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José Sarney: oficialmente a medida anunciada ontem pretende facilitar mudanças administrativas no Senado | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
José Sarney: oficialmente a medida anunciada ontem pretende facilitar mudanças administrativas no Senado| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Manobra para retirar o Senado da berlinda revelou ontem o tamanho da caixa-preta administrativa da Casa. Na véspera de anunciar uma ampla reforma administrativa, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), determinou que os diretores da Casa entregassem seus cargos. A ordem atingiu 131 diretores.

Na prática, isso significa o afastamento de servidores que ocupam posições de destaque na estrutura, como a secretária-geral da Mesa, Claúdia Lira, e o diretor-geral, Alexandre Gazineo, que está interinamente na vaga de Agaciel Maia. A decisão foi tomada subitamente pelo senador, que está sob clima de pressão, e comunicada à tarde a outros integrantes da Mesa Diretora. Com a iniciativa, Sarney surpreendeu os colegas e recebeu elogios até mesmo de adversários.

Manobra

O excesso de cargos de diretores foi uma artimanha criada por Agaciel Maia como forma de aumentar o salário para os protegidos dos senadores. O então diretor-geral mudou o status de todos os secretários e subsecretários que passaram a ser diretores, inchando a estrutura do Senado. Um dos cargos de diretor ganha cerca de R$ 2 mil como gratificação, além do salário.

Nos bastidores, o afastamento dos diretores está vinculado à onda de denúncias que atingem o Senado desde que Sarney assumiu o cargo, no início de fevereiro. Nesse período, dois diretores da Casa pediram exoneração após denúncias de envolvimento em irregularidades. Há duas semanas, Agaciel Maia, então diretor-geral do Senado, deixou o cargo após o jornal Folha de S.Paulo revelar que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões.

Na semana passada, o diretor de Recursos Humanos do Senado, José Carlos Zoghbi, pediu exoneração depois de ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso.

Reportagem também mostrou que cerca de 3 mil funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. O Ministério Público Federal cobrou ontem explicações de Sarney sobre o pagamento das horas extras trabalhadas no recesso.

Na segunda-feira, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), filha do presidente da Casa, foi acusada de usar passagens aéreas do Senado para transportar amigos e parentes do Maranhão para Brasília. O grupo teria se hospedado na residência oficial do Senado, embora o parlamentar não esteja ocupando o local desde que assumiu a presidência da Casa.

Reportagem do jornal O Globo também mostrou que familiares de servidores da Casa estariam empregados em empresas que prestam serviços terceirizados ao Legislativo. Pelo menos três diretores da Casa e duas empresas estariam envolvidos no esquema. Uma das empresas, a Aval, tem como responsável José Carvalho de Araújo – empresário que foi preso pela Polícia Federal na Operação Mão-de-Obra, acusado de fraudes em licitações do Senado. Segundo a reportagem, estima-se que 90% dos servidores que trabalham em empresas terceirizadas do Senado têm parentesco com funcionários do Senado.

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