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SC “descobre” o segredo do cofre

Governo catarinense consegue agilizar empréstimos para investimentos apostando no empenho pessoal do governador e no monitoramento de pendências com o governo federal

Raimundo Colombo (PSD), governador de Santa Catarina chega a viajar a Brasília para, pessoalmente, pegar assinaturas para obter empréstimos | Roberto Scola/ Diario Catarinense-
Raimundo Colombo (PSD), governador de Santa Catarina chega a viajar a Brasília para, pessoalmente, pegar assinaturas para obter empréstimos (Foto: Roberto Scola/ Diario Catarinense-)

Na noite de 17 de dezembro do ano passado, faltava apenas uma assinatura para que dois empréstimos internacionais que somam R$ 2 bilhões para o estado de Santa Catarina pudessem ser apreciados pelo Senado. Para driblar a burocracia, o governador Raimundo Colombo (PSD) foi pessoalmente à casa do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, em Brasília, e conseguiu o autógrafo que validou o documento. No dia seguinte, com apoio do antecessor e agora senador, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), a proposta foi colocada em votação e aprovada.

INFOGRÁFICO: Veja como estão os investimentos e os pedidos de empréstimos feitos por PR e SC a partir de 2011

Na mesma sessão, estava em pauta um empréstimo de R$ 700 milhões do Banco Mundial para o Paraná. Acabou não sendo votado devido a uma intervenção do senador e também ex-governador, Roberto Requião (PMDB). O aval do Senado só saiu três meses depois, quando Requião viajava pela Europa.

Os dois episódios ilustram a trajetória recente dos governos do Paraná e de Santa Catarina em busca de recursos em Brasília. Espremidos por orçamentos engessados, altamente comprometidos com despesas de pessoal e custeio, ambos apostam em empréstimos bilionários para viabilizar investimentos. Os catarinenses têm conseguido resultados mais cedo.

Desde 2011, o governador Beto Richa (PSDB) começou a negociar nove empréstimos com organismos nacionais e internacionais que totalizam R$ 3,88 bilhões. Até agora, conseguiu a liberação de um acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de R$ 131 milhões, e ainda espera pelos últimos detalhes da negociação de R$ 700 milhões com o Banco Mundial. O empréstimo que envolve os valores mais altos, de R$ 817 milhões do Banco do Brasil, está emperrado na Secretaria do Tesouro Nacional (STN) desde dezembro – segundo ofício do órgão, porque o governo estadual não comprovou o cumprimento dos limites de despesa com pessoal previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Até a última segunda-feira, o Paraná também era a unidade da federação com mais pendências no Cadastro Único de Convênios (Cauc), espécie de "serviço de proteção ao crédito (SPC)" do governo federal. Dos 14 itens aferidos pelo sistema, o estado não comprovava seis. O secretário da Casa Civil, Reinhold Stephanes, pediu um prazo de 30 dias para resolver os problemas, que, segundo ele, foram herdados da gestão Requião.

O mesmo levantamento, publicado pela Gazeta do Povo na quarta-feira, apontou que apenas cinco estados não tinham pendências no Cauc. Um deles era Santa Catarina, que desenvolveu em 2009 um sistema eletrônico para evitar problemas com o cadastro. Desde 2011, o estado tenta arrecadar R$ 6,769 bilhões por meio de sete empréstimos – e já viabilizou R$ 2,603 bilhões (38%).

Porta a porta

"Tem que botar a papelada embaixo do braço e ir de lugar em lugar, de porta em porta. Não pode desanimar", descreveu Raimundo Colombo, em entrevista à Gazeta do Povo. Em 2012, ele viajou 23 vezes a Brasília e conheceu os meandros da máquina federal.

Assim como Richa, Colombo fez carreira na oposição às gestões federais do PT. Em 2010, foi eleito pelo DEM e no ano seguinte migrou para o PSD – partido da base aliada de Dilma Rousseff. Hoje, diz não ver interferência política na liberação dos empréstimos.

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