de acordo com a revista.

Advogados de Rose, Osório e Zimmer conseguiram recentemente a suspensão de depoimentos que seriam coletados no processo, para que tivessem acesso aos autos e colhessem informações "necessárias ao direto de defesa de Rosemary", informaram neste fim de semana à reportagem. Eles pediram a anulação da sindicância, por entender que houve "cerceamento de defesa" de Rose.

"Rosemary não foi ouvida na sindicância, na medida em que camuflaram sua condição de investigada, chamando-a de testemunha e, com isso, negaram acesso aos autos por parte do anterior defensor constituído", afirmaram.

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