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Roberto Requião e José Sarney no plenário do Senado: acordo beneficiou paranaense, que ganhou um funcionário pago pela presidência da Casa | Waldemir Barreto/Ag. Senado
Roberto Requião e José Sarney no plenário do Senado: acordo beneficiou paranaense, que ganhou um funcionário pago pela presidência da Casa| Foto: Waldemir Barreto/Ag. Senado

Outro lado

Assessor de senador afirma que troca não é ilegal

O presidente do Senado, José Sarney, e o senador Roberto Requião, ambos do PMDB, não comentaram sobre a troca de favores entre os gabinetes para que Luciana Teixeira Gallerani, mulher do secretário da Segurança Pública do Paraná Reinaldo de Almeida César Sobrinho, pudesse morar em Curitiba. Os dois foram procurados para comentar o assunto por meio das respectivas assessorias de imprensa e nenhum deles respondeu aos questionamentos.

O assessor de imprensa de Requião, José Benedito Pires Trindade, disse não ter ficado constrangido com a situação funcional dele. O ex-secretário de Comunicação precisou sair do gabinete do senador paranaense para "abrir" uma vaga a Luciana e, atualmente, está contratado pela presidência do Senado cedido a Requião. "Claro que não me incomoda, por que me incomodaria? Estou cedido a ele [Requião] e presto serviço a ele, como prestava antes." Ele ressaltou que não há nenhuma irregularidade. "Nada disso é ilegal, nada disso é clandestino."

Luciana e o marido, o secretário de Segurança, também foram procurados, mas não retornaram os pedidos de entrevista. Na sexta-feira, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança informou que César Sobrinho estava em Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais, em uma audiência pública. Ele não retornou o telefonema.

A reportagem da Gazeta do Povo ligou na sexta-feira pela manhã para o escritório político de Requião, em Curitiba, para falar com Luciana. Uma funcionária do escritório informou que ela não estava, mas que iria trabalhar no período da tarde. No entanto, no fim da tarde de sexta-feira a mesma funcionária disse que Luciana não tinha ido trabalhar porque teria levado a mãe ao médico.

Washington Alves da Rosa, funcionário também do Senado e coordenador do escritório político de Requião em Curitiba, explicou por e-mail que Luciana "trabalha no setor de contatos com a comunidade e cuida das correspondências do senador e das redes sociais (site, blog, Facebook, Twitter etc). E que [ela dá] expediente normal, das 8 às 18 horas". (KK e HC)

Uma troca de favores envolvendo funcionários do senador paranaense Roberto Requião (PMDB) e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), beneficiou diretamente um aliado do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), – o atual secretário estadual da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César Sobrinho.

O acordo previa o seguinte: a funcionária da presidência Lu­­ciana Teixeira Gallerani, mulher de César Sobrinho, passaria a trabalhar com Requião e, em contrapartida, José Benedito Pires Trin­dade, assessor de imprensa do senador e ex-secretário estadual da Comunicação, sairia do gabinete do político paranaense para dar expediente na presidência do Senado. O "troca-troca" permitiu que Luciana fosse destacada para trabalhar no escritório político de Requião em Curitiba, podendo morar com o marido.

Caso permanecesse como servidora da presidência, ela teria de dar expediente na sede do Senado. A troca foi possível porque Pires também trabalha no Se­nado, em Brasília. O regimento interno da Casa veda a cessão de funcionário lotado na administração para trabalhar em escritórios políticos dos senadores nos estados.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Pires explicou os bastidores da troca e afirmou que a única intenção era permitir que Luciana pudesse morar em Curitiba ao lado da família sem perder o cargo no Senado.

"Ela [Luciana] estava vinculada à presidência. O marido foi nomeado secretário da Segurança e mudou-se para Curitiba. Ela queria, então, ser deslocada para o gabinete de algum senador do Paraná, que possibilitasse, assim, sua transferência para o Paraná", explicou Pires. "A presidência [do Senado] solicitou isso ao senador [Requião], que concordou em fazer a troca. O Sarney conversou com o Requião e o Requião disse que não haveria nenhum obstáculo da parte dele para que ela trabalhe em Curitiba. Nada disso é ilegal, nada disso é clandestino", completou.

Requião acabou ganhando mais um cargo em seu gabinete. Além de poder contar com os serviços de Luciana, o senador paranaense continua tendo Benedito Pires como seu assessor de imprensa. Isso porque Sarney cedeu o funcionário para que ele permanecesse trabalhando com Requião. O salário do assessor é pago pela presidência do Senado. A assessoria da instituição explicou que não há qualquer ilegalidade na cessão funcional de Pires.

Em maio deste ano, o acordo foi selado e publicado no Diário Ofi­­cial da União. O ato da presidência número 89 exonera Luciana e, no mesmo dia, a contrata para trabalhar com Requião. O ato 90 exonera Bendito Pires e o nomeia na presidência para logo depois ser cedido para trabalhar com Requião. Com a troca de cargos, Pires e Luciana não tiveram perdas nem ganhos salariais. De acordo com a tabela de remuneração do Senado, o vencimento para o cargo de as­­sessor técnico SF02 é de R$ 5,8 mil por mês, podendo chegar até R$ 16,3 mil com gratificações.

A proximidade entre Requião e Reinaldo de Almeida César So­­brinho é antiga. O secretário já trabalhou como chefe de gabinete de Requião de março a dezembro de 1991, durante o primeiro mandato do peemedebista no Palácio Iguaçu.

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