Brasília e Caracas, Venezuela - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu ontem sinais de que pode retardar a votação, no plenário do Senado, do ingresso da Venezuela no Mercosul. Sarney reiterou sua posição contrária à entrada do país vizinho no bloco econômico por causa das práticas antidemocráticas adotadas pelo presidente Hugo Chávez. Apesar de considerar necessário ao país ingressar no Mercosul, Sarney disse que a cláusula democrática do bloco econômico precisa ser respeitada.
A base aliada de Lula pretende pôr o ingresso da Venezuela em votação no plenário já na semana que vem (na quinta-feira, a proposta foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores). Mas a definição da pauta é uma atribuição de Sarney.
"A Venezuela é uma coisa, o governo da Venezuela é outra. A Venezuela será sempre bem-vinda ao Mercosul. Quando ele foi criado, o objetivo era atingir toda a América Latina e a América do Sul, principalmente. Mas o que está acontecendo é que o atual governo da Venezuela está tomando medidas que atingem a cláusula democrática", afirmou Sarney.
O presidente do Senado disse que a manutenção da cláusula democrática do Mercosul é essencial para o bloco. "Eu acho que essa cláusula é muito importante porque foi responsável pela redemocratização de quase todos os países da América do Sul. Ela é muito importante", afirmou.
Se o protocolo for aprovado pelo plenário do Senado, o Paraguai será o único país do bloco econômico que ainda não terá concluído a análise do ingresso da Venezuela no Mercosul. A Argentina e o Uruguai já aprovaram o protocolo de adesão, mas caberá ao Paraguai.
Já o presidente Lula elogiou a decisão do Congresso de aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul e disse esperar que todos os demais países da América do Sul venham a aderir ao bloco. "Estou convencido que o senadores brasileiros, depois das discussões já realizadas, amadureceram suas decisões", disse Lula.
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